Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A última década ficou marcada por uma descida dos salários dos trabalhadores da indústria de vestuário nos principais países exportadores, incluindo no Bangladesh e no Camboja. Neste grupo, a China, onde os salários mais do que duplicaram, parece ser a grande exceção.  

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10 anos de salários em queda

O salário dos trabalhadores da indústria de vestuário nos principais países exportadores caiu em termos reais na última década – com a exceção da China, onde os salários mais do que duplicaram.

As conclusões fazem parte de um novo relatório do Centro para o Progresso Americano e Consórcio dos Direitos dos Trabalhadores, que analisa os salários dos trabalhadores da indústria de vestuário nos 15 maiores países exportadores entre 2001 e 2011.

Sem qualquer surpresa, as tendências nos salários dos trabalhadores parecem espelhar também as mudanças na popularidade dos países fornecedores.

Na maior parte dos casos – incluindo o Bangladesh e o Camboja, onde o pagamento aos trabalhadores está entre o mais baixo do mundo –, os salários estagnaram ou caíram no período de 10 anos. O relatório “Tendências Mundiais de Salário para Trabalhadores do Vestuário” encontrou ainda uma diferença maior entre os salários prevalecentes – os salários pagos em geral a um trabalhador médio – e os salários de sobrevivência.

«Embora estes trabalhadores possam não viver em absoluta pobreza, vivem com rendimentos que não lhes dão a eles e às suas famílias nutrição adequada, habitação decente e outras necessidades básicas de uma existência humana e digna», afirma o estudo.

Medidos em termos reais, os salários desceram em cinco dos 10 principais exportadores de vestuário para os EUA: Bangladesh, México, Honduras, Camboja e El Salvador.

O México registou o maior declínio, com uma quebra de 28,9% do poder de compra dos trabalhadores – que coincidiu com a saída do país como principal fonte de importação de vestuário dos EUA em 2001, com quase 15% das importações, para o quinto maior fornecedor de vestuário em 2011, com uma quota de mercado ligeiramente inferior a 5%.

Já o Bangladesh e o Camboja aumentaram a sua quota de exportação de vestuário para os EUA, com os salários a baixarem 2,4% no Bangladesh e 19,1% no Camboja. Em 2011, o Camboja e o Bangladesh tinham os menores salários mensais prevalecentes para trabalho consecutivo em comparação com os restantes principais exportadores de vestuário dos EUA, em cerca de 70 e 50 dólares (53 e 38 euros), respetivamente.

Nos países onde os salários reais aumentaram de 2001 a 2011, os trabalhadores do vestuário na Índia registaram ganhos de 13%, uma média de 1,3% ao ano em termos reais. A Indonésia verificou um aumento de 28,4% e o Vietname de 39,7%.

Apenas na China os salários reais dos trabalhadores do sector do vestuário aumentaram, a uma taxa que irá levar os trabalhadores ao ponto de receberem um salário de sobrevivência na próxima década, concluiu a pesquisa.

Os salários dos trabalhadores chineses da indústria de vestuário mais do que duplicaram em termos reais, com um aumento de 129,4% – com o país a mais do que triplicar a sua quota de mercado nos EUA, de 10,2% em 2000 para quase 38% em 2011.

A principal razão pela qual os salários aumentaram na China é que o governo aumentou substancialmente os salários mínimos obrigatórios, em parte para limitar a instabilidade laboral. Mas o relatório também sublinha que os centros industriais na China, onde os trabalhadores beneficiaram destes ganhos, já registaram uma quebra da produção de vestuário, com os produtores a mudarem as suas unidades de produção e os compradores a transferirem as suas encomendas para zonas com salários mais baixos, tanto dentro da China como noutros países.

Os autores do relatório pedem «ações significativas» dos governos, marcas e retalhistas para aumentar os salários mínimos, pagar os preços justos às fábricas e dar aos trabalhadores a liberdade para formar sindicatos e negociar coletivamente.
 http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/42712/xmview/...

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