Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI


Fechamento das portas da maior unidade de industrialização de valor agregado da área têxtil em Mato Grosso é reflexo da fragilidade do setor no Estado

Diego Fredericci

2015 marca crise no setor têxtil em Mato Grosso
 

Não é segredo que Mato Grosso é conhecido no Brasil e no mundo por sua agricultura e pecuária extensiva. Maior produtor de soja e milho no país, e registrando em 2014 a maior produção de bovinos entre todas as unidades federativas, o Estado possui na industrialização seu “Calcanhar de Aquiles”, a despeito da oferta e da proximidade com todos esses bens primários produzidos por aqui. O setor têxtil não é exceção, e o fechamento da maior unidade fábril de valor agregado dessa atividade econômica é seu principal sintoma.

Fundada em 1950 na cidade de Jaguaruana, no Ceará, a Santana Textiles encheu de esperanças o principal polo industrial de Mato Grosso – á frente até mesmo de Cuiabá, quando o assunto é PIB industrial -, realizando uma ação aparentemente óbvia para aqueles que defendem a proximidade geográfica entre regiões produtoras de commodities, nesse caso o algodão, e organizações de beneficiamento que poderiam dar ainda mais valor ao trabalho dos cotonicultores estaduais: o município de Rondonópolis (216 km da Capital).

O sonho, entretanto, durou menos do que todos esperavam. Implantada em 2006 em Rondonópolis, a Santana Textiles, que já se encontrava em recuperação judicial e que desde o início de 2015 havia praticamente desativado sua produção, encerrou definitivamente as atividades no dia 11 de maio deste ano, demitindo 500 colaboradores. 

O fechamento é um indício de que não basta ter oferta abundante de matérias primas sem uma política pública eficiente de industrialização, mão de obra qualificada ou consumidores que possam absorver a produção dessas empresas. Dados da Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão (AMPA) apontam que mesmo com a queda de 20% da área de plantio da pluma no Estado em comparação com a safra 2013/2014, ainda assim, Mato Grosso irá responder por 57% da colheita de algodão no país, referentes ao ano agrícola 2014/2015.

A indústria têxtil no Estado é muito tímida na comparação com outras unidades federativas. A reportagem da edição 543 do Circuito Mato Grosso, do último dia 2 de julho, expôs alguns números da Pesquisa Industrial, estudo publicado em 2014 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento apontou que a preparação e fiação de fibras de algodão (exceto vestuário) movimentou R$ 12,75 bilhões no Brasil. Porém, Mato Grosso foi responsável apenas por 3,38% desse valor, atingindo o montante de R$ 431,7 milhões.

O estudo afirmou também que o Brasil possui 5.474 empresas ativas na fabricação de produtos têxteis com cinco ou mais pessoas ocupadas, resultando na média de 246.549 assalariados. Desse total, Mato Grosso possui apenas 61 organizações que detém esse número mínimo de colaboradores, totalizando 2.182 pessoas ocupadas. 

Esse número de trabalhadores e de indústrias é mais uma evidência que expõe a limitação do alcance da oferta abundante de um bem primário quando se quer industrializar uma região, ou Estado. O Ceará, por exemplo, destinou a cotonicultura apenas 1,8 mil hectares – 0,3% da área utilizado pelos produtores de Mato Grosso, que foi de 564 mil hectares para a safra 2014/2015. 

Entretanto, o desenvolvimento industrial da unidade federativa do nordeste é bem mais expressivo e conta com 145 empresas com cinco ou mais colaboradores só no setor têxtil, exceto vestimentas, empregando 15.774 pessoas, de acordo com o estudo do IBGE.

Circuito Mato Grosso não encontrou nenhum representante da Santana Textile na sede da empresa, no Ceará, para comentar as demissões ou a paralização das atividades em Rondonópolis.

Setor industrial retrai em Mato Grosso

A produção industrial em Mato Grosso caiu 4,9% em maio na comparação com o mesmo mês de 2014. A informação é da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Regional, levantamento produzido pelo IBGE.

O setor de produtos químicos derrubaram os indicadores no mês de maio, com destaque para produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, registrando queda de 22,7%, em especial, pela baixa produção de álcool etílico. Outros gêneros dessa indústria apontaram retração de 42,4%, além de produtos de madeira e minerais não-metálicos, que anotaram redução de 17,6% e 19,2%, respectivamente.

No acumulado de janeiro a maio de 2015, a queda da produção industrial apresenta ligeira baixa, 0,7%. Além de Mato Grosso, Goiás é o único Estado do Centro-Oeste que figurava na lista do IBGE e também registrou queda, 1,3%, nesse período.

http://circuitomt.com.br/editorias/economia/70965-2015-marca-crise-...

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