Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Camisetas com etiqueta orgânica Entenda mais sobre a moda sustentável Foto: Stock Photos

Este artigo foi produzido pela equipe editorial do CNN Style em parceria com a Fashion Revolution, uma campanha internacional sem fins lucrativos por uma indústria da moda limpa, segura, justa, transparente e responsável.

Comprar de marcas ecológicas não é a melhor maneira de adotar um estilo sustentável. Suas devoluções online não terminam onde você pensa que estão. Investir em moda de luxo em vez de moda rápida não impede necessariamente a exploração de trabalhadores.

Erros comuns sobre moda ética e sustentabilidade podem impedir os consumidores de realizar ações significativas no que diz respeito a seu estilo de vida. Aqui estão nove mitos comuns e os fatos atrás de cada um.

Erros comuns sobre moda ética e sustentabilidade podem impedir os consumidores de realizar ações significativas no que diz respeito a seu estilo de vida. Aqui estão nove mitos comuns e os fatos atrás de cada um.

 

MITO: Comprar de marcas “ecologicamente corretas” ou "sustentáveis" é a melhor maneira de reduzir sua pegada de carbono com o vestuário

VERDADE: A melhor maneira de reduzir sua pegada é comprar menos. Tire o máximo proveito de seu guarda-roupa atual consertando ou alterando roupas velhas, estilizando peças gastas e trocando itens com amigos ou fazendo reuniões (após a pandemia) para trocas. Se você precisar comprar um novo item, tente encontrá-lo de segunda mão. Algumas empresas até oferecem programas de conserto, como o ‘Worn Wear” da marca norte-americana Patagonia, ou ajudam a revender peças usados. Pesquisar marcas sustentáveis é útil, mas comprar algo novo deve ser a última opção, não a primeira.

 

MITO: A moda de luxo é mais sustentável do que a moda rápida

VERDADE: Gastar dinheiro com moda de luxo não garante sustentabilidade. Algumas casas de moda, incluindo a Burberry, fazem desfiles “neutros em carbono”. A Gucci também afirmou recentemente que suas operações ficaram totalmente neutras em carbono. A Stella McCartney tem trabalhado em direção a práticas mais verdes por anos e é uma das marcas que assinou um Carta da ONU para Ação Climática da Indústria da Moda, comprometendo-se a reduzir as emissões coletivas de carbono em 30% até 2030. Mas o setor de luxo ainda tem muito trabalho a fazer. Um relatório divulgado no início deste ano pela Ordre, empresa especializada em showrooms online, revelou como as semanas de moda são de fato insustentáveis. Ao medir a pegada de carbono dos compradores de moda de 2.697 marcas de varejo e 5.096 designers de peças prontas para usar que participaram de semanas internacionais de moda durante um período de doze meses, o relatório descobriu que as 241 mil toneladas de gás carbônico (ou equivalente em gases de efeito estufa) emitidas representam a mesma quantidade da de um país pequeno, ou a energia suficiente para manter as luzes acesas em 42 mil residências por ano.

 

MITO: Quanto mais cara a roupa, menos provável que os trabalhadores tenham sido explorados

VERDADE: Na verdade, muitas marcas premium e de preços médios produzem nas mesmas fábricas que as marcas de descontos e fast fashion. Isso significa que tudo, dos direitos dos trabalhadores às condições em que trabalham, pode ser exploratório, independentemente do preço. Além do mais, o preço de uma roupa não garante que os trabalhadores sejam pagos de forma justa, porque o custo da mão de obra representa apenas uma pequena fração dos custos totais de produção.

 

MITO: Doar roupas velhas é uma forma sustentável de limpar seu armário

VERDADE: Embora instituições de caridade e brechós distribuam ou vendam uma parte das roupas que recebem, suas roupas doadas provavelmente acabarão sendo enviadas para o exterior para mercados de revenda em países mais pobres, o que pode impactar negativamente as indústrias locais ou lotar os aterros sanitários. Apenas 10% das roupas dadas a brechós são realmente vendidas. Só os EUA enviam 450 milhões de toneladas de roupas usadas por ano para outros países. A África recebe 70% das roupas de segunda mão globais.

Um projeto de pesquisa feito em 2016, intitulado “Roupas de homens brancos mortos”, descobriu que em Kantamanto, o maior mercado de peças de segunda mão de Gana, 15 milhões de itens são descarregados a cada semana. A equipe responsável pela pesquisa concluiu que 40% das roupas em cada fardo se transformam em lixo, jogado em aterros já transbordando, no Golfo da Guiné, ou queimado nas favelas de Acra.

 

MITO: Marcas que promovem a sustentabilidade são sustentáveis

VERDADE: "Sustentabilidade" e outros termos chamativos de greenwashing (ou “banho verde”) podem ser mal utilizadas para atrair consumidores ávidos por reduzir seu impacto ambiental no planeta. A ferramenta pesquisa de moda Lyst relatou em 2019 que viu um aumento de 75% nos termos de pesquisa relacionados à sustentabilidade em comparação com o ano anterior. “Faltam critérios objetivos para classificar a moda sustentável”, afirmou Saskia Hedrich, da McKinsey's, à CNN. E usar materiais reciclados ou buscar a neutralidade de carbono nem sempre é suficiente. “Uma vez que a sustentabilidade abrange uma ampla gama de questões na cadeia muito fragmentada de suprimentos da moda, outros consumidores muitas vezes não entendem totalmente o que ‘sustentabilidade’ realmente significa”.

 

MITO: A maioria das roupas pode ser reciclada

VERDADE: As roupas podem ser difíceis de reciclar, em parte por causa de como são feitas. Por um lado, muitos tecidos são feitos de mesclas (de algodão e poliéster, por exemplo), que devem ser separados para que o material seja transformado em uma nova vestimenta. Nos EUA, menos de 14% das roupas e sapatos descartados acabam sendo reciclados. Mas “reciclagem” também é um termo amplo que pode ser dividido em “downcycling” (virando produto de menor valor) e “upcycling” (maior valor), e a diferença é importante. As roupas recicladas muitas vezes acabam como fibras usadas para isolamento doméstico ou tapetes. Na Europa, menos de 1% das roupas coletadas são realmente recicladas em novas roupas, de acordo com a Circle Economy.

 

MITO: Não vale a pena consertar roupas baratas.

VERDADE: Consertar um item de moda rápida pode significar gastar o que você pagou por ele, mas manter as roupas em uso é a melhor coisa que você pode fazer para reduzir sua pegada de carbono. Você também pode aprender a fazer pequenos reparos em casa para manter os custos baixos, incluindo a substituição de botões, consertar zíperes quebrados, reparar costuras soltas e fazer barras e bainhas em calças.

 

MITO: Suas devoluções online são revendidas para outros clientes

VERDADE: Suas devoluções podem acabar incineradas ou em aterros. Geralmente é mais barato para as empresas descartar as devoluções do que inspecioná-las e embalá-las novamente, e as marcas podem não querer doar os itens por medo de barateá-las ou prejudicar sua exclusividade. Em 2019, um relatório da CBC destacou essa prática, apontando que o volume de devoluções online também aumentou 95% nos últimos cinco anos.

 

MITO: Suas roupas são do país que aparece na etiqueta

VERDADE: Suas roupas podem ter sido montadas naquele país, mas a etiqueta não revela a complexa cadeia de trabalho que envolveu sua fabricação. “Sua etiqueta não vai dizer em país no qual o algodão foi cultivado, onde a fibra foi transformada em um fio, onde o fio foi tecido ou onde foi tingido e estampado”, afirmou o relatório da Fashion Revolution “How to Be a Fashion Revolutionary” (“Como ser um revolucionário da moda”, sem tradução em português). “Ela não diz de onde vieram os fios, tintas, zíperes, botões, contas e outros recursos.” Para incentivar as marcas a serem transparentes sobre suas cadeias de suprimentos, a Fashion Revolution tem promovido a hashtag #whomademyclothes? (#quemfazminhasroupas?), pedindo aos usuários que identifiquem as marcas em selfies mostrando as etiquetas de roupas visíveis.

(Texto traduzido. Leia o original em inglês).

Jacqui Palumbo da CNN

https://www.cnnbrasil.com.br/estilo/2020/09/23/9-mitos-comuns-sobre...

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