Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Maior empresa química do mundo, a gigante alemã reforça o investimento em todas as linhas do seu portfólio para alcançar uma receita de € 9 bilhões na América do Sul até 2025.

Diversificação: Ralph Schweens, CEO da Basf na América do Sul, enxerga potencial em diferentes segmentos na região
Diversificação: Ralph Schweens, CEO da Basf na América do Sul, enxerga potencial em diferentes segmentos na região ( foto: Fernando Martinho)

Como um bom e típico alemão, Ralph Schweens, 52, não nega suas raízes. Em pouco mais de meia-hora de conversa, em nenhum momento, ele altera seu tom de voz. A fala séria, sóbria e sem rodeios remete diretamente ao perfil clássico de seus conterrâneos. Prestes a completar três anos à frente da Basf na América do Sul, o executivo e seu estilo simbolizam a estratégia da companhia para a região. À parte do cenário de desaceleração da economia, a gigante alemã, uma das 100 maiores empresas do País, segundo o anuário AS MELHORES DA DINHEIRO, mantém intacto o plano de investimentos de € 1,2 bilhão de euros na operação para o período de 2013 a 2017.

Com o objetivo de alcançar um faturamento de € 9 bilhões até 2025, grande parte dessa cifra está sendo destinada ao Brasil, responsável por 60% dos negócios da Basf no continente. “Às vezes, é preciso subir a montanha acima das nuvens e olhar mais à frente”, diz Schweens. “Não vamos mudar definitivamente nada do que planejamos.” Presidente da Associação Brasileira da Indústria Química, Fernando Figueiredo entende que a visão de longo prazo da Basf é acertada. “A indústria química vem mantendo a média histórica de crescer 25% acima do PIB no Brasil”, afirma. Em 2015, o setor movimentou US$ 112 bilhões no País. “Esse cenário só é possível pelo fato de esse mercado dialogar com diversos segmentos da economia.”

De olho nesse contexto, a Basf está direcionando investimentos para todas as frentes do seu amplo portfólio. As ofertas incluem desde a marca de tintas Suvinil até defensivos agrícolas. O investimento mais recente é a fábrica de acrilato de 2-Etilhexila, em Guaratinguetá (SP). Em operação desde o início de agosto, a unidade produz matéria-prima para a indústria de adesivos e revestimentos e é a primeira da companhia nessa categoria na América do Sul. Até então, o insumo era importado. Parte dos esforços para impulsionar os negócios de acrílicos, a nova fábrica integra o aporte de € 500 milhões no Complexo de Camaçari (BA), realizado em junho do ano passado.

Além de resinas acrílicas para tintas, tecidos e adesivos, as três fábricas instaladas naquele polo produzem materiais usados em fraldas e químicos para o setor de construção. Um dos mais afetados pela crise, esse último setor não perdeu relevância para a companhia, assim como a indústria automobilística. “Todas as principais montadoras estão no Brasil”, diz Schweens. “O momento é difícil, mas há totais condições de recuperação e o potencial do setor segue alto.” Apostar na diversificação é a arma da Basf para diluir os impactos da crise. Essa estratégia se estende à inovação. Até 2020, a meta da empresa é produzir mais de 50% de suas pesquisas fora da Alemanha. A premissa tem favorecido os investimentos no Brasil. No País, a estrutura de P&D fica em municípios paulistas.

Inclui dois centros em Guaratinguetá e Santo Antônio da Posse, além de unidades mais recentes, como o Centro de Aplicações de Nutrição e Saúde, em Jacareí; e o laboratório de Microbiologia, em São Bernardo do Campo, que cria novos produtos para a marca Suvinil. Desde 2015, a companhia vem reforçando os laços com clientes, universidades e fornecedores para desenvolver soluções mais próximas das necessidades de cada setor. “Ficar isolado em uma ilha é uma visão ultrapassada”, diz Schweens. Essa abordagem já está rendendo bons frutos. Responsável por 33% da receita de € 3,8 bilhões da empresa na região, a divisão de agricultura é um bom exemplo. Juntamente com a Embrapa, a Basf criou a primeira soja geneticamente modificada e totalmente desenvolvida no País.

Batizado de Cultivance, o produto começou a ser comercializado em junho e já tem seu uso aprovado pela União Europeia e por outros 20 países. Instalada em São Paulo, a CasaE é outro projeto de colaboração. O espaço traz soluções para o setor de construção civil e combina matérias-primas da Basf em parceria com 29 empresas. Com um apelo de sustentabilidade, o leque traz, entre outros recursos, um piso que permite armazenar água da chuva para ser reutilizada na limpeza de áreas externas. A inovação também está presente em uma espécie de “revolução verde” na companhia. Como parte de um projeto global, a Basf acaba de concluir o mapeamento de 60 mil aplicações de seus produtos.

O processo envolveu todo o ciclo de vida, da obtenção de matéria-prima até o uso e descarte. A partir desses dados, a ideia é renovar o portfólio, com base em critérios mais sustentáveis. Outra frente em alta é o uso mais eficiente de recursos. O vapor liberado na produção de acrílicos, por exemplo, pode servir de fonte de geracão de energia em uma instalação de defensivos agrícolas. No Brasil, a unidade de Guaratinguetá é um dos alvos dessas práticas. Com tantas ações em curso, Schweens enxerga uma retomada do mercado local a partir de 2017. “O mais importante é ter um ambiente de estabilidade”, diz. “De qualquer forma, no fim do dia, sempre vamos acreditar no potencial do Brasil.”

http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20160907/alquimia...

Exibições: 239

Responder esta

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço