Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Sites especializados em camisetas com mensagens de direita aproveitam a polarização política e o ano de eleição para transformar ideologia em lucro.

Poucos segmentos são tão propícios a transformar instantaneamente tendências em mercadoria quanto o universo das lojas de camiseta on-line. Um novo meme viraliza na rede e... pimba! Com poucos cliques, o desenho chega à estamparia e no dia seguinte, literalmente, a camiseta está disponível na web. Também por isso as lojas de camisetas on-line são um excelente termômetro para captar tendências, modismos e mudanças culturais. Siga as estampas em tecido de algodão e descubra as últimas polêmicas do momento. Num país em convulsão política há pelo menos cinco anos, a polarização ideológica não poderia ficar de fora desse universo. Se as estampas com Che, Fidel e a foice e o martelo se tornaram clichês da esquerda, a novidade vem agora da direita, na esteira do crescimento da onda conservadora.

Rostos como o do deputado Jair Bosonaro, o ex-capitão do Exército que pretende disputar a Presidência da República, e do filósofo Olavo de Carvalho são os destaques de lojas on-line, como Vista Direita, Tomando Partido, DireitaStore e Camisetas Opressoras, que se especializaram em produzir camisetas para um público com afinidade com a ideologia de direita. Com exceção da Tomando Partido, criada em 2014, as demais não têm mais de um a

O Camisetas Opressoras e o DireitaStore são praticamente monotemáticos. Afora uma estampa ou outra, com apologias aos falecidos Enéas Carneiro (do bordão “Meu nome é Enéas!”), Carlos Alberto Brilhante Ustra (o coronel do Exército acusado de comandar torturas no DOI-Codi de São Paulo durante a ditadura), o principal item de venda são camisetas com a efígie de Bolsonaro. As lojas Tomando Partido e Vista Direita adotam uma estratégia voltada para um público mais intelectualizado. Suas camisetas trazem imagens do teórico conservador irlandês Edmund Burke, dos economistas austríacos liberais Ludwig von Mises, Friedrich Hayek e Carl Menger e do libertário americano Murray Rothbard, economista pai do “anarcocapitalismo”, numa leitura muito mais pop do que suas figuras costumam evocar.

A MODA DE DIREITA O casal Denise e Wilker,com os gêmeos Manuela e Samuel em bodies com a estampa Bolsomito.O casal fez as camisetas para uso próprio (Foto: Anna Carolina Negri/ÉPOCA)
Camisetas de direita à venda on-line (Foto: Reprodução)

Nas camisetas, todas na faixa entre R$ 40 e R$ 60, cabem também citações de políticos que protagonizaram o movimento de liberalismo econômico dominante a partir dos anos 1970, como Margaret Thatcher, a primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990, e Ronald Reagan, o presidente dos Estados Unidos entre 1981 e 1989. A célebre frase de Thatcher “o socialismo dura até  acabar o dinheiro dos outros” está à venda ao lado de paráfrases provocativas como “Cabeça vazia, oficina de Marx” e “Conservador é o novo subversivo”. A faixa etária da clientela preferencial desses sites é a mesma: um público entre 20 e 35 anos que se tornou adulto muito tempo depois dos governos de Thatcher e Reagan.

A história de como cada uma dessas lojas on-line surgiu também é muito similar. Ao procurar camisetas como essas para uso próprio, os criadores das lojas descobriram uma lacuna no mercado. “Fizemos camisetas de apoio ao Bolsonaro para usarmos durante uma convenção e as pessoas nos pediam para vender para elas”, diz Denise Franco Amaral, de 27 anos, de Caçapava, do interior de São Paulo, dona, junto com o marido, Wilker Amaral, de 32, do Camisetas Opressoras. A marca viralizou na internet depois que Bolsonaro publicou nas redes sociais uma foto em que os filhos gêmeos do casal, Manuela e Samuel, de 5 meses, aparecem com bodies com a estampa Bolsomito. 

Nem todos os empreendedores dos sites de direita votam como a família Amaral. O catarinense Carlos Alexandre Machado, de 37 anos, dono do Vista Direita, é apoiador da candidatura presidencial do empresário João Amoêdo, fundador do Partido Novo, criado para defender as ideias liberais. O paulista Erick Velez, de 36 anos, do Tomando Partido, diz não acreditar em nenhuma forma de governo. “A direita que vota em Bolsonaro tem de acordar para o fato de que ele não é diferente de Lula. Os dois são populistas e isso é tudo o que o país não precisa”, diz ele. Seu site é o único com uma seção inteira de estampas dedicada a pensadores ultralibertários. Pela intensidade com que devem ser disputadas as eleições, esse é um mercado que tende a crescer exponencialmente.

FLÁVIA YURI OSHIMA

http://epoca.globo.com/politica/noticia/2018/01/direita-veste-camis...

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