Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Os modismos de comportamento, que incluem a forma de se apresentar e vestir na sociedade apresentam algumas características marcantes, que impressionam e que chegam e a colocar dúvidas sobre o estágio evolutivo em que nos encontramos. Em muitos casos parecem que os humanos gostam de se comportar como rebanhos e manadas, perdendo a sua individualidade no que toca à escolha, tal com um vestuário por exemplo. Na década de 70 ocorreu um fatídico fenômeno no vestuário que foi o uso das famigeradas calças de “boca de sino”. Todos sabiam que eram feias, se sentiam meio ridículos em estar usando, eram ruins e desajeitadas, porém naquele período, quanto mais estreitas nos joelhos e largas sobre os pés, formando uma verdadeira boca de sino mesmo, mais o usuário estaria na moda. Sua influência foi tanta, que até nos filmes tipo Far West Spaghetti feitos naquela década, ambientados no século XIX, mostravam os “cowboys” balançando suas calças de bocas enormes, num verdadeiro sincretismo temporal. Era a moda de 1970 invadindo 1870 onde o status era tal que os mocinhos tinham calças com bocas mais largas do que os bandidos.
Quando se pensava que não sugeria uma moda mais sofrível do que esta, não é que em período mais recente surgiu outra aberração?
Chegaram dominando as calças femininas de cós baixo. Ou calça de cavalo ou gancho curto.
Aquelas que se der uma agaixadinha mostram o traseiro mais do que deveriam. Aquelas também que deslocaram o centro da gravidade anatômico do corpo do meio da cintura para algum lugar intermediário na altura do quadril. Aquelas mesmo que foram lançadas inicialmente para ficarem “engraçadinhas” em ninfetas de menos de 45 kgs. Depois foram empurradas pela moda às demais que ficaram obrigadas (ou felizes) em parecerem pamonhas ambulantes com dois amarrilhos, fazendo duas cinturas, uma natural à altura do umbigo e outra espremendo as gorduras próprias do quadril, presentes em qualquer pessoa pós-adolescente desde que não sofra de anorexia em fase terminal. A intenção era a sensualidade e ficaram mais para o ridículo.
O pior é o que conjunto da obra fica muito feio. Muitas das que usam não gostam, ficam até constrangidas, porém ficam sem opção. A moda empurra o que deve ser usado, não admite qualquer crítica, principalmente nesta época de produção em série e falta de coragem e discernimento de quem compra. Ninguém pensa quando é muito mais fácil ser “Maria vai com as outras”.
Isto tudo volta ao ponto inicial da ditadura imposta pelos modismos, que assim como influenciam questões que parecem banais, acaba também influenciando outros comportamentos sociais que impactam a qualidade de vida e possibilidades de crescimento do ser humano. Num ser humano mais reativo e crítico, com menos disposição de copiar para tentar ser igual a um ídolo criado pelo ele mesmo, algumas manifestações “artísticas” teriam passado em branco.
Mas analisando a coisa no seu conjunto acabamos ainda concluindo que a situação poderia ser até pior: Já pensaram se a moda entrasse para valer com calça de cós baixo e com boca de sino ao mesmo tempo? Ainda bem que, por enquanto, se separaram pelo tempo.

Roberto Barbieri – Itaú de Minas/MG E-mail: rrbarbieri@terra.com.br  

http://www.clicfolha.com.br/noticia/27535/a-ditadura-das-modas

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