Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI


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Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP


No último artigo abordamos os dois primeiros períodos que compõe a história da evolução das tendências de moda. É importante entendermos esse percurso para compreendermos os mecanismos de difusão - e influência – das tendências para, assim, podermos vislumbrar seus caminhos futuros. Continuando a teoria de Dario Caldas, apresentada no livro “Observatório de Sinais”, vejamos os próximos três períodos.

3. A Industrialização da Moda (1950 e 1970)
A sistematização e solidificação do prêt-à-porter obrigou a Cadeia Têxtil a se profissionalizar e se organizar. Assim, surge em 1955 na França o Comitê de Coordenação das Indústrias de Moda (CIM) com o objetivo de fornecer a toda cadeia têxtil informações precisas sobre tendências.

As tendências ganham o papel de “redutoras de incertezas” para a indústria, uma vez que visam direcionar os gostos e interesses. E, em decorrência do CIM, diversas profissões e áreas ligadas a moda surgem, tais como o estilista industrial, o consultor de moda, os birôs de estilo e os cadernos de tendência.

A revista Elle, fundada em 1945, na França, é o principal vetor de tendências do prêt-à-porter.
Já nos anos 60 surge a figura do estilista-criador, impulsionada pelo mercado aquecido do pós-guerra: estabilidade econômica, ascensão da classe média e os Baby Boomers.
Começa haver uma grande impulsão de movimentos de moda oriundos das ruas, que influenciaram diretamente as passarelas e o prêt-à-porter passa a ser o principal polo irradiador da criatividade, marcando o declínio da Alta Costura

4. Pluralidade dos anos 1980
Com a facilitação da comunicação oriunda dos veículos de massa, as tendências se difundem mais rapidamente e, logo, são substituídas por outras. Esse fenômeno ganha o nome de “Atomização das tendências”.

Nesse período diversos vetores atuaram no processo de difusão: como o varejo prêt-à-porter, seus criadores e marcas; a Alta Costura torna-se um laboratório para novas ideias vanguardistas; a consolidação e o surgimento de novas Capitais da Moda; os birôs e salões continuam na ativa; a mídia especializada em moda se difunde; as celebridades passam a ser as novas inspirações; os novos formatos de varejo, como as flagships e as boutiques trazem autonomia para criação e a força de influências das subculturas e da própria rua.

5. O Supermercado de Estilos (1990 até hoje)
Com tanta informação e rapidez na disseminação perde-se o referencial norteador. Somado a isso temos a Geração Y, que busca diferenciação na individualidade e na insubordinação a regras.

Logo, todas as influências (vetores) citados anteriormente continuam na ativa, porém com maior importância para os gostos individuais, ou seja, cada um produz e compra o que deseja.
É como se todos períodos da humanidade estivessem em latas nas prateleiras de um mercado e nós pudéssemos pegar e misturar conforme quiséssemos, gerando um mercadão de estilos. Isso permitiu que estilos antes incongruentes se alinhassem, como o techno-hippie.


Paradoxos surgem tal como a excessiva valorização da mídia de moda que lhe garantiu um enorme controle sobre a difusão das tendências, chegando ao ponto da exceção virar regra; e a democratização ao acesso das mídias, através dos blogs e mídias sociais, o que garantiu que qualquer pessoa pudesse tornar-se um vetor de tendência.

Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP

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