Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Responsável por ajudar a vestir o mundo, o setor mostra força ao desmentir denúncia feita por ONG do Reino Unido.

Lavoura de algodão: conheça práticas que elevam a produtividade

O algodão é um dos destaques do agronegócio brasileiro. Com perspectiva de colher cerca de 3,6 milhões de toneladas de pluma na atual safra, o que representará um crescimento de 13% no comparativo com o ciclo anterior, segundo levantamento de abril da Companhia Nacional de Abastecimento, o país se consolida como um dos protagonistas da cultura. O Brasil deve passar os Estados Unidos e se tornar o maior exportador do produto ainda neste ano, de acordo com projeção do Departamento de Agricultura norte-americano. Os números mostram que, além de alimentar, o agro nacional ajuda a vestir o planeta.


Destaque mundial, a cotonicultura (cultivo de algodão) brasileira teve a sua eficácia posta em xeque por uma organização não governamental do Reino Unido. No último dia 11, a ONG Earthsight tentou fazer barulho, ao divulgar o que ela própria definiu como "investigação". De uma vez só, acusaram-se duas das maiores empresas produtoras de algodão no Brasil, a SLC Agrícola e o Grupo Horita, de cometerem crimes. Conforme a denúncia, elas seriam responsáveis por promover desmatamento ilegal, poluição e grilagem (ato de se apossar de terras por meio de documentação fraudulenta), sobretudo no oeste da Bahia, área incluída no bioma cerrado. Amedrontar as comunidades onde estão suas bases de produção foi outro item reportado contra a dupla que tem décadas de história, emprega milhares de pessoas e ajuda a movimentar a economia do Brasil e do mundo.


O algodão é um dos destaques do agronegócio brasileiro. Com perspectiva de colher cerca de 3,6 milhões de toneladas de pluma na atual safra, o que representará um crescimento de 13% no comparativo com o ciclo anterior, segundo levantamento de abril da Companhia Nacional de Abastecimento, o país se consolida como um dos protagonistas da cultura. O Brasil deve passar os Estados Unidos e se tornar o maior exportador do produto ainda neste ano, de acordo com projeção do Departamento de Agricultura norte-americano. Os números mostram que, além de alimentar, o agro nacional ajuda a vestir o planeta.


Sem fontes confiáveis, a ONG britânica Earthsight acusou SLC Agrícola, Grupo Horita, H&M e a dona da rede Zara de envolvimento em supostos crimes relacionados à produção e à comercialização de algodão brasileiro, mas acabou desmentida categoricamente Foto: Reprodução/Earthsight.org.uk Publicada em três diferentes idiomas - português, inglês e espanhol -, a "investigação" da Earthsight também acusa duas grifes internacionais. Com o título "Crimes na moda", a ONG afirma que a H&M e a Inditex (dona da rede de lojas Zara) seriam coniventes com a série de irregularidades cometidas nas lavouras espalhadas pelo oeste baiano. Afinal, elas aceitariam comprar o que a denúncia classifica como "algodão sujo", que ainda seria favorecido por certificações concedidas equivocadamente pela Better Cotton, organização sem fins lucrativos que é referência mundial no acompanhamento da cotonicultura - e que há anos valida as boas práticas de produção tanto da SLC Agrícola quanto do Grupo Horita.


Apesar de carecer de fontes de informação, o material divulgado pela ONG foi replicado por veículos de comunicação. Ao reproduzir conteúdo da agência de notícias France-Presse, o portal G1, que pertence ao Grupo Globo, destacou o que seria o "vínculo" das grifes estrangeiras com o desflorestamento no Brasil. Além disso, o site aproveitou para inserir ao pé do texto um vídeo em que o apresentador do Jornal Hoje , César Tralli, divulga o anúncio de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai repassar R$ 730 milhões para combater o desmatamento na Amazônia - sendo que a notícia era referente ao cerrado.
O Metrópoles foi outro site a repercutir o material divulgado pela Earthsight. O portal da rede alemã Deutsche Welle sacramentou que o relatório "liga crimes no cerrado a gigantes da moda europeus" e que fazendas localizadas no oeste baiano "têm histórico de desmatamento e grilagem". Já o site do jornal português Público ressaltou que, segundo a organização do Reino Unido, Zara e H&M optaram por comprar o "algodão sujo" supostamente oriundo do agronegócio brasileiro.


Matéria publicada no G1, no dia 11/04/2024 Foto: Reprodução/G1 Matéria publicada no site Metrópoles, 16/04/2024 Foto: Reprodução/Metrópoles Matéria publicada no Deutsche Welle (DW), no dia 11/04/2024 Foto: Reprodução/DW Matéria publicada no Público, no dia 11/04/2024 Foto: Reprodução/Público Auditoria desmente ONG

Como reforça o ditado popular, a mentira tem perna curta. No dia 23 de abril, a Better Cotton tornou público o resultado da auditoria independente feita pela consultoria Peterson. A análise desmentiu todos os crimes imputados ao Grupo Horita e à SLC Agrícola. De modo didático, os auditores explicam por quais razões as acusações de poluição e opressão de comunidades são infundadas. Cita-se, por exemplo, que "a denúncia não forneceu provas objetivas de que as explorações agrícolas aplicaram pesticidas" de modo irregular.
Na parte referente à grilagem e ao desmatamento, a auditoria aproveita para dar uma aula à ONG, que parece não ter noção do aparato de fiscalização voltado para a agropecuária no Brasil. Além de reforçar que não identificou nenhuma ilegalidade envolvendo SLC Agrícola e Grupo Horita, a Peterson destaca que quaisquer problemas nesse sentido já teriam sido identificados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O que se soma à regularização das propriedades das empresas estarem devidamente legalizadas com Cadastro Ambiental Rural.


Algodão colhido em plantação em Mato Grosso Foto: Shutterstock "As fazendas possuem certificado de 'embargo negativo' do Ibama, uma forma de comprovação de que não possuem áreas embargadas", afirma a Peterson, em trecho de sua auditoria que desmentiu a fake news . "Isto significa que a utilização e conversão de terras para a cultura do algodão cumprem a legislação nacional relativa à utilização de terras agrícolas. Além disso, os indicadores da norma ABR são considerados suficientes."


A "norma ABR" citada pela consultoria é o protocolo Algodão Brasileiro Responsável, série de requisitos que atestam o cumprimento de exigências ambientais, sociais e econômicas monitoradas pela Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa). Com o resultado da auditoria, a Better Cotton reforçou a confiança na produção de algodão no Brasil. Assim, mantiveram-se ativas todas as certificações concedidas à dupla de empresas.Com a palavra, as vítimas da Earthsight.


O resultado do trabalho feito pela Peterson e a validação por parte da Better Cotton levaram "alívio" à alta cúpula do Grupo Horita, empresa que produz algodão, milho e soja no oeste baiano desde 1984. O sócio-proprietário da corporação, Walter Horita, comemora o desfecho dessa história. "Foi de assustar", enfatiza o agricultor à frente do negócio responsável por cerca de 1,1 mil empregos diretos. "Quiseram fazer sensacionalismo."
Walter Horita afirma que o susto ao se deparar com a "investigação" da ONG se deu porque ele acreditava que o assunto já estava "devidamente resolvido". Ele explica que escalou as equipes jurídica e ambiental do grupo para responder à série de perguntas enviada pela Earthsight em agosto do ano passado. "Não temos nada a esconder", diz. "Respondemos tudo, com documentos pertinentes, vídeos e fotos. Aproveitamos para já desconstruir algumas acusações. Nunca nos responderam e vieram com esse material que simplesmente ignorou tudo o que mostramos."


"Temos leis bem severas para produção agrícola no Brasil. Se fizéssemos algo de errado, seria impossível os órgãos de fiscalização não descobrirem"
Aliviado com a manutenção das certificações internacionais para o algodão que produz, o sócio-proprietário do Grupo Horita deixa em aberto a possibilidade de processar a ONG em razão das acusações que acabaram desmentidas. "Pedi para os meus advogados analisarem", diz. "Muito esquisita essa acusação, porque sempre fizemos tudo certo. Temos leis bem severas para produção agrícola no Brasil. Se fizéssemos algo de errado, seria impossível os órgãos de fiscalização não descobrirem."


Em nota, a SLC Agrícola, que está em atividade na agricultura brasileira desde 1945, também rechaçou as denúncias feitas pela Earthsight. A companhia, que emprega aproximadamente 4 mil pessoas, diz ter enviado informações e mapas à ONG. O que acabou ignorado. "Condenamos afirmações infundadas que buscam prejudicar a reputação e o histórico de sucesso da agricultura brasileira e da SLC Agrícola." Até o momento, H&M e Inditex não comentaram o resultado da auditoria.


Associações do setor se manifestam.


Organizações ligadas à cotonicultura brasileira se manifestaram contra o relatório da Earthsight. A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) preferiu encarar a história pelo lado positivo. De acordo com a entidade, a divulgação da fake news serviu para, no fim das contas, fortalecer o setor. "O produtor brasileiro sairá fortalecido e seguirá com seus firmes propósitos de melhorias constantes na qualidade de sua produção", avalia a Anea, que lembra o fato de o Brasil ser - cada vez mais - protagonista no segmento. "Caminhamos rumo à liderança no mercado internacional do algodão."
Lavoura de algodão em Cristalina, no interior de Goiás (2020) Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA Já o presidente da AbrapaAlexandre Schenkel, adotou postura mais enfática. Ele definiu a denúncia da ONG britânica como "falsas alegações". Ao confirmar as afirmações do Grupo Horita e da SLC Agrícola, o executivo informa que a associação atendeu aos pedidos da Earthsight em 2023.


"Lamentamos que grande parte do nosso posicionamento tenha sido ignorada."
Apesar de desprezados pela "investigação" feita por uma ONG estrangeira, os produtores brasileiros de algodão conseguiram, por meio de uma auditoria independente, atestar a legalidade e a qualidade de seus trabalhos. Dessa forma, o país segue ajudando a vestir o mundo - e, a partir de agora, com direito a se tornar especialista em "despir" fake news que surjam pelo caminho.

https://abrapa.com.br/2024/05/07/a-fake-news-sobre-o-algodao-

brasileiro/

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