Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A geografia do luxo pós-Covid, segundo o barómetro Altagamma-Bain

O mercado mundial de bens de consumo de luxo continua a sua tendência positiva, mas a um ritmo mais lento após o boom pós-Covid. Trata-se de uma corrida a duas velocidades, com a China e a Europa a liderar, enquanto os Estados Unidos ficam para trás. O novo barómetro Altagamma-Bain, apresentado na sede da fundação em Milão, oferece uma visão geral do setor.


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O setor está a sair de um ano recorde, tendo fechado 2022 nos 345 mil milhões de euros (+19%), apesar de uma desaceleração no último trimestre (+10%). 2023 abre com um primeiro trimestre em linha com o anterior (+9/11%).
 
O Ebitda (+10%) das empresas de alta gama também deverá crescer ao longo do ano, de acordo com o Consensus Altagamma. Globalmente, o mercado verá a sua dimensão duplicar a médio prazo para atingir os 530-570 mil milhões de euros em 2030.

Os chineses são particularmente observados: voltaram a viajar, mas ainda não em grande número e nem ao estrangeiro, por falta de voos e vistos. No país, as marcas recomeçam com resultados diferenciados que recompensam o segmento de luxo, enquanto o  travel retail está a acordar. "A ilha de Hainan (o 'Havai da China') tornar-se-á central na captação de fluxos, antes direcionados para Hong Kong, graças a uma forte política de isenção de impostos", explica Claudia d'Arpizio da Bain.
 
Após um ano de 2022 recorde, a Coreia está a abrandar, “face a uma declarada desaceleração do PIB doméstico, bem como ao incidente de Seul que gerou uma atitude mais negativa”, continua Claudia d'Arpizio.
 
Para o Japão, por outro lado, o ano começou em alta, impulsionado pelo consumo local ligado aos baby boomers e à Geração X, enquanto no resto da Ásia são os millennials e a Geração Z quem está em vantagem.

O Sudeste Asiático (Vietname, Tailândia, Filipinas) progride graças aos fluxos chineses e russos e ao forte consumo local. “A região é candidata à nova indústria de manufatura global, com uma transferência de capitais da China”, acrescenta a analista da Bain.
 
O quadro é sombrio para os Estados Unidos, onde as marcas registam desempenhos bastante contrastantes. "A alta gama resiste, mas os grandes armazéns estão em crise. Nos últimos anos, as marcas investiram massivamente no estrangeiro na presença direta, logística, omnicanal e fábricas para chegar mais rápido ao mercado", lembra Claudia d'Arpizio.

A Europa resiste



A Europa, por sua vez, resiste graças ao fluxo de turistas de alto nível, formado principalmente por americanos impulsionados pela força do dólar. Por fim, o despertar do consumidor local, dotado de uma riqueza herdada e menos ligada às tendências do mercado de ações, gera demanda adicional depois de muito tempo adormecido.
 
O mercado do luxo é cada vez mais marcado pelo fenómeno da polarização. "As marcas que se dirigem aos clientes mais exigentes saem-se melhor, enquanto os preços de entrada sofrem, seja no streetwear ou no calçado desportivo”, explica Federica Lovato, da Bain & Company. “A oferta de entrada desenvolve-se com pequenos acessórios tecnológicos e pequenos artigos de couro."


Altagamma


A ascensão dos produtos em termos de gama é outra tendência. "Peças únicas ou colecionáveis estão em alta. Joias e relógios estão em alta, seguidos dos acessórios, que apresentam um leve crescimento. O calçado continua a ser uma categoria de forte crescimento, mas com tendências diferentes (o calçado híbrido triunfa, não apenas o calçado descontraído, como nos últimos anos). O vestuário vai muito bem, com as compras direcionadas para peças icónicas do guarda-roupa", sublinha Federica Lovato.

A relação entre o consumidor e a marca é o verdadeiro motor do comércio a retalho. "Isso inclui o fenómeno do regresso à loja. O canal puramente físico está a crescer, mas com um tráfego normalizado em relação às reaberturas pós-Covid. As vendas online estão estáveis. Já o comércio por atacado está, por seu lado, a sofrer", alerta a senior partner da Bain.

Na arena do luxo dominada por grandes nomes, como podem as pequenas marcas fazer-se notar? “Uma identidade clara e um ADN específico aos olhos do consumidor”, responde Federica Lovato.

Stefania Lazzaroni, diretora-geral da Altagamma, conclui: "A Ásia lidera o setor. No Velho Continente, Milão e Paris vão bem, enquanto Londres sofre. Os Estados Unidos mostram uma imagem mais fraca (+3% no ano), com a inflação a afetar a faixa de média gama e a com os mais gastadores a comprarem durante as suas viagens à Europa. O Médio Oriente avança (+10% contra 7% no ano passado), recebendo os russos bloqueados pelo contexto geopolítico. Do lado do consumidor, os chineses apresentam o melhor desempenho.” 

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