Atualmente é possível dizer que as drag queens são tão populares que quase beiram o mainstream. Elas estão nos teatros, no cinema, em festas e nas redes sociais. Quem popularizou ainda mais a arte, até mesmo para os leigos, foi RuPaul, com seu reality RuPaul’s Drag Race. Entretanto, poucos sabem como eram as drag queens antes dessa explosão de popularidade.
A origem do termo “drag queen” é nebulosa, mas muitos acreditam que surgiu em meados de 1800 como uma forma depreciativa de designar os homossexuais. Nesse mesmo século surge Madam Pattrini, drag performática de Brigham Morris Young. Dizem os boatos que ele cantava tão bem, que muitas audiências nem sabiam que era um homem.
Mais tarde, ainda no século 19, o termo “drag queen” ganhou um significado mais específico, designando qualquer homem que se vestisse de mulher com propósitos teatrais. Ainda nessa época, um choque para a sociedade londrina: Frederick Park e Ernest Boulton começam a sair de casa como Fanny e Stella. Eles foram os primeiros homens a sair na rua vestidos de mulher – uma ousadia tão grande que a polícia abriu uma investigação minuciosa, do tipo que era feita apenas para criminosos extremos.
Homens vestidos de mulher no século 19
Com mais homens andando pelas ruas vestidos de mulheres, como não existia nenhuma lei que proibisse o cross-dressing, homens travestidos eram normalmente presos pelo “abominável crime de sodomia” ou mesmo por prostituição.
Por volta de 1880, homens vestidos de mulheres eram perfeitamente aceitos no ambiente teatral. Aliás, era muito mais respeitável um homem viver uma mulher em palco do que uma mulher de fato seguir a carreira de atriz.
Já na virada para o século 20 a performance drag virou um fenômeno próprio no teatro de variedades. Um nome que se destaca é Julian Eltinge, que brilhou na Broadway como comediante, mas foi nos teatros pequenos que ganhou seu público cativo com suas apresentações de drag. Na Europa, quem ganhava a cena era Florin, performer de Paris, onde a cena drag também conquistava seu espaço.
Homens vestidos de mulher – e mulher vestida de homem – no século 19
Nessa época, um homem vestido de mulher era uma brincadeira bastante popular e não era associada à preferência sexual. Em 1920, entretanto, a arte começa a ficar mais alinhada com a comunidade LGBT, principalmente por conta dos “drag balls”, que eram festas gigantes nas quais a maioria dos homens ia vestida de mulher. Ao longo da década esses eventos ganharam mais e mais atenção, iniciando um período chamado “Pansy Craze”.
No final da década de 20, por volta de 1927, o movimento Pansy Craze já havia se instalado em Nova York, Paris, Londres e Berlim. Nesse período era possível ver shows como o de Vander Clyde, ou “Barbette”, seu nome artístico. Ele viajou pelos EUA e pela Europa com sua incrível performance aérea, na qual ele desafiava a morte no trapézio vestido de drag. Ao final de seu show, Barbette tirava a peruca e fazia poses masculinas. Enquanto os bailes davam mais ênfase no glamour e no estilo de vida drag, as audiências ainda valorizavam bastante as performances de comédia nos teatros.
Já no final da década de 30, ser drag requeria um certo investimento, já que os homens precisavam manter o estilo e a aparência tanto quanto uma mulher, gastando com maquiagens, perucas e roupas. Ser drag queen era considerada uma carreira cara.
Na passagem da década de 30 para os anos 40 as drags ainda tentavam achar seu lugar na sociedade, já que o cross-dressing eram uma ofensa que levava muitas drags para a prisão. Os bailes do Pansy Craze ficavam cada vez mais escondidos para evitar o aparecimento da polícia. Ainda que a homossexualidade crescia como um tabu e uma ameaça para a sociedade, drags mantinham seu lugar garantido no setor de entretenimento.
Frederick Park e Ernest Boulton – Fanny & Stella
Homens vestidos de mulher – No teatro e por diversão
Homens vestidos de mulher no teatro – Século 19
Homens vestidos de mulher no teatro
Florin, drag queen de Paris, e o novelista F. Scott Fitzgerald
Drag balls – Os bailes em que homens de vestiam de mulher
Leia também: História das Drag Queens – Parte 2
Drag queens Rae Bourbon e Harry S. Franklyn
Vander Clyde, ou Barbette, e Frances & Lonas
Drag queen Billy Richards e Drag Ball dos anos 30
Drag queens dos anos 40
Drag queens do final dos anos 40
Clube de performance drag queen
Vivemos em uma sociedade TRANS. Nossos alimentos são TRANSgênicos, nossos brinquedos são TRANSformers. Pessoas TRANSitam entre os gêneros e sexos e até mesmo entre as cores das raças, como diria nosso querido ídolo, Michael Jackson. Entenda este fenômeno da sociedade contemporânea sob o olhar do filósofo Jean Baudrillard e da socióloga Melinda Davis:
Fotos: Little Things e The Gaily Grind
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Desejo salientar que ao desenvolvermos um trabalho como este sobre gênero,devemos tomar o cuidado de não colocar tudo na mesma panela: veja temos os cross dressers, os travestis, os transformistas, os trangêneros, as drag Queens e nem citamos as drag Kings. Acredito que o texto fala da inversão de papéis no vestuário a partir de um desejo não convencional perante a sociedade. Afinal o mundo esta sempre em TRANSformação!... Boas reflexões!... * TUONO * PAZ * YHWH *
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