Há histórias de amor maiores do que uma vida. Ultrapassam o frisson da paixão, a monotonia da convivência e até a separação. A de Pierre Bergé, cofundador da Maison YSL, morto em setembro aos 86 anos em sua casa em Saint-Rémy-de-Provence, na França, e Yves Saint Laurent, um dos maiores nomes da moda do século 20, é uma dessas. Conheceram-se em Paris em 1958, em um jantar organizado por Marie-Louise Bousquet, então editora de moda da Harper’s Bazaar, quando Laurent estreava como estilista da Christian Dior. Seis meses depois, foram morar juntos e protagonizaram o primeiro caso público de amor gay na França. Três anos mais tarde, inauguraram a YSL Couture. A união durou 18 primaveras.
Laurent era a metade visionária da empresa. Um argelino de classe média dono de um talento que o transformou em superstar da moda. Bergé, por sua vez, era erudito, amante das artes e ás nos negócios. A equação de trabalho entre eles era simples: Bergé não interferia no processo criativo de Yves. Em troca, ele nunca fez ao companheiro uma única pergunta sobre dinheiro. Separaram-se em 1976, mas nem o ponto-final no casamento os afastou. Quando Yves morreu em 2008, aos 72, de câncer cerebral, os dois estavam de mãos dadas. Naquele mesmo ano, com o estilista já doente, oficializaram a união, embora não fossem mais marido e marido – história contada no filme Yves Saint Laurent (2014), de Jalil Lespert.
Acervo Precioso
O cofundador da maison morreu poucos dias antes da inauguração de dois templos dedicados ao trabalho de Saint Laurent: o Museu YSL de Paris e o de Marrakech, no Marrocos.
No comando da Fundação Pierre Bergé, instituição que presidia, responsável pela preservação do legado de moda deixado pelo estilista, Bergé participou da concepção de ambos os projetos. A unidade parisiense do centro de arte, que abre as portas neste dia 3, funcionará no número 5 da Avenue Marceau. O lugar, que serviu de ateliê para o designer de 1974 a 2002, exibirá, além de criações célebres de Saint Laurent, peças de grandes nomes da alta-costura e exibições sazonais com temas ligados à moda.
A unidade de Marrakesh, também inaugurada em outubro, tem detalhes ainda mais emblemáticos. A partir de 1966, em todas as férias, Laurent nutria-se de cores e ideias na cidade. Os momentos mais felizes do casal foram vividos num palácio azul royal, em frente aos Jardins de Marjoelle – reserva revitalizada pela dupla. Ali também as cinzas de Laurent foram jogadas após a sua morte.
O museu, localizado a poucos metros da antiga residência, tem mais de 4 mil metros quadrados, uma biblioteca com cerca de 5 mil livros e um acervo com 15 mil peças, entre roupas, croquis e objetos de arte da coleção pessoal da dupla. Em junho, Bergé declarou: “Memórias devem ser transformadas em projetos e os museus eram dois grandes deles.” Segundo disse o italiano Anthony Vaccarello, atual diretor criativo da Saint Laurent, para o portal Business of Fashion, esse é um de seus maiores legados: “Estou feliz de saber que seus últimos esforços resultaram em algo tão grandioso.”
POR CAMILA LIMA
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