Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

De olho em um negócio que deve movimentar R$ 21,1 bilhões apenas nas propriedades, produtores estão apostando suas fichas na cultura de algodão e, em muitos casos, triplicando a área plantada. Entenda o que tem movido grupos como o mitsui, amaggi, Terra santa, bom futuro, slc e outros gigantes do setor.

Crédito: Divulgação

Entre os melhores: há quatro meses no comando a Agrícola Xingu, do grupo japonês Mitsui & Company, Takehiko Shimada pretende levar a empresa para o maior patamar de eficiência do País (Crédito: Divulgação)

Fábio Moitinho, de Maceió (AL)


Pela primeira vez, depois de quase 17 anos morando no Brasil, o executivo japonês Takehiko Shimada, 57 anos, desembarcou em Maceió em meados do mês de agosto. Embora aprecie um passeio na praia, e a capital alagoana seja uma das cidades litorâneas mais bonitas do País, Shimada estava pouco interessado em colocar os pés na areia. O que ele queria, e cumpriu à risca, era acompanhar todas as discussões que aconteceram no 11º Congresso Brasileiro do Algodão, realizado pela primeira vez nessa cidade pela


Recorde: para a Abrapa, a produtividade média da safra 2016/2017, de 1,8 mil quilos por hectare de algodão, é a mais alta da história do cultivo da fibra no País (Crédito:Divulgação)

Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). O evento reuniu 1,3 mil participantes durante quatro dias, a maior parte produtores da fibra. Terminado o congresso, antes de retomar a sua rotina de visitas a fazendas, de extensas reuniões com fornecedores de insumos, com acionistas e com equipes de campo, Shimada foi apreciar as ondas de um dos litorais mais sensacionais do Brasil. Mas o passeio foi rápido. “Nesse momento, minha atenção é toda para o algodão”, diz ele. Shimada assumiu há quatro meses a presidência de um dos maiores grupos que atuam no agronegócio brasileiro, a Agrícola Xingu, controlada pela japonesa Mitsui & Company, gigante com presença em 66 países e dona de uma receita global de US$ 39,7 bilhões no ano passado.

Além do agronegócio, o conglomerado Mitsui opera em mais 11 setores, incluindo siderurgia, energia elétrica, químicos, mineração, transporte e logística, alimentos e comunicação. No ano passado, a Agrícola Xingu respondeu por uma receita de R$ 236,4 milhões (cerca de US$ 90 milhões). Ela veio do algodão, da soja e do milho, cultivados em uma área de 48 mil 


“A China tem informado que seus estoques sustentariam a indústria têxtil local por um ano, mas é uma reserva cara e sem qualidade” Arlindo Moura, presidente da Abrapa e CEO da Terra Santa

hectares de nove fazendas, espalhadas pelos Estados de Mato Grosso, Bahia e Minas Gerais. Shimada, que nasceu em Yokohama, uma das mais importantes cidades comerciais do Japão, localizada na região metropolitana de Tóquio, foi escolhido para comandar uma guinada nos negócios rurais da Mitsui. Na nova estratégia, é justamente o algodão que está ganhando importância no projeto de crescimento da empresa japonesa. Para a safra 2017/2018, que começa ser semeada nos próximos meses, a área destinada à fibra vai crescer 45% na comparação com a safra passada. A meta é plantar 21 mil hectares. Mas o projeto é ir além. Nos próximos cinco anos, os planos da Mitsui são aumentar a área de algodão em 43% e chegar a 30 mil hectares cultivados, ocupando um terço das terras agricultáveis que a companhia prevê deter no País até lá, chegando em cerca de 100 mil hectares. “O algodão é uma cultura que envolve muito capital de giro e investimento”, afirma Shimada. “Mas ele certamente será o nosso carro-chefe daqui para a frente.”


Tudo de algodão: até 2020, a holandesa C&A quer todas as suas 1,8 mil lojas no mundo com 100% das confecções feitas por algodão certificado

A decisão da Xingu não é uma aventura ou uma partida de karuta, o mais popular jogo de cartas do Japão. Ela tem um fundamento. Neste ano, as lavouras de algodão, colhidas na safra 2016/2017, devem bater o recorde em Valor Bruto da Produção (VBP). Os números levantados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estão mostrando, até agora, uma receita de R$ 21,1 bilhões, valor 75,6% acima do que foi registrado em 2016. É o maior VBP já alcançado pelas lavouras de algodão, desde o primeiro levantamento realizado há 28 anos. Vale lembrar que o VBP se refere aos valores que circulam dentro das fazendas.

 Ele não representa o valor da cadeia, que no ano passado movimentou R$ 14,3 bilhões. É esse


“Acredito que no futuro as questões de sustentabilidade não serão mais tratadas como um diferencial de marca, porque elas serão necessárias” Paulo Correa,presidente da C&A Brasil

crescimento bilionário do VBP que embala o algodão brasileiro. Com o resultado dessa safra, o País deixa para trás o fiasco da temporada 2015/2016, quando foram colhidas 1,3 milhão de toneladas de pluma de algodão, volume que representou uma quebra de 23% em função de problemas climáticos nas principais regiões produtoras dos Estados de Mato Grosso e da Bahia. Já na safra encerrada neste ano, os bons ventos que sopraram quase que uniformemente em todos os 940 mil hectares cultivados elevaram a produção para 1,5 milhão de toneladas de pluma de algodão, segundo o mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a safra 2017/2018, a área de cultivo deve crescer 20%, chegando a 1,1 milhão de hectares.

Mas nos próximos cinco anos, a expectativa da Abrapa é que o Brasil dobre o plantio de algodão. Em grande parte, isso vai depender, é claro, da disposição de grupos de peso que atuam na cadeia na qual a Xingu não está sozinha. Ao lado da companhia estão gigantes com influência sobre o setor do agronegócio, como a Amaggi, que pertence à família do ministro da Agricultura Blairo Maggi; o grupo Bom Futuro, de Eraí Maggi, um dos maiores produtores do País; a SLC Agrícola, controlada pela família gaúcha Logemann; mais os grupos Terra Santa, Horita, Schlatter, entre outros, a maior parte deles com áreas de cultivo que ultrapassam 20 mil hectares.

Encontro: o presidente da República, Michel Temer, e o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, visitam uma lavoura de algodão em Lucas do Rio Verde (MT), a convite dos produtores da região (Crédito:Marco Ankosqui)

Shimada afirma que a sua missão é fazer uma imersão total nesse universo da alta produção. “Tenho visitado as fazendas e procuro acompanhar a produção”, diz ele. A modéstia, no melhor estilo oriental, tem embalado a maior parte de suas observações sobre as estratégias da companhia. “Seria um pouco difícil para a Xingu se tornar a maior empresa do Brasil,


Influenciador: com o movimento Sou de Algodão, iniciado no ano passado, a Abrapa espera atrair a demanda do consumidor para as confecções feitas com fibra. A meta é investir R$ 3 milhões por ano (Crédito:Divulgação)

frente a esses gigantes do algodão. Mas podemos ser a melhor empresa do País, para quem trabalha nela, para os compradores das nossas commodities agrícolas e para o nosso acionista.” O fato é que foi por causa do algodão que a Xingu conseguiu ampliar a sua receita em 20,2% em 2016, revertendo o prejuízo da seca de 2015, que foi de R$ 80 milhões. Neste ano, a companhia vai fechar o balanço com saldo positivo. Segundo o diretor financeiro, Sergio Della Libera, a empresa vai lucrar no período. “Ele é o resultado das 27,9 mil toneladas de pluma de algodão colhidas e bem vendidas”, diz Libera. De acordo com o agrônomo Tahishi Nitta, diretor de produção da empresa, desde a safra passada tudo tem corrido conforme o planejado. “Por isso, já travamos na bolsa cerca de 50% da produção da safra 2017/2018”, afirma ele. No final do mês passado, o quilo do algodão custava R$ 5,26, valor 6,5% acima do início do ano passado.

https://www.dinheirorural.com.br/incrivel-fibra-do-campo/

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   “Acredito que no futuro as questões de sustentabilidade não serão mais tratadas como um diferencial de marca, porque elas serão necessárias” Paulo Correa,presidente da C&A Brasil

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