Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

“A indústria de confecções continua fragmentada no Brasil”

Diretor do Grupo Expovest, responsável por diversas feiras de moda, Julio Viana fala sobre o panorama desse mercado

Por Rafael Farias Teixeira -
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Julio Viana, cofundador do Grupo Expovest (Foto: Edson Pelence )

Com apenas 18 anos, o gaúcho Julio Viana, agora com 61 anos, entrou no mundo das confecções com um empurrãozinho do tio, vendedor roupas. Com o passar do tempo, Viana notou a oportunidade de investir em eventos e feiras de negócios e cofundou o Grupo Expovest, em 1997.

Uma de suas principais feira é a Fenin (Feira Nacional de Inverno), lançada no mesmo ano, no Sul, e hoje com edições de verão nas regiões Nordeste e Sudeste. A mais recente novidade é que Viana anunciou a criação de uma nova Fenin no Rio de Janeiro, prevista para acontecer em agosto de 2015. Esse ano reserva pelo menos quatro feiras.

Viana conversou com Pequenas Empresas & Grandes Negócios e falou sobre a indústria têxtil e de confecções, que movimentou R$ 58,2 bilhões no ano passado e os desafios para os pequenos empreendedores. Segundo Viana, a maioria deles é constituída de funcionários que deixaram suas antigas empresas. “Ele já sai com conhecimento, contatos e alguns conseguem fazer mais sucesso do que a empresa da qual saiu, mas isso é raro”, diz.

Como está o ambiente para abrir uma pequena indústria têxtil e de confecções?
Qualquer pessoa que está nesse mercado vai dizer que é coisa de louco. A carga tributária é muito grande, temos uma incidência de mais de 41% sobre o produto. Os índices de perda e desperdício são muito grandes, o mercado é muito volátil. Se você erra em uma coleção, por exemplo, não tem como recuperar o investimento que fez e corre o risco de algum outro concorrente roubar seu espaço. E a próxima estação já vem com outra dinâmica e desejo. A moda é muito rápida. Por isso que importar alguns produtos não funciona, porque o tempo que leva para chegar até sua empresa pode fazer com que a demanda mude.

 

O que ainda vale a pena importar?
Jaquetas e casacos são mais caros de fazer aqui porque demandam mão de obra especializada e insumos que encarecem os produtos no Brasil.

A China continua sendo o principal mercado para importações desse setor?
Ainda continua sendo a maior procura por importações e competidor também. Mas outros países já despontam como Índia e Paquistão. A parte trabalhista é um ponto sensível do setor, principalmente com os diversos casos de mão de obra escrava...Mas isso não acontece com indústria brasileira. Acontece com as estrangeiras. Não tem como cometer esse tipo de crime, a indústria é muito sindicalizada.

E para achar mão de obra especializada? Isso continua sendo um problema para o empresário brasileiro?
A indústria de confecções já chegou a ser a maior empregadora do país. Hoje já não é mais. Mas por causa de todos os insumos e carga tributária é muito mais fácil pagar por esse tipo de mão de obra em outros países, como a China. Tomando esse caminho o empresário brasileiro deixa de se preocupar com muitas coisas.  Sem um mercado que a queira, essa mão de obra atrofia ou vai para outro mercado. Essas pessoas agora se especializam em outras áreas. Voltamos ao problema das taxas que incidem nessa indústria e que impedem um mercado de trabalho mais estável nesse setor.

Na hora de abrir uma indústria desse tipo, há alguma confecção específica que vem sendo mais procurada?
Elas variam muito por região. Na Serra Gaúcha, por exemplo, é a parte de malhas. Isso acaba criando polos específicos e bem identificáveis pelo Brasil. O que acontece hoje em dia é que muitos funcionários de grandes indústrias saem para abrir suas pequenas empresas, o que ajuda a criar esses bolsões.

O investimento para abrir uma indústria desse tipo ainda deve ser alto...
Sim. Mesmo com a ajuda de órgãos como o BNDES, você tem que importar muito maquinário.

E o que poderia ser feito para melhorar esse panorama?
É algo que os sindicatos deveriam fazer, mas não estão fazendo: discutir o que está acontecendo, ter uma representatividade maior no governo. Eles fazem tudo regionalizado, discutem os problemas de cada cidade, estado, região, mas nada macro. O nosso país é tão grande, que a indústria de confecções continua fragmentada. Há empresas no Nordeste que ainda só vendem lá e não para o resto do país.

Que dica você daria para alguém que está pensando em investir em uma pequena indústria de confecções?
A identificação com o mercado de moda precisa ser algo inerente ao empreendedor. Ele pode até montar o negócio, mas vai depender de outras pessoas que entendam desse mercado. Por ser muito trabalhoso, o empreendedor precisa gostar muito para persistir e continuar.

http://revistapegn.globo.com/Noticias/noticia/2014/08/industria-de-...

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   Como está o ambiente para abrir uma pequena indústria têxtil e de confecções?
Qualquer pessoa que está nesse mercado vai dizer que é coisa de louco. A carga tributária é muito grande, temos uma incidência de mais de 41% sobre o produto.

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