Apesar de seu governo socialista, o Laos hoje integra uma série de órgãos internacionais e regionais, como a ASEAN, CLA e, recentemente, passou a integrar a OMC. Segundo mais novo país integrante da OMC, o Laos hoje busca maior participação no mercado globalizado, motivo pelo qual tem investido fortemente em um setor: têxtil.
Existem alguns fatores que devem ser levados em conta sobre o desenvolvimento da indústria têxtil laociana. Em um primeiro momento, pode parecer absurdo, quase irracional, o investimento de qualquer grande potência no país, especialmente neste setor, já que o pequeno país tem falta de material têxtil, falta de mão de obra qualificada e é bem pequeno em comparação com seus vizinhos. Porém, o que atrai os investimentos é a baixo custo de mão de obra, que favorece os lucros das grandes empresas, e, principalmente, o acesso preferencial ao mercado (especialmente quando é levado em conta o acesso sem taxas ao mercado da União Europeia, sob o Sistema Generalizado de Preferência). Hoje, a indústria emprega entre 20 mil e 30 mil trabalhadores, que ganham em média 100 dólares por mês.
O país tem, cada vez mais, investido em abrir as portas para que grandes empresas possam efetivamente criar um polo têxtil na região. A ideia, é que o crescimento da exportação de vestuário seja de 183 milhões de dólares, em 2012, para 500 milhões, em 2015. O grande impasse, contudo, é manter a mão de obra local trabalhando fielmente na indústria.
Para solucionar esse problema, o Centro de Desenvolvimento de Competências no Vestuário do Laos (AIVL) e o Centro de Desenvolvimento de Competência em Vestuário (CDCV) laçaram, no final de 2012, uma grande campanha publicitária com o intuito de duplicar a força de trabalho no prazo estipulado pelo governo do país.
Muitos analistas e profissionais da indústria do Laos garantem que não existe falta de capital ou de demanda, o único fator que prejudica o desenvolvimento do setor é a falta de mão de obra, que se torna o grande fantasma de investidores internos e externos. Hoje, empresas como a Hi-Tech Laos Apparel, subsidiária do grupo tailandês Hi-Tech, estão negociando com grandes marcas globais, como H&M, Armani e Hugo Boss, porém, ainda temem os perigos de uma demanda maior do que efetivamente pode ser produzido. Chamlong Janetanakit, diretor da empresa, revela que “Nem temos falta de encomendas, nem de capital para nos expandirmos. A nossa única restrição é a mão de obra.”.
Para não permitir que a oportunidade de desenvolvimento desse mercado escape, a indústria de vestuário do Laos vem tentando arduamente implementar novas estratégias para se tornar mais atrativa não só para os investimentos externos, mas principalmente para os trabalhadores locais.
A grande arma para suportar o crescimento da indústria do Laos e que garante o possibilidade de maior benefício aos trabalhadores sem gerar encargos na produção é o fato de, como País Subdesenvolvido, ser privilegiado pelo regime de Tarifas Preferenciais Gerais (TPG). Por esse motivo, o país precisou rapidamente integrar a lista de países da OMC, garantindo este suporte e abatendo, assim, as taxas de exportação de seus produtos, sendo um facilitador para muitas das grandes empresas de vestuário. Com isso, o país deixa de ter que pagar os 12-14% dos direitos de exportação, tendo uma vantagem competitiva de mais de 10% com outras indústrias.
Porém, assim como o bônus gerado pela TPG, que começará a ser legitimo a partir de 2014 para o Laos, vem o ônus. Com a chegada do país à lista do TPG, grandes países que vendiam materiais importantes para o Laos devem deixar de fazer parte dos beneficiados, como China, Hong Kong e Indonésia. Sem as vantagens nas negociações com esses países, é possível prever um encarecimento substancial na produção laociana.
Outro ponto, ainda sobre o mérito da TPG, é motivo de controvérsia interna. Por um lado, e com toda a razão, o governo tem planos para melhorar o status do país, fazendo-o deixar de ser um País Subdesenvolvido e ganhando nível de País em Desenvolvimento até o ano de 2020. Muitos benefícios devem ser levados em conta com esse novo patamar da economia e do governo do Laos, porém, ao ganhar esse status, o país perderá a legitimidade de usar o TPG, perdendo a condição de exportar sem taxas para seu maior mercado consumidor, a União Europeia.
A entrada, portanto, do Laos na OMC foi absolutamente estratégica. O país, que antes dependia de acordos bilaterais para regular suas negociações, agora se encontra sob o guarda-chuva da Organização, tendo um credito maior para suas negociações e um parceiro institucional para o desenvolvimento de seu mercado de têxtil. Além disso, faz parte dos planos da OMC, sem seu Acordo sobre Têxteis e Vestuário (ATV), a supressão gradual de todas as quotas para o comércio de têxteis e vestuários.
Vários comunicados da própria OMC já afirmam a necessidade de suporte do Estado à indústria, para que ela não seja canibalizada pelos seus vizinhos ou por países mais poderosos. Resta saber até quando o problema de mão de obra continuará pulsando no interior do Laos e até onde a própria OMC poderá ajudar a já importante e grande indústria têxtil do Laos, sem prejudicar seu rendimento em curto, médio e nem longo prazo.
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Bernardo Castro Cunha )
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Mais um "calo" para a já combalida industria têxtil brasileira.
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