Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Quem está nesta semana em Milão e vive de moda, tem a oportunidade de mudar seu destino. Vendo de perto como os criadores-líderes são capazes de despertar nosso desejo apontando saídas para driblar a mesmice e ao mesmo tempo apresentando estratégias para enfrentar o novo mundo, logo notamos que temos muito a aprender.

 
 
A visita ao Fuorisalone é uma imersão nos melhores exemplos e práticas do design do mundo.
 
 

Por que? Porque é cada vez mais necessário proteger o território de uma marca com base na reputação. De um lado, criativa e inovadora e, por outro, baseada na responsabilidade, que envolve, obviamente, o destino dos produtos, as matérias-primas e processos e também a mão-de-obra. Aquilo que é claro para designers de cadeiras, luminárias, sofás e tapetes, ainda está engatinhando na cabeça dos profissionais de moda: essa, sem dúvida, é a moda do futuro.

 

O designer do passado: de onde viemos

 

Se você quer saber toda a história que criou a figura do profissional de design, não deixe de ler o livro de Rafael Cardoso, Uma introdução à história do design. Livro clássico para estudantes da área, vai mostrando, passo-a-passo, qual foi o contexto social exato que "exigiu" o surgimento de um novo tipo de profissional: o designer.

 

Não vamos te contar a história inteira aqui porque queremos que você leia o livro, mas vamos dar um breve spoiler pra destacar que foi a ampliação do consumo, favorecida pela industrialização, que acabou demandando a produção cada vez maior de "coisas", entre elas, as roupas e tudo o que podemos colocar dentro do universo do vestir. Por isso, surgiu uma figura profissional que precisava criar continuamente coisas ...

 

Com o tempo, o que acabou acontecendo? A produção superou tanto a demanda necessária que acabou esvaziando de significado a maioria dos produtos, que se tornaram cada vez menos valorizados pelo consumidor (veja o caso do fast-fashion). O designer se tornou responsável por encontrar soluções para diminuir o trabalho humano nos processos, dentro da lógica da produção seriada e "o mais barata possível."

 
Os bens que ficam em nossa vida por mais tempo, são sempre escolhidos com mais cuidado. A qualidade do projeto e da execução, se refletem em "prazo de validade" estético e funcional desses produtos.
 
 

Ao longo dos últimos duzentos anos, só uma parte da produção - aquela dos bens mais duráveis (se comparados às roupas) -, é que conseguiu conservar parcialmente resquícios do valor simbólico "das coisas". Por que? Trata-se de uma unidade de medida temporal, afinal, se vamos conviver com nossa cozinha ou com um sofá por um tempo bem maior, temos que pensar muito bem no que escolhemos e nos acostumamos a entender de que "vale mais" porque "dura mais".

 

As roupas e todo esse universo chamado moda, viveu uma experiência contrária. Os "prazos de validade" se tornaram cada vez mais curtos, e roupas cada vez mais baratas se tornaram obsessão para os consumidores, constantemente induzidos a mudar seu guarda-roupa. É fácil observar esse fenômeno: estudamos a moda da primeira ou da segunda metade do século 18, depois dos quartos do século 19, depois das décadas do século 20 e agora falamos em "tendências" curtíssimas, de um ou dois anos. O investimento de tempo nesses produtos tão efêmeros não pode ser grande ...

 

O designer do futuro: para onde caminhamos

 
 
A lógica do design de objetos pode e deve ser incorporada à dinâmica do vestuário. O tempo e a singularidade agregam valor ao produto.
 
 

É fascinante observar o movimento e a preocupação de empresas e designers com os produtos que estão apresentando no Fuorisalone em Milão. Fruto de pesquisas e investimento em design e em inovação, de cadeiras a luminárias, passando por tapetes, vasos, papéis de parede e pias, o que mais se vê é a preocupação com a sustentabilidade e a busca da inovação estética e prática (funcional). Nos admiramos ao perceber como marcas concorrentes conseguem ser absolutamente diferentes umas das outras para atender a aspirações de seus consumidores de modo tão autoral. De onde vem essa força? Vamos elencar os três pontos que entendemos como basilares para uma cultura do design que deve cada vez mais ser aplicada à moda.

 
  1. Sustentabilidade Parece lugar comum falar desse assunto mas não é. Definitivamente os anos de ignorância e de responsabilidade ficaram para trás se você quer ter algum futuro no desenvolvimento de produtos, inclusive nos de moda. Sobretudo relacionada com a pesquisa e desenvolvimento de novos materiais, a sustentabilidade é visível também nas formas de utilizar os artefatos, nos processos de descarte, reutilização etc. A vida do objeto, nunca importou tanto e é isso, inclusive, que você vai ver no livro Caminhos da sustentabilidade na moda de Laura Fernandes.

  2. Inovação estética Esqueça as regras de bom gosto que você pode ter ouvido ou lido por aí ... Muito mais preocupadas com identidade do que com normas e regras, é a vez da expressão da marca ou do designer nos produtos. Não é por acaso que a presença das marcas de moda no desenvolvimento de linhas casa é cada vez maior. A ideia não é que os produtos sejam descartáveis (como a roupa barata), mas que a atmosfera da marca se estenda à casa também.

  3. Originalidade A palavra originalidade vem de "origem", isto é, aquilo que se mantém fiel a suas raízes e, por isso, quanto mais originário, mais original! E a tal da originalidade está cada vez mais presente nas incríveis criações expostas em Milão. Elas nos levam às origens e percursos das marcas, nos conduzem a técnicas ou processos ancestrais ou respeitam e homenageiam os legados. É um dos principais valores do design do futuro!

Como entender o que está acontecendo e se tornar o profissional de moda do futuro?

 

Não é fácil tomar as decisões profissionais corretas em cenários de incerteza e, por isso, é tão importante compreender para onde o mundo está se dirigindo. Trazemos três dicas que podem ser super úteis pra todo mundo que quer trabalhar com moda e pretende investir na sua formação para ter os melhores resultados.

 
  1. Visite feiras de lançamentos de tecnologias e materias. Nelas, você poderá conhecer com antecedência o que as grandes indústrias e laboratórios de pesquisa estão propondo e, com certeza, você poderá dirigir seu desenvolvimento de produtos com muita antecedência, minimizando erros e potencializando suas ideias. Nós estaremos em Paris na Première Vision logo mais e, se você quiser, pode vir com a gente.

  2. Atualize-se sobre sustentabilidade. Lembre que sustentabilidade na moda não é apenas uma filosofia, pois exige ações práticas e decisões que você pode assumir. Por isso, acompanhar todas as novidades é tão importante, pois sustentabilidade nunca tem fim. É um longo processo... Se você quiser, pode se juntar a nós nessa jornada!

  3. Aprenda a projetar de verdade. O melhor instrumento que você tem para o desenvolvimento de produtos perfeitos (ou quase...), é a sua cabeça. Então, invista no desenvolvimento de projetos completos, complexos e coerentes.

https://www.fashion-for-future.com/post/a-moda-do-futuro

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