Sidarta Gautama conhecido como “O Buda”, pregou que devemos seguir o caminho do meio. Ele chegou a essa conclusão quando passou por vários anos seguindo um regime maluco de parar de comer, mas isso não o ajudou a chegar a iluminação espiritual que almejava. Observando um instrumento musical, ele notou que se as cordas estiverem frouxas, não se consegue tocar mas se elas estiverem apertadas demais, irão arrebentar.
Esse ensinamento do Budismo encontra ressonância no conhecimento ocidental através da filosofia aristotélica onde o conceito de virtude é baseado no equilíbrio, ou seja, a virtude está sempre no justo meio entre dois vícios antagônicos. O segredo para o sucesso é seguir o caminho do meio vivendo com equilíbrio e flexibilidade sem perder a direção. Foi refletindo sobre esse ensinamento de Buda que comecei a imaginar qual seria a melhor alternativa para transformar a indústria da moda atual.
Acredito que o “caminho do meio” que levaria um maior equilíbrio entre o fast fashion e o slow fashion seria o “hybrid fashion” ou moda híbrida. A moda híbrida seria uma nova forma de agir e ser criativo em uma escala de pensamento maior do que a indústria da moda atual. Ao combinar as melhores características que existem entre dois sistemas antagônicos podemos assim criar novas características que nunca foram aplicadas antes.
Isso não quer dizer que a moda híbrida substituiria os outros dois sistemas de produção mas sim seria uma terceira alternativa para se criar uma moda sustentável e equilibrada economicamente que não exigisse uma diminuição drástica no consumo como defende o slow fashion.
As principais características da moda híbrida seriam:
A indústria da moda enfrenta desafios globais ambientais e sociais graves e o consumismo é impulsionado pelo crescimento da população e do desenvolvimento econômico. A população mundial deve chegar a 9,2 bilhões em 2050 e o número de consumidores de classe média deverá triplicar até 2030. Os volumes de produção cada vez mais crescentes da indústria da moda causam um impacto ambiental e social significativo, especialmente no uso de água e produtos químicos no cultivo e produção das duas fibras mais utilizadas como o algodão e poliéster.
Soluções inovadoras são necessárias para resolver ou melhorar as questões ambientais de maior importância (desperdício de água, uso de energia e produtos químicos tóxicos). Todo mundo sabe dos problemas causados pela indústria do fast fashion mas querendo ou não, seu dinamismo e rapidez de produção movimentam a economia de países inteiros e em alguns, a indústria têxtil é o principal motor da economia como é o caso dos países mais pobres. Eu vejo a traumática situação econômica no Brasil onde milhares de confecções e muitas tecelagens faliram porque o consumo desabou.
Se a roda do consumo começa a girar mais devagar todo o setor industrial do país sente o baque e com isso milhões de pessoas podem perder seus empregos, o que alimenta ainda mais a crise e com isso um círculo vicioso de auto destruição se instala. Eu não vejo sustentabilidade numa economia de baixo consumo pois se as pessoas não querem comprar as empresas não contratam e também não investem em inovação.
O caminho do meio entre o slow fashion e o fast fashion seria o hybrid fashion gerando o equilíbrio entre os opostos.O fast fashion incentiva o consumismo desenfreado e o slow fashion o consumismo consciente mas ambos que estão no extremo oposto da balança, acabam causando consequências diferentes para a sociedade e por isso acredito que o “caminho do meio” através da moda híbrida seria a melhor alternativa. Temos que admitir que o fast fashion democratizou a moda para bilhões de pessoas no mundo todo, principalmente os mais pobres que agora podem usar roupas bonitas e baratas e além disso essa indústria dá emprego a milhões de trabalhadores e profissionais em vários países.
O slow fashion por sua vez tem uma filosofia de moda muito mais ética e sustentável mas como é produzido em baixa escala e de forma lenta não focado em tendências de moda, esse sistema não tem como empregar tanta gente como acontece com a indústria do fast fashion. Hoje em dia, as pessoas mais conscientes estão abraçando o slow fashion mas sejamos realistas, a imensa maioria das pessoas no mundo são pobres e ganham muito pouco e quando sobra um dinheirinho, elas querem consumir e a melhor alternativas é justamente o fast fashion. E porque não oferecer uma terceira alternativa a essas pessoas com a hybrid fashion?
Acredito que em vez de criar uma polarização entre moda rápida x moda lenta poderíamos seguir os ensinamentos de Buda e procurar o equilíbrio com o caminho do meio, e a moda híbrida poderia ser uma alternativa mais equilibrada de manter o consumo mas de forma ética e sustentável. A união desses dois polos antagônicos pode criar uma poderosa energia criativa para a indústria da moda do século XXI.
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"O fast fashion incentiva o consumismo desenfreado e o slow fashion o consumismo consciente ".
Quando é que essa mídia vai dar uma guinada a direita e parar com a cortina de fumaça sobre as maravilhas do capitalismo, da produção em escala, do aumento da produtividade e da redução de custos? O fast fashion só existe porque hoje as indústrias possuem tal nível de automação produtiva e logística integrada com seus fornecedores, também altamente especializados, que permite que sejam fabricadas muito mais peças com um custo muito menor.
Para quem isso é ruim além daqueles que não são produtivos, sendo que pagando menos, sobra mais dinheiro no bolso do consumidor para comprar outras coisas, mesmo outras roupas? Aquele que não consegue acompanhar essa era de altíssima produção a preços baixos e quiser se especializar em artigos com alto valor agregado, terá que ter em mente o valor de marca, a qualidade extrema no acabamento da peça, o design, e muita, muita grana em propaganda, desfiles de moda, permuta com artistas etc.
Portanto, não é simplesmente porque sua empresa produz pouco e com custos altos que ela é slow fashion, mas sim slow speed.
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