Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A nova era dos Brechós: Buscando No Passado Soluções Para O Futuro

Consumo sustentável é a pauta principal quando falamos do mercado de moda atual. Entre diversas tendências de comportamento, a moda mais consciente e o lowsumerism estão entre elas. Como carro chefe desse movimento, o brechó, seja de roupas vintage ou de peças de segunda mão, aparece absoluto.

Entre tantas teorias sobre a origem do brechó, a mais popular delas é do ambulante Belchior. No século XX, Belchior ficou conhecido por vender roupas e objetos de segunda mão no Rio de Janeiro. Depois dele, outros empresários abriram “lojas de Belchior” mas com o passar do tempo, o nome de estabelecimentos com esse intuito simplificou e passou de “lojas de Belchior” para “brechó”.

Muito populares nos Estados Unidos e Europa, ganharam força após a crise financeira dos países e vêm crescendo ainda mais com o aumento da conscientização em relação à sustentabilidade, além da crise mundial enfrentada desde 2008.

No Brasil, a atual crise econômica e a busca por uma moda mais sustentável ajudou a espantar o preconceito e o número de novos brechós cresceu nos últimos 5 anos, movimentando todos juntos cerca de R$ 5 milhões por ano. O que até então era cafona, ou destinado a um público muito nichado, ressurgiu como alternativa para o momento em que vivemos, já que alivia o bolso de quem compra e o meio-ambiente

A exclusividade é outro motivo responsável por tornar a imersão nesse universo vintage ainda mais encantadora, pois, dificilmente, encontraremos alguém com a mesma peça. Mas nem sempre brechó é sinônimo de coisa muito baratinha. Quanto mais antigo for o produto maior seu valor agregado e o preço pode acabar ficando mais alto do que o esperado. Mas mesmo considerando esses produtos com maior valor agregado, de acordo com o Sebrae, nos brechós o consumidor chega a economizar cerca de 80% em relação a produtos novos.

Em São Paulo podemos encontrar brechós nos mais variados segmentos e não é de hoje que a cidade abriga esses estabelecimentos. Alguns se estabeleceram como nomes tradicionais de peças bem selecionadas como B.Luxo, Casa Juici e Frou Frou, outros, como o Capricho À Toa, são conhecidos por terem de tudo um pouco e em enormes quantidades.

“Meses depois de conhecer minha mulher e sócia Paula Reboredo, em 2007, abrimos o B.Luxo. Ambos já amávamos o universo vintage e já tínhamos algumas peças como acervo. A Paula já tinha tanta coisa que já não cabia tudoem seu armário. Daí tivemos a ideia de abrirmos nossa casa para venda para amigos. Logo deu certo e na sequência conseguimos um espaço na loja francesa Surface to Air, que ficava no Jardins”, explicou Gil França, dono do B.Luxo.

Vimos que tínhamos público e nos arriscamos em uma pequena loja de galeria! Hoje, continuamos na Augusta em uma loja maior. No início já nos preocupávamos com o meio ambiente! Mas, hoje [essa consciência]só vem aumentando, e vemos que muitos já se preocupam também e preferem consumir aqui na loja ou em outros lugares com a mesma intenção! Consumo consciente,exclusividade e qualidade”, finaliza.

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Brechó B.Luxo // Luiza Guedes

Além do amor pelo vintage, junto com os problemas relacionados a impactos ambientais e sociais da cadeia produtiva da moda, cresceram também os consumidores que questionam as práticas trabalhistas da indústria têxtil e com isso buscam nos brechós uma alternativa a fim de não compactuarem com fenômeno ocasionado pelo fast-fashion, que estimula o consumo e descarte de roupas além de tantas outras irregularidades já bem conhecidas.

Engajadas no conceito slow, Luzia e Giovanna Belucci, mãe e filha donas do Frou Frou, acreditam que aos poucos o público vai entendendo o conceito por trás das roupas de segunda mão. “É um trabalho de catequizar as pessoas”, brinca Giovanna, que tem o garimpo como sua paixão: “É mais autêntico, sustentável e barato”.

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Brechó B.Luxo // Luiza Guedes

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Look Frou Frou // Luiza Guedes

Quando falamos de peças reutilizadas, vale a pena ressaltar que como compradores, devemos estar sempre alerta para fazer boas escolhas. Saber a origem, o material e a idade média da peça são fundamentais para fazer melhores escolhas e prolongar a vida útil da sua roupa, já que o intuito é cuidar bem para não sejam descartadas tão cedo.

Os sócios Junio Guarnieri e Simone Pokroop, fundadores da famosa Casa Juisi, espaço voltado para residência artística, pesquisa de moda e aluguel de figurino, comandam acervo e loja/brechó do Juisi by Licquor, fazendo, além da curadoria, a restauração de suas peças vintage quando necessário, utilizando, inclusive, os aviamentos da época da peça.

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Brechó Juisi By Licquor // Luiza Guedes

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Brechó Juisi By Licquor // Luiza Guedes

Engana-se quem acha que não é possível estar atual garimpando peças de brechó. A dica é começar por peças atemporais ou buscar ajuda com quem entende do assunto. Por serem roupas antigas, não tenha pressa na hora da escolha e verifique atentamente todos os detalhes. Repare se não há furos, manchas, costuras arrebentadas e avalie se por ventura houver, se o reparo vale a pena no custo-benefício final. Boa sorte com suas “novas” escolhas!

http://www.modefica.com.br/author/luiza.guedes/#.VpDgs7YrK1s

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Respostas a este tópico

recentemente visitei budapeste e la tem uma rua que é impossivel lembrar o nome, so sei que é a que sai da frente da estaçao central de trem, tem varias lojas second hand, inclusive uma enorme de criança e bebes, entrei duas vezes e renovei meu guarda roupa com aproximadamente 80 euros, so calças de linho puro, alfaiataria fina, blusas de voal de algodao, um luxo. pena que aqui no nordeste nao tem quase nada ainda, é mais vintage, mas acredito que logo teremos mais

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