Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A palavra-chave é produtividade, e o Brasil vai muito mal aqui…

Um trabalhador chinês do setor de manufatura custa, em média, US$ 1,74 por hora. Um trabalhador americano do mesmo setor vale US$ 23,93, sem contar benefícios. Apesar do custo competitivo, a China, responsável por montar um produto como o iPad, fica com apenas 7% do valor final do tablet. Os demais 93% remuneram licenças de patentes, softwares, marcas e outras atividades de alto valor, cuja origem é justamente os Estados Unidos.

Assim começa a interessante reportagem no Valor hoje sobre nossa produtividade, mostrando como no mundo moderno é fundamental ter qualidade técnica na mão de obra para competir no mercado global e agregar valor de fato. O Brasil vai muito mal nesse quesito, como mostra o estudo ”O Brasil e a Importância da Indústria Intensiva em Conhecimento”. Basta ver o quão pouco nossa produtividade do trabalho cresceu nas últimas décadas:

Fonte: Valor

Fonte: Valor

Como competir com os demais países nessas condições? O Brasil acaba muito dependente de suas vantagens comparativas naturais, e os produtos básicos representam o grosso de nossas exportações. Mas ficamos para trás em produtos manufaturados de maior valor agregado.

O “Custo Brasil” está por trás dos problemas. Com uma mão de obra pouco qualificada, uma infraestrutura capenga, leis trabalhistas obsoletas, impostos abusivos e complexos, é simplesmente inviável disputar com países mais desenvolvidos e livres.

Mas se o lado dos custos é fundamental, tão importante ou mais é olhar para o lado do conhecimento, como alerta o professor de economia Jorge Arbache, da UnB. Vivemos na sociedade da informação, e não é razoável achar que seremos competitivos apenas vendendo soja e minério de ferro. Mas como inovar sem educação e investimento em pesquisa e desenvolvimento? Diz o jornal:

Em 1980, a produtividade do trabalhador brasileiro era 670% maior do que a do trabalhador chinês e 70% menor do que a americana. Em 2013, o Brasil perdia nos dois casos: a produtividade do trabalhador brasileiro era 80% inferior à americana e 18% menor do que a chinesa. No período, a produtividade dos chineses cresceu 895%. Já a dos brasileiros, meros 6%.

Como avançar com esse ambiente de negócios extremamente hostil, com essa cultura contra o próprio capitalismo e o lucro? Como mergulhar em mais inovações quando a meritocracia é atacada e o intervencionismo estatal enaltecido? Ficamos na lanterna quando se trata de investimentos em pesquisa:

Enquanto países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) investiram, em média, 2,4% do PIB em P&D, o Brasil investe 1,2% do PIB – com cerca de metade disso vindo do setor privado. Quanto aos pedidos de patente, o Brasil depositou 1,8 mil pedidos em 2012, a Índia, 6,8 mil e a China, 400 mil.

Diante do quadro, o Brasil fica com a 61ª posição no índice de inovação do World Intelectual Property Organization (Wipo, na sigla em inglês), dentre 143 países, atrás de praticamente todos os emergentes que podem ser considerados nossos potenciais concorrentes econômicos, incluindo Malásia, China, Polônia, Tailândia, África do Sul e México.

A burocracia estatal é outro enorme obstáculo à inovação. O tempo de espera para a análise de um pedido de patente é muito maior no Brasil do que nos demais países. É o estado fazendo de tudo para que a vida de quem efetivamente cria riqueza seja mais complicada. Como avançar assim?

Sem ganhos de produtividade, os aumentos salariais decretados pelo governo se mostram insustentáveis. A única forma de aumentar os salários de forma consistente e sustentável é expandindo a produtividade do trabalho. Resta combinar com o governo para que este saia um pouco da frente e deixe o caminho mais livre para a iniciativa privada…

Rodrigo Constantino

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Respostas a este tópico

  Uma vergonha.

Ontem a TV Band, apresetou debate dos candidatos. Virou Combate. Nehum falou sobre os desafios mostrados pelo Constantino. Em Conceição do Mato Dentro(Minas Gerais), uma Mineradora esperou 8 anos para conseguir licença para construir um mineroduto até o porto.( passa em 2 estados) Ainda tem ambientalista xiita achando que não foram corrigidas as "Condicionantes". E vamos exportar matéria prima, mais uma vez. Não poderíamos ter, pelo menos, alto forno? Adicionaríamos algum valor!

   Sem ganhos de produtividade, os aumentos salariais decretados pelo governo se mostram insustentáveis. A única forma de aumentar os salários de forma consistente e sustentável é expandindo a produtividade do trabalho

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