Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O poder político dos empresários do Bangladesh tem permitido uma certa impunidade no país relativamente aos acidentes que já levaram à morte de milhares de trabalhadores, apesar dos esforços dos sindicatos para melhorarem as condições de neste império da confeção. 

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A queda do império? – Parte 3

Numa espécie de círculo vicioso, os preços que as grandes marcas e retalhistas ocidentais estão dispostos a pagar têm vindo a diminuir, levando a uma pressão crescente sobre os trabalhadores da indústria têxtil e de vestuário (ver A queda do império? – Parte 2).

Os ativistas laborais afirmam que tal como as marcas estão a esmagar os seus fornecedores, os donos das empresas reduzem os salários que pagam – e têm o apoio político para o conseguirem.

Um estudo da Fair Wear Foundation, um grupo de pressão sem fins lucrativos, concluiu que alguns trabalhadores recebem menos do que o salário mínimo, quase um quarto deles foram redistribuídos para áreas com salários mais baixos e os bónus foram reduzidos.

Muitos trabalhadores das fábricas vivem nas ruas sujas da capital. Entre eles está Minara, que se recusou a dar o nome completo. Ela é uma das mais de 3,5 milhões de mulheres que trabalham na indústria de vestuário.

Casa para ela é uma divisão única sem janelas que partilha com o marido e uma filha de 15 anos. A rapariga, tal como a mãe, é ajudante numa fábrica a medir tamanhos de golas e a organizar lotes de tecidos. Juntas, mesmo com horas extraordinárias, Minara e a filha ganham cerca de 90 dólares (cerca de 70 euros) por mês, metade do qual é para pagar a renda.

À porta e olhando para a casa de banho e área da cozinha que partilha com os vizinhos, Minara afirma que o preço de uma camisa na Europa ou nos EUA custa aproximadamente o mesmo que ela ganha num mês. «Mas se o governo levasse a situação a sério, e desse ordens aos patrões, então tudo funcionaria melhor», acredita.

O governo ajudou a manter uma rolha no ativismo laboral. Em 2010, no meio da violência que despoletou nesse ano, criou uma forte Polícia Industrial com 2.990 agentes para recolher informação e evitar a agitação em zonas de fábricas.

«Se qualquer sindicato fizer demonstrações ou levantar a voz, a polícia industrial vem e ordena-lhes que parem de protestar», explica Babul Akhter, ativista dos direitos laborais, líder do Bangladesh Centre for Workers Solidarity. «Se não pararem, são atacados e agredidos com bastões», acrescenta.  

O governo nega que os sindicatos sejam reprimidos. Afirma que muitos ativistas têm motivações políticas e, apoiados por organizações não-governamentais do Ocidente, deliberadamente promovem a agitação social.

«Apoiamos os sindicatos e queremos que tenham um papel maior», afirma H. T. Imam, um membro do governo e conselheiro do Primeiro-Ministro. «Somos bastante pró-trabalho», acrescenta.

Sem julgamento
Mohammad Fazlul Azim, empresário e membro independente do Parlamento, considera que os líderes do negócio de vestuário estão «socialmente ligados», mas nega as notícias de que oleiam as rodas da engrenagem através de doações aos principais partidos políticos.

Um industrial, em defesa dos patrões que são membros do Parlamento, afirma que «é verdade que muitas destas pessoas são realmente importantes e têm poder suficiente para pressionar o governo, mas não os vi a criar uma lei ou discussão (sobre a indústria) no Parlamento».

A associação da indústria de vestuário, a Bgmea, é constantemente criticada nos media por proteger os seus membros quando acontecem acidentes em fábricas. Grupos de defesa dos direitos humanos lembram que nunca houve um caso em que o dono de uma empresa fosse julgado pela morte de trabalhadores.

A Bgmea, por seu lado, defende-se, afirmando que está a discutir questões de segurança com representantes de mais de 40 marcas, incluindo H&M, JC Penney, Gap Inc, Inditex, Levi's, Marks & Spencer, Tesco, Target, Nike Inc e Primark.

Em novembro, dezenas de trabalhadores morreram num incêndio numa fábrica de vestuário, muitos deles porque os supervisores ordenaram que regressassem aos seus postos de trabalho, apesar do alarme ter tocado e do fumo que subia pelas escadas interiores.

O dono da empresa foi absolvido de qualquer culpa no relatório da Bgmea sobre o incidente. O governo indicou que suspeita que o incêndio teria sido um ato de sabotagem – embora isso nunca tenha sido provado. Os pedidos para que o dono da empresa fosse a julgamento nunca foram ouvidos. 

http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/42479/xmview/...
 

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CADE A OMC, TERIA QUE CAIR EM CIMA DESTAS MARCAS ENVOLVIDAS POIS INDIRETAMENTE SAO RESPONSAVEIS POR ESTAS TRAGEDIAS, EU NAO VI ATE AGORA NINGUEM FALAR DA OMC, O QUE ELES DIZEM ELES NAO SABEM SE METER QUANDO UMPAIS TAXA PRODUTO TAL, PRINCIPALMENTE SE FOR O BRASIL QUE TODA VODA FOI CAPAXO DELES E AGORA QUER LEVANTAR A CABEÇA, CADE ELES AGORA QUE PAPEL TEM ELES NESTA GUERRA DE PREÇO QUE E O QUE ACARRETA TUDO ISTO, CADE OS GOVERNATES DOS PAISES ONDE ESTAS MARCAS SE INSTALAM, TEM QUE BOICOTAR, POIS IMAGINA AI SE O BLOCO DA AMERICA DO SUL PROIBISSEM DE ABRIR LOJAS DA ZARA, HM E QUALQUER UMA OUTRA ENVOLVIDA NESTA TRAGEDIA? E SONHO? PÓDE SER MAS O MUNDO SO MUDA SE ALGUEM SONHAR, SE NAO HOUVESSE SONHO AINDA EXISTIA APATHEID, NEGO AINDA NAO PODIA FAZER FACULDADE NOS ESTADOS UNIDOS, O PLANETA ESTA CARENTE DE MANDELAS, DE MATIN LUTHER KIG, DE GANDHI E OUTROS TANTOS QUE MUDARAM O MUNDO, IMAGINEM SE NOS DA CONFECÇÃO FOSSEMOS A BRASILIA EXIGIR FECHAMENTO DESTAS PORCARIAS QUE ESTAO ENCHENDO O NOSSO PAIS DE LIXO DA ASIA, SERÁ QUE NAO TERIA NENHUM EFEITO?

Numa espécie de círculo vicioso, os preços que as grandes marcas e retalhistas ocidentais estão dispostos a pagar têm vindo a diminuir, levando a uma pressão crescente sobre os trabalhadores da indústria têxtil e de vestuário

A Dª Francisca, outra vez, está misturando as coisas.

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