Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A reciclagem de alumínio como inspiração para a Indústria da Moda

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Atualmente, muitos países priorizam a reciclagem de resíduos comuns, como vidro, madeira, papel, plástico e metal, enquanto a reciclagem de têxteis é menos priorizada e divulgada (Anthouli et al., 2013). Isso tudo deve-se a falta de informação que muitas vezes não é disseminada entre a população e também pela gestão governamental que não atua positivamente nessa área. 

De acordo com estimativas do SEBRAE (2014), o Brasil produz 170 mil toneladas de retalhos têxteis por ano, sendo grande parte gerada no Estado de São Paulo, as estimativas mostram que 80% do material têm como destino os lixões e aterros sanitários, um desperdício que poderia gerar renda e promover o estabelecimento de negócios sustentáveis. Em contrapartida, segundo, dados da Associação Brasileira de Fabricantes de Alumínio ABRALATAS (2017), foi divulgado, que o Brasil pelo 12º ano consecutivo, mantém o índice de reciclagem da lata de alumínio para bebidas acima de 90%, confirmando a estabilidade e o sucesso do modelo de logística reversa utilizado no setor.

O grande mercado da reciclagem de têxteis é um setor que ainda não é explorado, visto a pequena parcela destes materiais que são reciclados. Sendo assim, existe um grande potencial para o setor de reciclagem têxtil, capaz de colaborar para a economia circular (Baruque-Ramos et al., 2017 ). Quando se reutiliza o material têxtil, existe uma imensa contribuição para o meio ambiente, pois a não utilização de matéria prima virgem reduz a utilização da água, energia e produtos químicos na cadeia de produção (Dahlbo et al., 2017). Mas, infelizmente o mercado de reciclagem de têxteis ainda enfrenta uma série de desafios e barreiras, como tecnologias práticas limitadas para a reciclagem da variedade de fibras existentes (Zamani, 2014). São poucas as empresas que trabalham com esses materiais, é um mercado que está a engatinhar, pois existe um grande volume de material proveniente das indústrias têxteis como roupas e retalhos (Remy et al., 2016). Esse material pode ser reutilizado para fabricação de novos fios e barbantes, mantas acústicas e artesanatos.

Já para alumínio que é utilizado na produção de latas de bebidas a realidade é totalmente oposta, pois quase todas as latas de alumínio vendidas em 2017 retornaram para o ciclo produtivo, alcançando um índice de 97,3% de reciclagem. Das 303,9 mil toneladas de latas de alumínio para bebidas colocadas no mercado em 2017, 295,8 mil toneladas foram recolhidas e recicladas. Desde 2004, mantém-se num índice acima de 90%, o que deixa o Brasil entre os lideres mundiais da reciclagem desta embalagem segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (ABRALATAS, 2017) e pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL, 2017). A reciclagem da latinha movimenta a economia e garante as condições para a reciclagem de outras embalagens. “Somente na etapa de sua coleta, R$ 730 milhões foram injetados diretamente na economia brasileira em 2015, o que corresponde a quase um milhão de salários mínimos” (ABRALATAS, 2017). Isso acaba proporcionando mais desenvolvimento pela procura de tecnologias nas organizações com investimentos da melhoria de suas produções e cuidado com a sustentabilidade, que contribui com o meio ambiente e custos internos da organização. Hoje, caso uma pessoa joga uma latinha de alumínio em uma calçada, certamente este material não ficará muito tempo ali, alguém irá recolhê-lo, pois sabe que se trata de um material com valor agregado; já um saco de retalhos ou uma camiseta, este, provavelmente, ficarão no meio ambiente até algum agente de coleta municipal recolher junto à coleta de lixo comum, pois não existe um trabalho de divulgação do valor que os resíduos têxteis podem gerar.

Diante de todas as informações, em que volume demonstrado tanto dos retalhos têxteis e das latinhas de alumínio apresentam valores significativos, mas com uma enorme discrepância entre ambos, a reciclagem de latinhas de alumínio no Brasil é um modelo de sustentabilidade a ser seguido por outros seguimentos. Já a reciclagem de retalhos têxteis, mesmo com um grande volume, não tem destinação correta e sua reutilização ainda está num patamar muito pequeno e este subproduto do segmento têxtil pode deixar de ser destinado ao lixo comum e ser reutilizado na geração de emprego, renda e na preservação do meio ambiente. 

Por

Rodrigo Antoniassi Cardim

Engenheiro Têxtil – UEM

Mestrando em Sustentabilidade – IFPR/UEM

 

Foto: Tim Mitchell

https://www.fashionrevolution.org/brazil-blog/a-reciclagem-de-alumi...

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