Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Nos próximos anos, vamos nos vestir de forma mais criativa e ter uma relação mais clara e honesta com os produtos que adquirimos


Chiara Gadaleta (Foto: Reprodução)

Aprimeira temporada de Chiara Gadaleta no mundo da moda foi como modelo. Depois de desfilar nas principais capitais da moda, formou-se em estilismo no cultuado Studio Berçot, em Paris, onde, mais tarde, também deu aulas. De volta ao Brasil, especializou-se em styling e imagem de moda, passou a assinar editoriais para as principais publicações do segmento e a dar aulas e palestras em faculdades e escolas de moda. Aos poucos, saiu das passarelas foi encaminhando seu olhar aguçado e questionador para a sustentabilidade, assunto em que acabou virando uma referência no país.

Atualmente, é responsável por programas de inclusão social e capacitação junto a ONGs e cooperativas por todo o Brasil, idealizadora do SP.ECOERA, evento inovador e pioneiro que trata da Indústria da Moda e Beleza integrada a Sustentabilidade, assina as colunas mensais“Eco Era”, na Revista VOGUE, e “Na Moda com Chiara”, na Revista 29HORAS. Recentemente, criou o “Prêmio ECOERA“, em parceria com o SISTEMA B e com apoio da VOGUE .

Nesta entrevista, ela fala sobre como a sustentabilidade pode ser uma assinatura rentável para a moda brasileira, sobre a importância dos pequenos produtores, as empresas que têm feito a diferença e o que podemos esperar nesse segmento para os próximos 50 anos.

Há anos o Brasil busca uma “identidade própria” na moda, algo que possa ser nossa representação no mundo. A sustentabilidade pode ser a resposta pra isso, nossa assinatura?
Chiara Gadaleta: 
Sem dúvida! Desde o início da atuação do Movimento ECOERA, buscamos colocar as práticas sustentáveis como alternativas, não apenas para diminuir o impacto negativo tanto social como ambiental na indústria de moda e beleza, mas também como marca nacional e internacional. Somos um país de oito biomas e com uma enorme diversidade, a sustentabilidade já vem se tornando uma forma de unir ética e estética.

Quais os pontos principais da moda sustentável? O que é preciso olharmos em toda a cadeia de valor, o que está nas mãos das empresas e qual a parte do consumidor nisso tudo?
C.G.: 
Como em outros mercados, na moda também olhamos para os pilares ambiental, social, econômico e cultural. Nesse sentido, é fundamental rastrear toda a cadeia de valor de uma marca, uma empresa ou um produto identificando assim os gargalos e as possibilidades de mudanças, com o objetivo de mitigar os impactos negativos no meio ambiente e na sociedade. No Brasil, práticas como reciclagem, reaproveitamento e upcycling vêm se mostrando cada vez mais viáveis. Essa nova forma de ver e pensar os mercados de moda e beleza precisa ser aplicada por toda a cadeia produtiva, que vai do produtor da matéria prima até o descarte, passando pela indústria e pelo consumidor.

Falar em moda sustentável é um pouco como falar sobre veganismo? É preciso abdicar de algo para seguir nessa linha ou tudo que a moda contempla, nos dias de hoje, pode ser trabalhado de outra maneira?
C.G.:
 Hoje podemos ter uma relação mais clara e honesta com os produtos que adquirimos. No caso da moda e da beleza, podemos escolher entre marcas que já estão trabalhando com atributos sustentáveis, que hoje são vários: ingredientes orgânicos e veganos, comércio justo, reciclagem/reuso/reaproveitamento, pós-consumo, upcycling, dentre outras. Os consumidores veganos podem escolher outras marcas que, mesmo não usando nenhum produto de origem animal, também buscam, por exemplo, uma forma de produção mais limpa e de menor impacto no meio-ambiente.

Com o Prêmio ECOERA você deve acabar tendo contato com muitas coisas interessantes. Quem são as pessoas ou marcas que estão fazendo um bom trabalho nesse segmento?
C.G.:
 Na primeira edição do Prêmio ECOERA, em 2015, tivemos mais de 80 empresas inscritas, 15 finalistas, seis vencedores e três homenageados. Ou seja, muitas empresas conectadas e muitas práticas e iniciativas interessantíssimas. Hoje podemos destacar a marca de tênis Vert, desenhada em Paris e fabricada no Brasil com borracha nativa e um trabalho lindo com as comunidades seringueiras do Acre; a Catarina Mina, marca cearense de acessórios que capacita comunidades artesãs do entorno e recentemente abriu seu orçamento para seus cientes; e o grupo Malwee, com uma série de práticas de diminuição e reuso de água e energia.

Qual a importância de reconhecermos e empoderarmos os pequenos produtores, comunidades e artesãos do país?
C.G.:
 Além de importante, é urgente! Precisamos pensar no artesanato como patrimônio nacional e, no caso da moda, estabelecer uma troca entre os lindos trabalhos manuais e o design. Porém, infelizmente, a cada ano, perdemos artesãs para outros tipos de trabalho pela falta de valorização do mercado de moda e beleza. Ainda são poucas as marcas que se engajam e mantêm um trabalho junto às comunidades que sobrevivem do trabalho artesanal. Recentemente, o ECOERA lançou o projeto "Trançados do Uatumã" e iremos criar a primeira central de artesanato da Reserva do Uatumã no Amazonas. Nós entendemos que valorizando o trabalho artesanal na floresta, também promovemos a sua preservação.

Nesta entrevista, ela fala sobre como a sustentabilidade pode ser uma assinatura rentável para a moda brasileira, sobre a importância dos pequenos produtores, as empresas que têm feito a diferença e o que podemos esperar nesse segmento para os próximos 50 anos.

Há anos o Brasil busca uma “identidade própria” na moda, algo que possa ser nossa representação no mundo. A sustentabilidade pode ser a resposta pra isso, nossa assinatura?
Chiara Gadaleta: 
Sem dúvida! Desde o início da atuação do Movimento ECOERA, buscamos colocar as práticas sustentáveis como alternativas, não apenas para diminuir o impacto negativo tanto social como ambiental na indústria de moda e beleza, mas também como marca nacional e internacional. Somos um país de oito biomas e com uma enorme diversidade, a sustentabilidade já vem se tornando uma forma de unir ética e estética.

Quais os pontos principais da moda sustentável? O que é preciso olharmos em toda a cadeia de valor, o que está nas mãos das empresas e qual a parte do consumidor nisso tudo?
C.G.: 
Como em outros mercados, na moda também olhamos para os pilares ambiental, social, econômico e cultural. Nesse sentido, é fundamental rastrear toda a cadeia de valor de uma marca, uma empresa ou um produto identificando assim os gargalos e as possibilidades de mudanças, com o objetivo de mitigar os impactos negativos no meio ambiente e na sociedade. No Brasil, práticas como reciclagem, reaproveitamento e upcycling vêm se mostrando cada vez mais viáveis. Essa nova forma de ver e pensar os mercados de moda e beleza precisa ser aplicada por toda a cadeia produtiva, que vai do produtor da matéria prima até o descarte, passando pela indústria e pelo consumidor.

Falar em moda sustentável é um pouco como falar sobre veganismo? É preciso abdicar de algo para seguir nessa linha ou tudo que a moda contempla, nos dias de hoje, pode ser trabalhado de outra maneira?
C.G.:
 Hoje podemos ter uma relação mais clara e honesta com os produtos que adquirimos. No caso da moda e da beleza, podemos escolher entre marcas que já estão trabalhando com atributos sustentáveis, que hoje são vários: ingredientes orgânicos e veganos, comércio justo, reciclagem/reuso/reaproveitamento, pós-consumo, upcycling, dentre outras. Os consumidores veganos podem escolher outras marcas que, mesmo não usando nenhum produto de origem animal, também buscam, por exemplo, uma forma de produção mais limpa e de menor impacto no meio-ambiente.

Com o Prêmio ECOERA você deve acabar tendo contato com muitas coisas interessantes. Quem são as pessoas ou marcas que estão fazendo um bom trabalho nesse segmento?
C.G.:
 Na primeira edição do Prêmio ECOERA, em 2015, tivemos mais de 80 empresas inscritas, 15 finalistas, seis vencedores e três homenageados. Ou seja, muitas empresas conectadas e muitas práticas e iniciativas interessantíssimas. Hoje podemos destacar a marca de tênis Vert, desenhada em Paris e fabricada no Brasil com borracha nativa e um trabalho lindo com as comunidades seringueiras do Acre; a Catarina Mina, marca cearense de acessórios que capacita comunidades artesãs do entorno e recentemente abriu seu orçamento para seus cientes; e o grupo Malwee, com uma série de práticas de diminuição e reuso de água e energia.

Qual a importância de reconhecermos e empoderarmos os pequenos produtores, comunidades e artesãos do país?
C.G.:
 Além de importante, é urgente! Precisamos pensar no artesanato como patrimônio nacional e, no caso da moda, estabelecer uma troca entre os lindos trabalhos manuais e o design. Porém, infelizmente, a cada ano, perdemos artesãs para outros tipos de trabalho pela falta de valorização do mercado de moda e beleza. Ainda são poucas as marcas que se engajam e mantêm um trabalho junto às comunidades que sobrevivem do trabalho artesanal. Recentemente, o ECOERA lançou o projeto "Trançados do Uatumã" e iremos criar a primeira central de artesanato da Reserva do Uatumã no Amazonas. Nós entendemos que valorizando o trabalho artesanal na floresta, também promovemos a sua preservação.

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