Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A Victoria's Secret apresentou seu novo show. Estamos prontos para perdoá-la?

Em novo formato documental e com mulheres à frente do negócio, a dúvida que fica é se o público algum dia estará pronto para apoiar a marca novamente.

Look da Victoria's Secret reimaginado por Michaela StarkLook da Victoria's Secret reimaginado por Michaela Stark — Foto: Carlijn Jacobs


A Victoria’s Secret apresentou seu novo show com uma estreia tímida e nem de perto tão vista quanto o tradicional VS Fashion Show. Intitulado The Tour, o novo show da Victoria’s Secret tem formato de documentário e explora o desenvolvimento da nova coleção em torno de quatro cidades: Tóquio, Londres, Bogotá e Lagos. A apresentação traz uma visão feminina, criada por mulheres desde a coleção até a produção do filme, que tem narração de Gigi Hadid e Naomi Campbell. Cada etapa, simbolizada por um país, teve sua própria equipe, com direção geral de Margot Bowman, Korty Eo, Umi Ishihara, Lola Raba-Oliva, Cristina Sanchez e Gussy Sakula-Barry. Entre as modelos, estão Adriana Lima, Valentina Sampaio, Adut Akech, Jilla Tequila, Paloma Elsesser e outros grandes nomes da indústria da moda - sem Gisele. A marca também anunciou um fundo de impacto, que dará suporte e recursos a organizações que lutam pela equidade de gênero nos quatro países, além de buscar criar oportunidades e plataformas para mulheres e artistas emergentes dessas regiões.

Victoria's Secret — Foto: Divulgação
Victoria's Secret — Foto: Divulgação

O novo formato, mais artístico e com cara de filme documental, apesar de trazer semelhanças com o Savage X Fenty, de Rihanna, ainda consegue se manter original. Mas, dividiu opiniões: tem quem ache que não foi tão emocionante e mágico como o antigo VS Fashion Show. Ou, mesmo, que pareceu forçado. Surpresa mesmo seria se a Victoria’s Secret voltasse a ser uma unanimidade.

Por trás da Victoria’s Secret, boa parte dos antigos executivos não estão mais no comando, incluindo o antigo diretor de marketing, vice-presidente executiva e o CEO.

Em 2021, o bilionário Les Wexner, o ex-CEO e fundador do L Brands (antigo grupo detentor da Victoria's Secret), que esteve ligado a Jeffrey Epstein, vendeu quase toda sua participação na holding, após deixar o cargo.

Na sequëncia, a rede Victoria’s Secret foi desmembrada do grupo, que passou a operar como duas empresas separadas, a forma encontrada pelos executivos de maximizar as vendas da Bath & Body Works (a outra grande marca pertencente à holding) em meio à baixa demanda pela Victoria’s Secret. A VS foi reposicionado como uma empresa pública independente, a Victoria's Secret & Co. Em conjunto com este anúncio, o L Brands mudou seu nome para Bath & Body Works, Inc.

Michaela Stark e look criado por ela para a The Tour '23 — Foto: Divulgação Michaela Stark e look criado por ela para a The Tour '23 — Foto: Divulgação

Sob nova direção, a Victoria's Secret adaptou seu desfile aos novos tempos. Em um dos momentos mais emblemáticos do filme, Michaela Stark, estilista baseada em Paris, conhecida pelos corsets e designs que evidenciam as curvas e gorduras do corpo feminino, foi convidada a reimaginar uma Angel a partir do acervo de lingeries e asas icônicas da Victoria’s Secret. Ela conta sobre como era fascinada pelo antigo VS Fashion Show, ao mesmo tempo em que ele a fazia se sentir mal com o próprio corpo. Uma relação parecida com a que muitas pessoas tinham com o desfile. Além dela, a britânica Supriya Lele, a japonesa Jenny Fax, a nigeriana Bubu Ogisi e a colombiana Melissa Valdes compõem o restante do time feminino de estilistas que criaram coleções para o The Tour

Com apenas um “Tour”, ainda há pouco para se opinar. Mas, baseados no novo show, vale avaliar: estamos dispostos a perdoar a Victoria’s Secret? Pessoalmente, acredito que colocar marcas em caixas de boas ou ruins falha em compreender que elas servem ao consumo e aos movimentos do público. A marca demorou a se adequar, mas parece ter encontrado o tom. Nesse sentido, ainda podemos questionar sobre o objetivo da recepção pública negativa, ou cancelamento: é reivindicar que as marcas revejam seus posicionamentos e façam mudanças estruturais, ou com que caiam num ostracismo permanentemente?

Por Luxas Assunção
https://vogue.globo.com/moda/noticia/2023/10/a-victorias-secret-apr...

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