O panorama atual e as perspectivas do mercado mundial de algodão foram tema da reunião mensal do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), realizada nesta quinta-feira (24). O cenário foi apresentado pelo presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, e pelo diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski.
O presidente da Abit, Fernando Pimentel, lembrou que o Brasil é hoje o quarto maior produtor e o segundo maior exportador mundial da fibra e elogiou o trabalho dos produtores brasileiros. "A cotonicultura tem feito um trabalho excepcional em termos de tecnologia, evolução da produtividade, e na conquista do mercado mundial", afirmou. Pontuou, no entanto, a preocupação da indústria têxtil com a alta nos preços mundiais da pluma e com o fornecimento.
Após apresentar um rápido histórico da produção de algodão no Brasil, Júlio Cézar Busato frisou que os produtores compartilham da mesma preocupação quanto ao vai e vem da cotação. "O sobe e desce não nos interessa. Gostaríamos de ter uma situação mais estável, para podermos nos programar melhor, mas o preço do algodão é formado através da demanda e da oferta, na Bolsa de Nova York", destacou o presidente da Abrapa, diretamente de Dubai, onde lidera uma missão de vendedores.
Ao longo dos anos, os cotonicultores brasileiros foram ganhando credibilidade no mercado mundial por cumprirem com seus contratos e, hoje, comercializam cerca de 70% da safra ainda durante o plantio. Segundo Busato, os contratos antecipados garantem a continuidade do cultivo. "Não podemos correr o risco de não conseguir plantar a próxima safra porque os preços caíram entre o plantio e a colheita. Devemos manter nossa área plantada ou até aumentar, dependendo da rentabilidade da cultura. Não podemos perder o mercado que já conquistamos", ponderou. Assegurou, no entanto, que não há risco de falta de algodão para a indústria têxtil nacional, pois o Brasil produz três vezes mais do que consome. "Dobramos a produção nos últimos 5 anos e podemos faze isso de novo", afirmou.
O diretor da Anea apresentou dados do USDA/ WASDE sobre os principais produtores, exportadores e consumidores mundiais de algodão, destacando a ampliação da participação brasileira no mercado global e o potencial do país se tornar, em breve, o terceiro maior produtor do planeta. "O Brasil tem sido um player relevante, nos últimos dois anos se consolidou como segundo maior exportador do mundo, com 25% do comércio internacional de algodão", avaliou Henrique Snitcovski. "Deixamos de ser figurantes e passamos a ser protagonistas neste mercado, e o mundo passou a olhar mais para o Brasil", completou.
Assim como Busato, o dirigente da Anea destacou que o mercado doméstico continua sendo o mais importante para o algodão brasileiro, mas alertou para a necessidade de um maior planejamento por parte da indústria nacional: "É importante olhar pra as perspectivas do setor e se programar de maneira antecipada, junto com o mercado internacional".
Entre os desafios para a cotonicultura nacional, Snitcovski apontou o risco de perder área para o milho, caso os preços caiam muito. Também mencionou o custo dos insumos, os gargalos logísticos e a relação de preço entre algodão e fibras sintéticas. Por outro lado, lembrou que a forte agenda de marketing no mercado internacional e a regularidade de fornecimento representam oportunidades para a produção brasileira de algodão.
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