Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Acordo entre Shein e Coteminas para produção nacional de roupas não saiu do papel

Segundo o Valor Econômico, a asiática reduziu prazos e embutiu custos aos fabricantes nacionais que inviabilizaram o acordo.

A Shein e a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), no Rio Grande do Norte, assinaram, em 2023, um memorando para a confecção de peças em parceria pelas duas empresas. O documento previa que 2 mil dos clientes confeccionistas da Coteminas passariam a ser fornecedores da gigante asiática de moda para atender o País e a América Latina. A parceria, no entanto, não saiu do papel, apesar de porta-vozes da empresa declararem neste ano a intenção de “nacionalizar” a produção da Shein.

A notícia foi publicada com exclusividade pelo jornal “Valor Econômico”. Segundo a reportagem,  as conversas para o avanço da parceria se encerraram entre os meses de setembro e outubro do ano passado. Alguns dos executivos do setor têxtil ouvidos pelo “Valor” afirmaram que, logo após o anúncio da parceria, a Shein alterou os termos do contrato, o que teria inviabilizado as vendas.

Entre as mudanças, estão a redução do prazo de entrega das peças de 60 para 30 dias, custos da matéria-prima e da logística de entrega por conta dos fabricantes e preço de compra pelo consumidor final – de peças como calça jeans – entre R$ 35 e R$ 50. Algumas empresas do Rio Grande Norte ouvidas pela reportagem do “Valor Econômico” disseram que chegaram a enviar amostras de tecidos e de itens para a China, porém, não avançaram nas negociações.

Com R$ 1,1 bilhão em dívidas, a Coteminas entrou com pedido de recuperação judicial em maio deste ano. Ao “Valor”, a companhia afirmou que espera retomar a parceria e que problemas internos ainda precisam ser resolvidos. A empresa afirmou que enfrentou problemas com as etapas de lavação e acabamento final. Para o Estado do Rio Grande do Norte, conforme a publicação do “Valor”, precisa lidar não apenas com custos de peças mais competitivas, mas com a necessidade de empresas locais para fabricação de zíper e botões, por exemplo, cujos itens acabam sendo importados da China e elevando o custo final.

A Shein não comentou a notícia e ainda não retornou à solicitação feita pela Mercado&Consumo.

Entenda o anúncio feito no ano passado

A Coteminas é de propriedade do atual presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva. Em abril do ano passado, ele participou de uma reunião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com representantes da empresa de e-commerce chinesa.

No encontro, a Shein se comprometeu a nacionalizar 85% de suas vendas em quatro anos, com produtos feitos no Brasil. Segundo Haddad, Gomes da Silva intermediou o entendimento com a Shein. Depois, a Shein anunciou que fará investimentos de cerca de R$ 750 milhões no setor têxtil brasileiro para gerar até 100 mil empregos indiretos no País nos próximos três anos.

O anúncio ocorreu em meio às discussões sobre sonegação de impostos nas compras em sites estrangeiros que vendem para o Brasil. Depois de divulgar que iria taxar sites asiáticos, o governo recuou com a repercussão negativa da proposta até ser aprovada este ano.

A parceria também abrangia o financiamento para capital de trabalho e contratos de exportação de produtos para o lar.

Recuperação judicial

A Coteminas tem uma dívida líquida de R$ 1,1 bilhão a recuperação judicial envolve a Coteminas e suas controladas – além da Ammo Varejo,  que é dona de marcas como MMartan, Artex e Santista, a Springs Global. O grupo vem nos últimos anos tentando resolver problemas financeiros, em meio ao aumento de juros e queda de receitas. No ano passado, o prejuízo foi de R$ 759 milhões.

A dívida envolve mais de 15 bancos credores, incluindo grandes instituições, como Banco do Brasil, Bradesco e BTG, e menores, como Sofisa, Pine e ABC Brasil. A lista de credores consta do último balanço público da empresa, do primeiro trimestre de 2023, divulgado com meses de atraso.

Entre os bancos credores, o BB aparecia no balanço do primeiro trimestre de 2023 como credor do maior valor – de R$ 410 milhões . O Bradesco tinha R$ 43 milhões e o ABC Brasil, R$ 36 milhões. Havia ainda dívidas em dólar e outras moedas estrangeiras, como as com o Banco Patagonia, que pertence ao BB, com o próprio BB e com o Banco Luso Brasileiro.

Imagem: Shutterstock

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