Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Algas e redes de pesca estragadas vão dar origem a nova geração de têxteis e calçado

Algas e redes de pesca estragadas vão dar origem a nova geração de têxteis e calçado

Liderado pela TMG Tecidos, este é um dos sete verticais do Pacto da Bioeconomia Azul, uma das agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência, que envolve 83 entidades e um investimento global de 133 milhões. Só o projeto do têxtil envolve 16 entidades, incluindo o CeNTI e a Docapesca.

“Somos constantemente desafiados por startups para apadrinharmos novas tecnologias e, neste caso, o desafio era ter redes de pesca transformadas em materiais têxteis. O objetivo é ter um produto totalmente diferenciador que acrescente valor ao artigo final e que seja integralmente produzido em Portugal. E acreditamos que teremos sucesso. Mas não quisemos ficar por aqui e começámos a pensar como poderíamos maximizar o mar e trazê-lo para o têxtil, incorporando as algas no processo”, explica Pedro Silva, diretor de I&D da TMG Tecidos.

Além de promover a redução do uso de materiais de origem fóssil ou não renováveis virgens na produção de fibras têxteis, esta solução vai contribuir para a despoluição dos oceanos e da costa já que, como referem os investigadores, “as redes de pesca descartadas são a principal fonte de contaminação plástica nos oceanos”. 

Por outro lado, e dado que a indústria têxtil e do vestuário é das mais poluentes no mundo, sobretudo devido ao elevado consumo de água e de químicos na fase de tingimento e acabamento, o projeto engloba, ainda, o uso das algas para a produção de tingimentos têxteis mais amigos do ambiente. 

Há ainda um terceiro objetivo que é o uso das microalgas para associar diversas funcionalidades aos novos tecidos e malhas, concedendo-lhes capacidades antioxidante, antibacteriana, anti-inflamatória, anti-UV, anti-transpirante ou anti-odor. Por fim, os cientistas estão ainda a estudar o potencial das microalgas no tratamento de efluentes têxteis, de modo a diminuir a pegada hídrica deste setor. 

O CeNTI (Centro de Nanotecnologia e Materiais Inteligentes, o Citeve (Centro Tecnológico do Têxtil e Vestuário) e as universidades do Algarve e do Minho são os parceiros tecnológicos, num projeto que envolve 16 entidades no total, incluindo a A4F, especialista em bioengenharia para a produção industrial de algas, a Docapesca, que tem a seu cargo a recolha das redes, a Sirplaste, que faz a limpeza e transformação das redes, e a Fitexar que as transforma em fio. A TMG e a Tintex asseguram a produção dos tecidos ou malhas e o seu tingimento.

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“Já estamos numa fase avançada do projeto, mas estamos ainda a tentar decidir qual o melhor caminho. Já temos fibras produzidas a partir das redes de pesca e das algas e algumas malhas tingidas, mas estamos a fazer testes para perceber quais são os métodos mais indicados para garantir a solidez [do tingimento] à lavagem, à luz, etc.”, explica Joana Vieira de Castro, a responsável do projeto no CeNTI. Pedro Silva acrescenta: “Estamos na fase de validação final da escala laboratorial dos fios a partir das redes de pesca, mas acredito que rapidamente começaremos a ter fio em escala industrial. Esperamos, em 2025, já ter novidades para apresentar ao mercado”.

No final, o objetivo é que a coleção de vestuário para banho e para a prática desportiva que daqui resultará seja lançada sob a marca Lightning Bolt, da TMG, com um histórico de ligação ao surf e ao mar, e a de calçado, com a marca Skizo. 

Garantido é que se tratará de produtos de nicho. “É importante ter em atenção que, provavelmente, não vamos conseguir produzir quantidades para fornecer a fast fashion. Não serão as necessidades do público a ditar o que seremos capazes de produzir, é ao contrário, o público consumirá o que for produzido. É essa mentalidade que, se queremos um planeta mais saudável e sustentável, todos nós temos que ter”, sublinha Joana Vieira de Castro.

Em causa está um dos sete projetos verticais do Pacto da Bioeconomia Azul que engloba, no total, 83 entidades nacionais, das quais 53 são empresas, e que pretende desenvolver novos produtos, processos e serviços através da incorporação de bens da bioeconomia azul em novas ou em cadeias de valor já existentes, “com impacto positivo no ambiente, na vida dos consumidores e nas exportações nacionais”. Ou seja, “reindustrializar e descarbonizar a economia portuguesa através da bioeconomia azul”. 

O líder do consórcio é a Inovamar, cuja estrutura acionista é partilhada pelas empresas líderes dos verticais industriais, como a Amorim Cork Composites ou a TMG, entre outros, e pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos. Contribuir para posicional Portugal no contexto global, enquanto pioneiro de um setor que se estima vir a atingir globalmente os 200 mil milhões de euros em 2030 é uma das metas, a par da intenção de “materializar a grande oportunidade de crescimento e inovação das indústrias do mar, como a aquacultura, as pescas e as conservas, e de diferenciação das indústrias tradicionais portuguesas hoje distantes do mar, como o têxtil, cortiça, fertilizantes e saúde humana.

O investimento total é de 133 milhões de euros, sendo que conta com incentivos de 93,4 milhões. 

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