“Já estamos numa fase avançada do projeto, mas estamos ainda a tentar decidir qual o melhor caminho. Já temos fibras produzidas a partir das redes de pesca e das algas e algumas malhas tingidas, mas estamos a fazer testes para perceber quais são os métodos mais indicados para garantir a solidez [do tingimento] à lavagem, à luz, etc.”, explica Joana Vieira de Castro, a responsável do projeto no CeNTI. Pedro Silva acrescenta: “Estamos na fase de validação final da escala laboratorial dos fios a partir das redes de pesca, mas acredito que rapidamente começaremos a ter fio em escala industrial. Esperamos, em 2025, já ter novidades para apresentar ao mercado”.
No final, o objetivo é que a coleção de vestuário para banho e para a prática desportiva que daqui resultará seja lançada sob a marca Lightning Bolt, da TMG, com um histórico de ligação ao surf e ao mar, e a de calçado, com a marca Skizo.
Garantido é que se tratará de produtos de nicho. “É importante ter em atenção que, provavelmente, não vamos conseguir produzir quantidades para fornecer a fast fashion. Não serão as necessidades do público a ditar o que seremos capazes de produzir, é ao contrário, o público consumirá o que for produzido. É essa mentalidade que, se queremos um planeta mais saudável e sustentável, todos nós temos que ter”, sublinha Joana Vieira de Castro.
Em causa está um dos sete projetos verticais do Pacto da Bioeconomia Azul que engloba, no total, 83 entidades nacionais, das quais 53 são empresas, e que pretende desenvolver novos produtos, processos e serviços através da incorporação de bens da bioeconomia azul em novas ou em cadeias de valor já existentes, “com impacto positivo no ambiente, na vida dos consumidores e nas exportações nacionais”. Ou seja, “reindustrializar e descarbonizar a economia portuguesa através da bioeconomia azul”.
O líder do consórcio é a Inovamar, cuja estrutura acionista é partilhada pelas empresas líderes dos verticais industriais, como a Amorim Cork Composites ou a TMG, entre outros, e pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos. Contribuir para posicional Portugal no contexto global, enquanto pioneiro de um setor que se estima vir a atingir globalmente os 200 mil milhões de euros em 2030 é uma das metas, a par da intenção de “materializar a grande oportunidade de crescimento e inovação das indústrias do mar, como a aquacultura, as pescas e as conservas, e de diferenciação das indústrias tradicionais portuguesas hoje distantes do mar, como o têxtil, cortiça, fertilizantes e saúde humana.
O investimento total é de 133 milhões de euros, sendo que conta com incentivos de 93,4 milhões.
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