Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
Elevar o padrão e a credibilidade do algodão brasileiro é um compromisso contínuo dos cotonicultores. Foi assim que conseguimos, em pouco mais de uma década, reposicionar o Brasil de grande importador para segundo maior exportador e quarto maior produtor mundial da fibra.
Hoje, abastecemos 100% do mercado nacional e 20% da indústria têxtil mundial. O salto é resultado da união e da determinação dos produtores, com intenso trabalho focado em quatro pilares: qualidade, sustentabilidade, rastreabilidade e promoção comercial.
Para fazer frente às exigências do mercado internacional quanto à garantia de origem do algodão, ainda em 2004, o Brasil adotou a padronização das etiquetas e a implantação de uma metodologia internacional de rastreabilidade de fardos que deu origem ao Sistema Abrapa de Identificação (SAI). Atualmente 100% do algodão brasileiro exportado é rastreável, fardo a fardo.
A implantação da análise e classificação da fibra de algodão pelo modelo internacional HVI (High Volume Instruments) foi outra medida pró-competitividade que equiparou o Brasil aos principais países produtores.
Visando à padronização das análises de qualidade, em 2016, implementamos o programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), que tem como principal pilar um moderno e bem equipado laboratório central – o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA) – certificado internacionalmente pelo Centro Global de Testes e Pesquisas de Algodão (ICA Bremen, na sigla em inglês) e responsável pela checagem de resultados e pela orientação e treinamento aos laboratórios que atendem aos cotonicultores brasileiros.
Como resultado, a safra 2019/2020 foi a melhor em confiabilidade nos laudos de HVI da história, com mais de 96% neste índice, o que garante maior credibilidade do algodão brasileiro nos mercados interno e externo.
Outra pauta prioritária dos nossos cotonicultores é a sustentabilidade. Em uma iniciativa pioneira no país, a Abrapa lançou, em 2012, o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que promove a gestão sustentável das fazendas e das beneficiadoras de algodão por meio da evolução progressiva de boas práticas sociais, ambientais e econômicas.
O ABR atua, desde 2013, em benchmarking com a Better Cotton Initiative (BCI), uma organização não governamental global que reúne em seu conselho de administração as principais marcas mundiais – como Nike, Adidas, Ralph Lauren, Levis, H&M, entre várias outras – e promove a adoção de práticas responsáveis no processo produtivo do algodão.
O programa completa 10 safras, com comprometimento crescente do produtor brasileiro. Atualmente, cerca de 80% das fazendas são certificadas com o selo ABR, auditado por empresas independentes de renome mundial.
O Brasil é o maior fornecedor mundial de algodão Better Cotton, com 36% de toda a produção mundial, e é o único país que possui uma certificação específica para o primeiro elo industrial da cadeia do algodão, o beneficiamento, atestando as boas práticas sustentáveis, desde a lavoura até a Unidade de Beneficiamento de Algodão (UBA).
"Estamos batendo recordes de exportações e o mercado externo está cada vez mais confiante no algodão brasileiro"
Júlio Cézar Busato, presidente da Abrapa
Ações como essas, aliadas a novos recursos tecnológicos e pesquisas para melhoramento genético, vêm garantindo crescimento vertiginoso à produção brasileira de algodão, tanto em volume quanto em qualidade. Na safra 2019/2020, chegamos a 3 milhões de toneladas, com a maior produtividade do mundo em regime de sequeiro.
Com o consumo da indústria têxtil nacional estabilizado em 700 mil toneladas por ano, passamos a buscar ativamente o mercado externo e trabalhar para mudar a percepção sobre a fibra brasileira. A realidade é que mesmo com indicadores médios de qualidade superiores aos dos Estados Unidos, nosso principal concorrente, estamos recebendo de 8% a 10% menos no preço da pluma que os norte-americanos.
Os primeiros frutos começam a ser colhidos. Estamos batendo recordes de exportações e o mercado externo está cada vez mais confiante no algodão brasileiro. Isso nos faz ter certeza de que a busca contínua do setor produtivo por qualidade e credibilidade é o caminho para levar o algodão produzido no Brasil ao topo do ranking mundial.
*Júlio Cézar Busato é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), criada em 1999 e que representa 99% de toda a área plantada, 99% da produção e 100% da exportação do Brasil.
As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento da Revista Globo Rural.
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