Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A start-up Galy, que cultiva algodão a partir de células em laboratório, poupando recursos ao nível da água, solo e energia, recebeu um novo impulso com o investimento da Inditex.

[©Galy]

Para produzir algodão, a Galy recolhe amostras de uma planta e cultiva as suas células, que crescem num bio-reator ou em vasos de fermentação num processo de cultura de células semelhante ao que acontece com a cerveja. O produto final é seco e recolhido, minimizando a utilização de solo, água e energia, destaca a start-up. «Em vez de cultivar a planta todo, vamos diretamente da célula para a fibra», indicou Luciano Bueno, CEO e cofundador da empresa, à Forbes, em 2020, após a Galy ter recebido o prémio Global Change Awards da H&M Foundation.

«O método é 10 vezes mais rápido e usa menos de 80% de água e solo, emitindo apenas uma fração de gases com efeito de estufa em comparação com o algodão convencional. O preço será o mesmo do algodão de elevada qualidade que se pratica atualmente no mercado», explicou a start-up na altura. Além disso, «pode ser cultivado em qualquer lugar», uma vez que não está dependente das condições meteorológicas ou do solo.

A Inditex anunciou na última assembleia de acionistas, que teve lugar a 9 de julho, a entrada no capital da Galy, integrada na estratégia de sustentabilidade da retalhista espanhola. O investimento, cujo valor não foi revelado pelo CEO da retalhista espanhola, Óscar García Maceiras, deve contribuir para a Inditex atingir o objetivo de ter 40% das suas fibras provenientes de reciclagem convencional e 25% de materiais de nova geração até ao fim desta década. «A transformação sustentável do nosso sector não é possível sem inovação e a inovação não é possível sem colaboração», afirmou o CEO, que deu conta de outros acordos do género, como os assinados recentemente com a Ambercycle e a Circ.

No ano passado, a Galy fez também uma parceria com a japonesa Suzuran Medical, para fornecer milhares de toneladas da fibra – batizada Literally Cotton – para aplicação em artigos cosméticos e médicos, como gaze, como parte de um acordo de 50 milhões de dólares.

«Acreditamos que a introdução desta tecnologia no mercado vai contribuir para resolver os problemas do impacto no clima e do trabalho infantil causado pelo cultivo de algodão. Tem também um enorme potencial do ponto de vista do negócio e vemos como sendo uma inovação que vai mudar o conceito da produção de algodão», resume Yasuhiro Kunieda, presidente da Suzuran Medical.

Fundada em 2019 por Luciano Bueno nos EUA e com investidores como Sam Altman, CEO da OpenAI, a Galy, que em 2021 recebeu o prémio de inovação do LVMH na categoria de sustentabilidade, tem atualmente um escritório em São Paulo, no Brasil e mais de 50 funcionários.

https://portugaltextil.com/algodao-de-laboratorio-ganha-impulso/

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