Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Algodão: Frente ao avanço do poliéster, melhoria da qualidade da fibra é o caminho, aponta especialista em commodities

Algodão: Frente ao avanço do poliéster, melhoria da qualidade da fibra é o caminho, aponta especialista em commodities

Foto: Assessoria

O principal concorrente do algodão brasileiro não é o algodão dos EUA, da China, da Índia ou da Austrália, mas sim a expansão dos tecidos sintéticos, especialmente o poliéster – um polímero derivado do petróleo, muito utilizado pela indústria têxtil mundial na produção de vestuário. De 2017 a 2023, o consumo do tecido sintético registrou um aumento de 20%, enquanto o consumo do algodão permaneceu estagnado.

Esse cenário foi levado para o debate pelo CEO da ECOM Trading, Antônio Esteve, com ampla experiência no segmento de commodities, durante um bate-papo com produtores rurais no jantar de abertura do Encontro Qualidade de Fibra Mato Grosso, em Cuiabá. De acordo com ele, no mundo, houve uma queda do consumo per capita de algodão de aproximadamente 6% entre 2001 e 2024, o que representa uma perda crescente de mercado para a fibra descontínua de poliéster, conhecida como PSF.

Na análise do palestrante, enfrentar o avanço do PSF passa por uma estratégia que englobe o estímulo ao consumo do algodão por suas vantagens e benefícios, além de uma forte atuação na melhoria da qualidade da fibra, combatendo a contaminação por plástico e casquinhas da semente, pegajosidade, índice de fibras curtas e outras impurezas.

“O ritmo de crescimento pode ser notado pela diferença no consumo dos dois produtos. Em 2015 foram consumidas 24 mil toneladas de algodão. Em 2025, esse volume deverá chegar a 25 mil toneladas, um crescimento de 4,2% em 10 anos. Já o poliéster teve um consumo de 49 mil toneladas em 2015 e, em 2025, deverá alcançar 67 mil toneladas, um crescimento de 36,7% em uma década”, relatou Antônio Esteve em sua apresentação.

Entre as vantagens do algodão, por exemplo, estão o fato de apresentar uma fibra natural, macia, biodegradável, sustentável e com alta respirabilidade. Enquanto isso, o poliéster é um tecido sintético, retém calor, mais áspero, não biodegradável e deixa microplásticos com resíduos danosos na biosfera.Entretanto, o algodão apresenta muitas exigências, preço alto e volátil, custo elevado de produção, menor durabilidade, secagem mais lenta, necessidade de industrialização completa e qualidade variável.

Ao passo que o poliéster apresenta poucas exigências em certificações, é mais barato, seca mais rápido e sua industrialização é uniforme. Antônio Esteve apontou que o caminho para enfrentar esse cenário seria tratar alguns passos, como dar ênfase às boas práticas, transparência e disponibilidade de dados, agilidade na rastreabilidade e alinhamento com grandes marcas varejistas em nível de certificações.

Na parte de preço, ainda de acordo com o CEO da ECOM Trading, o caminho seria demonstrar uma produção abundante para satisfazer as necessidades do mercado. Nos quesitos custo de industrialização e qualidade, é necessário melhorar a qualidade e a uniformidade da fibra entregue. E, já no aspecto da durabilidade, promover variedades com fibras longas e resistentes.

“É preciso entregar a qualidade da fibra conforme as necessidades de cada indústria. Em função dos produtos finais, as indústrias podem utilizar fibras de algodão de diferentes qualidades, mas o importante é entregar a qualidade certa no tempo certo”, ponderou.

O presidente da Ampa, Orcival Gouveia Guimarães, convocou todos que atuam no setor algodoeiro para uma luta conjunta pela melhoria contínua da qualidade da fibra, pois a conta é coletiva. Para ele, é um tema permanente na agenda do segmento cotonicultor e deve ser tratado de forma constante, com ações de conscientização que envolvam todos os elos da cadeia produtiva, do produtor ao beneficiamento.

“Nossa associação está comprometida em promover boas práticas e garantir um algodão com menos resíduos e mais valor agregado. Esse evento é um marco para amadurecermos essa pauta. Temos que melhorar a qualidade para estimular o aumento do consumo da fibra do algodão. Se a gente não cuidar da qualidade, o espaço para o poliéster vai aumentar. As fibras sintéticas vão continuar crescendo. Nosso futuro depende de ações hoje. Cada um fazendo a sua parte, melhorar já representa um avanço. Estamos no mesmo barco, toda a cadeia produtiva”, concluiu.

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