O “Quick Guide to Organic Cotton”, produzido pela Textile Exchange, inclui também perguntas frequentes, razões para apoiar a expansão do cultivo de algodão orgânico e destaca o benefício da produção orgânica como caminho para campos e comunidades resilientes e regenerativas.
«A produção de algodão evoluiu nos últimos 15 anos», afirma La Rhea Pepper, diretora da Textile Exchange, ao portal Just-style.
O intercâmbio e a «maior consciencialização sobre os benefícios para a saúde, económicos e ambientais das práticas de agricultura orgânica pelos agricultores e consumidores influenciaram melhorias em muitos sistemas de produção de algodão», aponta.
De acordo com o “Preferred Fiber and Materials Market Report”, a Textile Exchange sublinha que a adoção de métodos de produção de “fibras preferidas” – definidas como fibras, materiais ou produtos ecológica e socialmente progressivas; selecionadas porque possuem propriedades mais sustentáveis em comparação com outras opções – subiu para os 8,6% no algodão convencional, mas o algodão orgânico, em geral, continua a ter menor impacto ambiental.
O trabalho de pesquisa revelou agora aquelas que a Textile Exchange considera as principais razões para apoiar a expansão do cultivo de algodão orgânico:
Impacto dos pesticidas
O algodão orgânico cresce sem recurso a aditivos sintéticos ou a pesticidas e não é geneticamente modificado.
Segundo a Pesticide Action Network UK, «as culturas de algodão cobrem 2,4% das terras cultivadas no mundo, mas usam 6% dos pesticidas mundiais, mais do que qualquer outra cultura».
São várias as investigações que mostram casos de doenças graves e problemas de desenvolvimento relacionados com a exposição a produtos químicos agrícolas ou com a proximidade física de comunidades agrícolas. O “Agricultural Health Study”, financiado pelo National Cancer Institute e pelo National Institute of Environmental Health Sciences, é um dos maiores estudos de saúde em curso, com mais de 89.000 participantes de comunidades agrícolas e divulgou casos de cancro (incluindo cancro da próstata), Parkinson, diabetes ou asma.
Rendimento
Um dos argumentos mais utilizados no apoio ao cultivo convencional de algodão é o de que o rendimento é maior. Contudo, a agricultura quimicamente intensiva, especialmente em sistemas irrigados, explora ano após ano o ecossistema para maior rendimento e isso requer o uso de uma quantidade cresceste de produtos químicos, incluindo reguladores de crescimento, destaca o relatório.
Consumo de água
A produção de algodão – e de vestuário, no geral – exige quantidades significativas de água.
O algodão orgânico, por definição, vem de plantas que não foram geneticamente modificadas. Devido a essa diferença, para conseguir a mesma quantidade de fibra de uma cultura orgânica é necessário plantar mais algodão, o que significa usar mais terra. Essa terra, claro, tem de ser cuidada e irrigada.
A principal preocupação ambiental com o uso da água refere-se à irrigação, especialmente em países como a Índia, com grande escassez de água.
Cerca de metade das culturas de algodão a nível global – orgânicas ou convencionais – recolhem a água das chuvas, de acordo com a Cotton Inc., não sendo claro qual a quantidade adicional de água que uma determinada peça de roupa, por exemplo, necessitou para ser produzida.
No entanto, há quem sustente que o algodão orgânico exige menos água ao longo do tempo, em grande parte porque o solo com mais carbono proveniente da matéria orgânica armazena melhor a água.
Não obstante, a verdadeira questão sobre a água é a poluição, afirma a Textile Exchange, sublinhando que «os produtos químicos tóxicos utilizados na produção convencional de algodão estão a envenenar a água que afirmam salvar».
Apoiar marcas e retalhistas
«A Textile Exchange acredita que os consumidores que se preocupam com o meio ambiente e as comunidades agrícolas que produzem o algodão para as suas roupas devem apoiar marcas e retalhistas na utilização de algodão orgânico», adianta Liesl Truscott, diretor de estratégia de materiais na Textile Exchange.
O último “Organic Cotton Market Report”, produzido pela Textile Exchange, alinhou os 10 maiores utilizadores de algodão orgânico em volume: C&A, H&M, Tchibo, Inditex, Nike, Decathlon, Carrefour, Lindex, Williams-Sonoma e Stanley and Stella.