Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Produções têxtil e metalmecânica do Estado são as mais prejudicadas com a falta de energia elétrica

Apesar de não ter sido dos mais demorados, o apagão que aconteceu ontem no Ceará e em outros estados nordestinos pode ter prejudicado bastante a produção industrial do Estado, principalmente em setores como o têxtil e metalmecânico, que dependem fortemente de processos automatizados. De acordo com o consultor de assuntos relacionados à energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, o prejuízo, de fato, já é esperado, mas ainda não há balanço do setor.

Alto número de máquinas na indústria têxtil deixa o setor bastante vulnerável às quedas de energia. Muitos equipamentos acabam quebrando Foto: André Lima

"Foi um apagão relativamente curto, mas que prejudica o andamento de várias indústrias, que demoram a retomar a produção quando ocorre um desligamento inesperado no sistema. Um bom exemplo é a metal-mecânica, que funciona com fundição. Assim, quando há perda de energia, há também perda de calor, que leva um tempo para ser recuperado. Tem que iniciar todo o processo novamente", afirma o consultor da Fiec.

Quanto ao setor têxtil, que tem a energia como um dos principais insumos, Picanço diz que o grande problema é a alta automatização do sistema. "A queda de energia é bastante sentida na produção, pois a maioria dos trabalhos são feitos por máquinas e retomada se faz de forma gradativa. É diferente dos setores de confecção e transformação, por exemplo, que só param durante o aquele período do apagão", opina.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em geral do Estado do Ceará (Sinditêxtil), Germano Maia Pinto, a queda de energia acaba prejudicando os próprios equipamentos do setor. "Apesar de ainda ser necessário levantarmos as perdas decorrentes do apagão, podemos afirmar que, quando esse tipo de fenômeno ocorre, muitas máquinas quebram e poucos minutos são suficientes para causarem prejuízos", lamenta. "Não se trata apenas da perda do tempo de trabalho mas também de grande volume perdido em produtos que estavam sendo feitos nas máquinas, no momento da parada de energia. O Brasil tem custo da energia como um dos mais caros do mundo. É inconcebível continuarmos com essas ocorrências", complementa Germano.

Extensão preocupa

Ainda conforme Jurandir Picanço, o que mais assustou o setor produtivo no apagão de ontem não foi a duração, mas a extensão do mesmo, que atingiu todos os estados do Nordeste.

"O mal só não foi maior porque o blecaute foi breve, mas não entendo como o sistema elétrico brasileiro, que é feito para não ter esse tipo de problema, apresentou uma deficiência tão abrangente. Um situação assim era para ser raríssima e extremamente seletiva. O setor industrial quer muito ficar sabendo como isso pôde acontecer", ratifica Picanço.

Risco de faltar luz na Copa é real

Nos últimos meses o setor de energia elétrica nacional vem passando por diversos momentos de dificuldade e apreensão. Agora, muito se especula sobre como o segmento vai reagir ao imenso consumo durante o período da Copa do Mundo. De acordo com o economista Mikio Kawai Jr., apesar do governo está trabalhando para que tudo ocorra com tranquilidade, o País pode não suportar a demanda durante o torneio mundial.

Segundo o economista Mikio Kawai, o setor de energia pode não suportar a demanda da Copa Foto: Divulgação

Segundo uma pesquisa feita pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), existe o risco de faltar luz durante o evento esportivo de 2014 no País. O motivo para o alarme é o crescente atraso nas obras que visam garantir o abastecimento de energia, novas linhas de distribuição e transmissão, além da modernização e ampliação das subestações de energia

"Também podemos somar os atuais níveis nos reservatórios das hidrelétricas, que só estão melhores se comparados com os níveis registrados entre 2001 e 2002, período no qual o país passou por rigoroso racionamento no consumo de energia".

Apesar do desligamento das quatro termelétricas, movidas, principalmente, a óleo diesel, que são mais caras e menos ecológicas, o setor não está tão estável quanto parece, afirma Kawai. "Estas usinas foram desligadas visando mais economia para os consumidores, mas tendo em vista que estavam ligadas desde o período úmido, não vamos sentir tanta diferença. E mesmo com todas as manobras para exonerar a conta de luz, não existe mágica, estamos pagando pelo consumo, mas através de tributos e encargos", avalia.

De acordo com o governo, o abastecimento de energia estará garantido se os reservatórios das usinas do sudeste e centro-oeste alcançarem 47% da capacidade e as usinas do nordeste, 35%, até novembro. "Neste caso, as hidrelétricas do sudeste/centro-oeste podem perder até 13% da capacidade e as do nordeste até 10%, nos próximos sete meses", diz.

O economista conclui que o fornecimento da energia durante a Copa, momento consumo máximo, está praticamente deixado a sorte. "Estamos com empreendimentos atrasados, níveis baixos nos reservatórios e mesmo com todas as usinas termelétricas a todo vapor, o setor não vai suportar essa demanda".

ÁQUILA LEITE
REPÓRTER  

 

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1311227

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