Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Alpargatas, Sem Medo do Real Forte e de Olho em Aquisições

O governo brasileiro pode estar em plena "guerra cambial" para proteger sua indústria, mas a Alpargatas, empresa que fabrica as famosas sandálias Havaianas, tem planos ambiciosos de crescimento, mesmo com o real na cotação atual.

"O cenário atual, com o câmbio em cerca de R$ 1,80 por dólar, é muito bom para nós", disse o diretor financeiro da empresa, José Roberto Lettiere, numa entrevista pelo telefone. "Mesmo a R$ 1,70, temos um bom equilíbrio."

O câmbio é importante para uma empresa que planeja aumentar a receita obtida em outras moedas que não o real. Nos próximos cinco anos, a Alpargatas espera impulsionar a fatia da receita obtida no exterior de 30% para 40%, e também está procurando aquisições no Brasil e fora dele, disse Lettiere.

Lettiere notou que sua empresa tem resistido bem quando se trata de oscilações cambiais. Ele notou também que a Alpargatas desfruta de um hedge natural. Embora a maior parte de sua receita venha das exportações, muitas de suas matérias-primas são cotadas em dólar ou importadas.

Lettiere não quis comentar diretamente as políticas cambiais do governo brasileiro. Mas disse que o mercado cambial deve continuar "livre".

Desde o fim de 2010 que o governo brasileiro luta para impedir qualquer valorização substancial do real em relação ao dólar. O governo tem usado armas como impostos em investimentos internacionais de curto prazo e aquisições maciças de dólares no mercado para coibir a valorização.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem argumentado que o real forte prejudica exportadores e indústrias. Ele diz que os esforços de outros países para manter uma moeda artificialmente desvalorizada são parte de uma "guerra cambial mundial".

A Alpargatas está presente em 83 países. Embora parte de suas roupas esportivas seja produzida em outros lugares, todas as clássicas sandálias Havaianas são feitas no Brasil. A empresa vendeu mais de 200 milhões de pares de sandálias no mundo no ano ano passado. Segundo Lettiere, é possível ser competitivo no Brasil "com uma boa marca e tecnologia", mesmo enquanto se enfrenta problemas como a moeda local forte.

A Alpargatas prevê atualmente um câmbio médio de R$ 1,76 para o dólar em 2012, mas projeta uma desvalorização de cerca de 5% por ano nos próximos quatro a cinco anos, em parte devido à recuperação da economia americana, e também à expectativa de maior estabilidade na Europa.

O valor da marca realmente tem sido um fator importante na expansão internacional da empresa. Embora o preço médio de um par de Havaianas no Brasil varie de apenas de US$ 6,60 a US$ 8,20, nos Estados Unidos o preço médio fica entre US$ 20 e US$ 25, e é ainda mais alto na Europa.

A Alpargatas teve faturamento líquido de R$ 2,575 bilhões ano passado, 15,4% a mais que em 2010. Se excluídas as oscilações cambiais, o faturamento líquido teria sido de R$ 2,638 bilhões. "É uma diferença de apenas R$ 63,6 milhões", notou Lettiere.

A Alpargatas encerrou 2011 com R$ 671 milhões em caixa e busca agora investir esse dinheiro em aquisições no Brasil e no exterior, e está de olho principalmente nos EUA e na Europa.

Embora Lettiere não tenha divulgado detalhes sobre possíveis acordos, ele disse que provavelmente anunciará algo este ano. A empresa quer se expandir nos segmentos de calçados, roupas e acessórios.

Fonte:|http://online.wsj.com/article/SB10001424052702303816504577305402788...

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