A elegante Carmen: coragem para pagar US$ 100 mil por um vestido
Amiga de Givenchy, Valentino e Yves Saint Laurent, a socialite carioca Carmen Mayrink Veiga se vestiu na alta-costura europeia durante 40 anos. De seu acervo 90 vestidos foram doados para o Instituto Zuzu Angel, 30 ou 40 estão no guarda-roupa da filha e cerca de 50 permanecem em seu armário. "Visto todos, claro. Adoro terno, que uso com sapatinhos 'ballerina' da Chanel e do Moschino, um mais bonito que o outro. Devo ter uns oito smokings do Saint Laurent", conta, feliz com a oportunidade de dividir suas noções de moda.
Ainda garota, Carmen começou a frequentar ateliês de alta-costura. Lembra da antiga Casa Vogue, em São Paulo, e da Canadá, no Rio, onde tudo vinha da Europa. Na alta moda brasileira, cita Guilherme Guimarães e Lino Villaventura, com os quais se veste sem nunca experimentar uma roupa. "Eles têm minha 'taille' [medidas], compro por fax, espero as amostras e fica impecável sem uma prova. O Lino tem vestidos maravilhosos, mas não é uma roupa atemporal como a do Guilherme."
Um pouco desnorteada com o atual consumismo, a ex-locomotiva social, já apontada entre as mais bem-vestidas do Brasil, foi educada para comprar roupas para "uma vida inteira". Por isso, lamenta que hoje as pessoas não saibam que elegante é repetir. "Tenho um vestido do Saint Laurent que usei em Londres, Viena, Paris, Nova York, no Rio. Saint Laurent nos dizia que, na véspera de usar um vestido enviesado, ele devia ser usado em casa para tomar a forma do corpo. O vestido era tão bem talhado que a gente vestia um 'collant' e mais nada."
Acha absurda a mania das pessoas de comprarem algo para cada festinha, cada casamento - "só a noiva precisa disso" -, e diz que gastar em roupa é coisa para quem foi criado assim. "Os emergentes não entendem nada, a alta-costura não é para eles. Há vestidos de alta-costura que custam o preço de um carro espetacular, mas não dão o mesmo status."
Carmen acredita que o mundo não comporta mais a alta-costura. No passado, recorda, ela e as amigas tinham uma arrumadeira só para cuidar da roupa. "Onde você vai conseguir uma arrumadeira que saiba a diferença entre passar um vestido de cetim e um de 'mousseline'?" pergunta. "Não existe mais isso. Elas não conhecem nem tecido."
Carmen só sabia o preço das roupas na hora de pagar e sempre chorou por descontos. Qual é o vestido mais caro que já comprou? "Ah, você me fez uma pergunta que não sei responder." Longe das festas por questões de saúde, ela tem um súbito momento saudosista. "Se ainda existissem aquelas festas dos anos 1980, que acabaram depois dos 90, confesso que teria coragem de pagar US$ 100 mil, que é o que dizem que custam esses vestidos." (MPT)
Fonte:|http://www.valor.com.br/cultura/2534520/alta-costura-nao-e-para-os-...
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