Autora da análise: Maria Gorete Hoffmann
Pesquisadora: Adriana Marciano
Distribuição e informações: Sebrae Santa Catarina
A proposta do plano é vital para a indústria nacional e especialmente para a sobrevivência da indústria do vestuário brasileira. É importante compreender que o plano não foi detalhado e que a sua implementação dependerá da eficiência dos grupos de trabalhos criados para discutir e implementar as medidas necessárias para se alcançar as diretrizes estabelecidas. Para os especialistas, as propostas anunciadas ajudam, mas são insuficientes na superação da combinação de juros altos e dólar barato.
Infelizmente, a indústria do vestuário brasileira é de pequeno porte. Algumas medidas irão apoiá-la, como é o caso da desoneração da folha de pagamento. Porém, os impactos referentes aos tributos serão menores, uma vez que as micro empresas possuem legislação específica e a sua tributação já é diferenciada.
É preciso aprimorar as medidas, para que elas aumentem, efetivamente, a competitividade da indústria de vestuário brasileira e permitam que as empresas enfrentem a concorrência internacional.
As ações de defesa comercial precisam ser rapidamente implementadas para evitar a quebra das empresas de vestuário. Não se pode, apenas, criar uma reserva de mercado. É necessário contrabalançar com aumento da competitividade, de maneira que essas empresas possam ampliar sua atuação no mercado internacional. Desta forma, é importante que as empresas invistam em novas máquinas e equipamentos, design de alto valor agregado, produtos ecologicamente corretos e produtos com alto índice de inovação.
A proposta de compras governamentais deve apoiar alguns segmentos específicos do vestuário, como é o caso da indústria de uniformes. No entanto, se avaliarmos a quantidade de empresas que atuam com este produto, os benefícios são quase insignificantes.
Ao se avaliar o Plano Brasil Maior a luz do custo Brasil, conforme explorado no relatório publicado pelo SIS em março passado, tem-se que os principais elementos de impacto são: logística, juros sobre o capital de giro, burocracia e custos de regulamentação, custos dos investimentos, custo de insumos básicos e custos de energia. Estes componentes impactam a receita líquida das empresas em 36,27%.
É verdade que muitos destes componentes estão sendo contemplados por esta política industrial, mas sentiu-se falta de elementos que atuem mais fortemente nos custos de logística que decorrem do investimento na infra-estrutura brasileira.
Também é necessário reduzir os custos de insumos básicos nacionais. Esta redução é decorrente dos efeitos da tributação. Desta forma, um aspecto importante do Plano Brasil Maior é a efetividade das propostas que impactam os tributos, no que concerne ao impacto nas matérias primas e insumos e na capacidade do Brasil investir na modernização de sua infra-estrutura.
É também importante compreender que a redução de juros sobre o capital de giro requer ações mais agressivas. Assim, são necessários novos elementos que possam aumentar a competitividade das indústrias, seja pela inovação ou por mecanismos que possibilitem a redução do efeito em cascata dos tributos nos insumos e produtos industrializados.
Outro aspecto crucial é a necessidade de aumentar a mão de obra qualificada, de maneira a permitir a inserção de novas tecnologias para melhorar a qualidade do vestuário brasileiro.
Para se aumentar a produtividade e a competitividade da indústria do vestuário é necessário aprimorar as medidas propostas pelo Plano Brasil Maior. Além disso, os empresários precisam sair da defensiva. É necessário que as empresas do vestuário se façam presentes nos grupos criados para o desenvolvimento das ações do Plano Brasil Maior.
As pequenas empresas do vestuário, com suas características próprias, precisam ter representantes na elaboração das propostas, para apresentar as suas realidades e defender medidas especificas.
A caminhada é longa e está apenas começando! Empresário, vá à luta!
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