As modelos do mais novo anúncio da marca de roupas íntimas Dear Kate têm dado muito o que falar.
Por quê? Porque elas são mulheres poderosas no mundo da tecnologia. E aparecem em peças íntimas.
O portfólio para a Coleção Ada da empresa, cujo nome é uma homenagem à programadora pioneira Ada Lovelace, apresenta mulheres executivas de tecnologia fazendo papel de modelos da coleção de roupas íntimas. As respostas têm sido mistas.
Olivia Muenter, no Bustle chamou a campanha de "bastante surpreendente", apontando para a diversidade das mulheres nos anúncios.
"O fato de [os produtos] serem apresentados por mulheres que estão maravilhosamente reais, com corpos que se parecem com os nossos e carreiras bem-sucedidas, é uma mensagem realmente poderosa", escreveu Muenter.
Já os críticos têm chamado a campanha de "sexista" e "bizarra", afirmando que é "um retrocesso" para as mulheres do mundo da tecnologia.
"No Vale do Silício, agora mais do que nunca, há uma tensão na forma como as mulheres são vistas: uma visão romântica ou sexual e outra profissional", disse Elissa Shevinsky, CEO do Glimpse Labs, à revista TIME. "Mostrar-se desta forma, sem roupa, tem conotação inerentemente sexual, e enfraquece a imagem das mulheres no mundo da tecnologia. Isto é verdade tanto para homens quanto para mulheres."
Julie Sygiel, a fundadora e CEO da Dear Kate, recrutou mulheres que fazem a diferença no mundo da tecnologia para participar, na esperança de estruturar uma campanha sobre o que as mulheres pensam e fazem, em vez de jogar luz apenas em sua aparência.
"Nós acreditamos que as mulheres devem ser levadas a sério, independente do que elas estejam vestindo", disse Sygiel ao The Huffington Post em um e-mail. "Isso vale também para as mulheres de qualquer profissão, já que a forma como alguém se veste não deveria ter nenhuma relação com a sua capacidade ou a sua inteligência."
Sygiel, que usou modelos "não tradicionais" em portfólios anteriores para a Dear Kate, acredita que a controvérsia em torno desta campanha decorre da opinião de como as mulheres em áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática deveriam agir.
"Se alguém vê a nossa campanha como uma forma de perpetuar o sexismo é porque essas pessoas têm certas expectativas sobre as mulheres", escreveu ela. "Na nossa maneira de ver o mundo, as mulheres podem ser tão poderosas de roupas íntimas quanto elas são de terno. Não é justo para as mulheres de tecnologia serem apontadas e confinadas a um comportamento mais conservador, simplesmente porque elas trabalham em um campo dominado por homens."
Quanto à sugestão de que a campanha poderia dissuadir potenciais investidores, uma das modelos que participou da campanha, Adda Birnir, CEO e cofundadora da Skillcrush, explicou ao HuffPost que ganhar investidores deve ser visto como um dos passos no longo caminho da execução de sua visão, ao invés de ser o objetivo final de qualquer empreendimento de tecnologia.
"Você responde aos seus usuários e clientes em primeiro lugar e aos seus investidores em segundo lugar", ela disse. "Eu não ouvi nada sobre o assunto vindo dos meus usuários. Se os meus usuários estivessem terrivelmente ofendidos pela foto, seria uma preocupação, é claro."
Birnir disse que ela participou da sessão de fotos em apoio ao produto e o "compromisso da empresa em mostrar mulheres reais em toda a sua complexidade."
"Eu não acho que ele prestou um desserviço às mulheres", disse ela sobre o portfólio.
A participante Sarah Conley, uma blogueira de estilo e moda da Style IT, também informou que a campanha foi um passo positivo para as mulheres.
"Apesar de eu achar a controvérsia hilária — como mulher, você está condenada se fizer e condenada se não fizer —, acredito nesta campanha", disse Conley ao HuffPost. "Eu acredito nessas mulheres. E eu acredito que precisamos ter uma conversa séria sobre a diversidade de tamanhos, sem preconceito. E nós estamos falando sobre isso, não estamos? Então, para mim isto aqui é uma vitória."