Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Logos, jeans de cintura baixa, boinas e Saddle bag estão em alta.

Paris Hilton é referência novamente.

Paris Hilton é referência novamente - Getty Images


mista apostaria. Nas idas e vindas da moda, a socialite americana Paris Hilton virou referência na hora de montar o look do momento. É como se estivéssemos de volta ao começo dos anos 2000, com os jeans de cintura baixa (os modelos da Gang eram coqueluche e foram imortalizados pelo funk), as estampas de jornais, as boinas, as bandanas, o conjuntinho de plush da Juicy Couture, todas aquelas logos e a Saddle bag da Dior — embalados por “I’m a slave 4 u”, de Britney Spears, “Dirrty”, de Christina Aguilera, e “Bootylicious”, do grupo Destiny’s Child. Em escalas diferentes, grifes importantes resgataram a década e a recolocaram no centro do jogo.

Em seu desfile de inverno 2018/2019, em Paris, a Dior trouxe à tona novamente a Saddle, a bolsa em formato de sela de cavalo que foi febre no início do milênio, quando o inglês John Galliano ditava as regras na maison. Pelas reações animadas, as pessoas estavam com saudades do acessório, que já foi visto com Jessica Alba, Katie Homes e Lou Doillon. Na mesma coleção, Maria Grazia Chiuri, a diretora criativa da casa, investiu na boina e em óculos com lentes coloridas, dois outros hits dos anos 2000. Enquanto isso, Fendi e Louis Vuitton apostam suas fichas na logomania. Potência virtual, a empresária e estrela da TV americana Kylie Jenner abraçou a “sugestão” dos estilistas e ganhou informalmente o status de embaixadora da década.

A consultora de moda Costanza Pascolato acompanhou in loco a ascensão e a queda (e agora o renascimento das cinzas) dessas tendências e tem uma teoria, nada conspiratória, para explicar o cenário.

Kate Moss na passarela da Louis Vuitton em 2018 - Pascal Le Segretain / Getty Images

— Os anos 2000 foram marcados pela pulverização e pelo começo da deselitização da moda; o cool estava nas ruas, invertendo a pirâmide e tirando um pouco da força das passarelas. O que estamos vendo agora é uma reafirmação desses valores e as grifes se esforçando para vender. E clássicos, repletos de monogramas, vendem — diz Costanza. — Foi também a primeira vez que sentimos a influência brutal das celebridades por meio da mídia. Em vez de Kim Kardashian, tínhamos Paris Hilton que fazia de um tudo para estar em evidência.

A essa altura, a internet começava a dar demonstrações mais explícitas de seu poder de fogo, acelerando informações e, consequentemente, a cadeia inteira de produção.

— Era o princípio dessa grande confusão; toda temporada era um recomeço, o fast fashion estava dominando, e as marcas passaram a investir em coleções intermediárias para resistir — comenta Costanza.

Foi uma década realmente desafiadora para o setor de uma forma geral, mas com looks divertidíssimos, é verdade — o que não quer dizer que eram totalmente de bom gosto. Sem as redes sociais como aliadas, Britney Spears, Christina Aguilera, Lindsay Lohan (“Meninas malvadas” é um filme essencial) e Paris eram as influenciadoras da época.

Paris, aliás, anda tirando proveito do regresso dos anos 2000, compartilhando com seus seguidores no Instagram imagens do passado, quando ela era o troféu maior dos paparazzi. Até a “Vogue” americana reconheceu seu legado.

— A socialite americana é o símbolo máximo do consumo desenfreado, do excesso e do desperdício. Espero que façamos uma releitura crítica — destaca Yamê Reis, diretora criativa e coordenadora de moda do Istituto Europeo di Design (IED), no Rio. — Mas gosto dessa ideia “retrô”. É sempre importante reciclar a cultura e a moda sob um novo ponto de vista. Um adendo: acho bom se a calça de cintura baixa pegar para valer, pois muita gente ainda a guarda no armário.

Sara Sampaio e seu jeans de cintura baixa - Rich Polk / Getty Images for Victoria's Secret

Para Yamê, a volta da década neste instante é simbólica, um lembrete de como a moda perdeu sua relevância ao se tornar algo praticamente descartável:

— A indústria entrou num movimento autofágico que acabou levando ao manifesto Anti-Fashion, de Li Edelkoort, lançado em 2015, que sugeria uma forma diferente de pensar o sistema.

Tudo indica que aprendemos a lição, inclusive sobre Paris.

Leia mais: https://oglobo.globo.com/ela/moda/anos-2000-sao-tendencia-novamente... 
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  A indústria entrou num movimento autofágico que acabou levando ao manifesto Anti-Fashion, de Li Edelkoort, lançado em 2015, que sugeria uma forma diferente de pensar o sistema.

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