Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Aos 50 anos e com uma loja, Andorinha Hiper Center fatura R$ 830 milhões

Enquanto a média de venda por metro quadrado entre as 100 mais do segmento é de R$ 42 mil, o Andorinha soma R$ 134 mil, 219% acima.

Pois uma empresa na cidade de São Paulo que acaba de completar 50 anos decidiu ser exceção. E apostar em uma só loja. É a única entre as 100 primeiras. E está dando muito certo: em 2023, o faturamento do Andorinha Hiper Center foi de R$ 829,4 milhões, 12% a mais do que no ano anterior. Com uma performance notável de venda por metro quadrado. Enquanto a média entre as 100 mais é de R$ 42 mil por metro quadrado, o Andorinha soma R$ 134 mil, 219% acima. São mais de R$ 2,2 milhões de vendas a cada dia.

A unidade deste fenômeno está na avenida Parada Pinto, em Lauzane Paulista, bairro da Zona Norte de São Paulo. Foi sendo ampliada até chegar aos atuais 6,2 mil metros quadrados de área de vendas (a média do Top 100 é de 1,6 mil metros quadrados).

“A empresa priorizou o crescimento ao redor da unidade central, expandindo suas operações para melhor atender a comunidade local”, afirmou a gerente de marketing do Andorinha, Moara Verdelho.

Segundo ela, optar por manter uma única unidade reflete o desejo de concentrar esforços na melhoria constante do serviço, mantendo proximidade com os consumidores e garantindo uma gestão mais pessoal e eficiente. “Essa estratégia permitiu que o Andorinha cultivasse relações mais fortes com seus clientes. Criamos um vínculo de confiança que é mais difícil alcançar em redes espalhadas por várias localizações.”

A história de 50 anos da marca começa, de fato, há quase um século. Em 1929, a família Gouveia saiu de Portugal e se instalou em Martinópolis, cidade do interior paulista hoje com 25 mil habitantes. A família abriu um comércio de tecidos e itens para costura, como zíperes e botões, e foi tocando a vida, até que seu Gouveia resolveu tentar a sorte em São Paulo. Pôs a família na estrada e rodaram mais de 500 quilômetros. No caminho, Thomaz Gouveia Netto, filho de Thomaz Gouveia Filho, viu uma frota de caminhões com o nome Andorinha e se inspirou para fundar a loja.

“Ele viu isso como um sinal divino, relacionando as andorinhas, que vivem em bandos, à união de sua própria família”, disse Moara. Segundo ela, o simbolismo com os pássaros reflete a cultura de proximidade e colaboração que define a filosofia da empresa.

Hoje, o Andorinha é administrado por Adilson e Alécio Gouveia, filhos de Thomaz Netto, que morreu em 1993. A empresa se manteve durante mais de 30 anos como pequeno comércio de bairro, até a expansão e transformação em hiper center em 2005, “após muitos anos de crescimento orgânico.

TÁXIS & ORAÇÕES

Com 1,2 mil funcionários, o Andorinha tem outra característica incomum para os dias atuais, em que o uso do transporte por aplicativo virou rotina. A empresa mantém uma frota de 75 taxistas, escolhidos pelo próprio estabelecimento. Alguns estão no local há mais de 30 anos. “O serviço de táxis, além de ser um diferencial, reforça o compromisso do Andorinha com a acessibilidade e a conveniência para os clientes que frequentam o hipermercado”, afirmou Moara.

Os valores cultivados desde o início têm raiz religiosa. O sistema de som da loja espalha uma oração às 12h. Às 18h é a vez da Ave Maria. “É uma forma de agradecer e reforçar a importância da espiritualidade no dia a dia”, afirmou Moara. “O senhor Thomaz Netto sempre repetia: ‘Quem crê em Cristo não explora seu semelhante.’”

Além de doações a entidades locais, a empresa mantém a Creche Thomaz Gouveia Netto, com mais de 180 crianças e pessoas com deficiência (PCDs). O Andorinha também mantém um Código de Conduta. Nele são estabelecidas regras de comportamento interno, trato com clientes (aliás, “amigos clientes”), fornecedores e até relações com governos e partidos políticos.

Em 2023, segundo o ranking divulgado pela Abras, o setor supermercadista teve R$ 1 trilhão em faturamento, o equivalente a 9% do PIB (R$ 10,9 trilhões, de acordo com o IBGE). São 415 mil lojas pelo país, 9 milhões de empregados e 30 milhões de clientes diários. Mais de 70% são minimercados, mercearias e armazéns. Pesquisa da associação mostra que, de R$ 50 bilhões investidos no ano passado, quase 60% foram para aquisição ou construção de lojas. Na contramão desse hiper center da Zona Norte paulistana. Aqui, o Andorinha manteve seu voo particular.

Por Vitor Nuzzi 

Fonte: Diário do Comércio

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