As empresas integrantes do Polo de Moda Íntima de Nova Friburgo, responsável por mais de 25% da produção do mercado nacional, conseguiram se recuperar após a enchente que destruiu boa parte da região serrana do Rio de Janeiro, no início de 2011, e enfrentam agora a crise econômica brasileira. A cidade é reconhecida há alguns anos como a capital brasileira da moda íntima.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Vestuário de Nova Friburgo e Região (Sindvest), Marcelo Porto, disse à Agência Brasil que são duas situações adversas, mas encaradas de forma diferente. A tragédia de 2011 dependeu mais da solidariedade. “Foi uma situação pontual que levou a população a mobilizar-se”, destacou.
Por ser um arranjo produtivo (aglomeração de empresas de um mesmo ramo), o polo reúne 1.324 empresas, a maioria micro e de pequeno porte, que empregam entre 24 mil e 26 mil pessoas.
Segundo Marcelo Porto, essas empresas enfrentam situações distintas. Enquanto umas estão fechando devido à atual crise econômica, outras funcionam de madrugada para atender à demanda.
“À medida que vem a crise, há uma adequação aos novos tempos. Algumas grandes empresas deixam de existir, criando oportunidade para o surgimento de pequenas células de produção”.
O presidente do Sindvest ressaltou que mais do que preço, o nível de criatividade e a percepção de valor do produto fabricado na região são fatores que determinam o sucesso do empreendimento. Para ele, inovação, design, estudo, tecnologia são pontos de destaque para uma empresa que quer superar com excelência a crise. A valorização do dólar também facilitou a volta de algumas empresas ao mercado exportador.
O diretor da pequena empresa Suspiro Íntimo, Carlos Eduardo de Lima, no mercado de lingerie há 25 anos, disse que durante a enchente de 2011, empresários e população se empenharam para enfrentar o caos em que a cidade se transformou.
“A gente teve perdas de pessoas da confecção e de parentes de funcionários, ficamos cerca de 40 dias fechados, a própria equipe se mobilizou para retirar a lama que se acumulava. Agora, estamos em outra crise [econômica], para a qual estamos tirando novamente força de nós próprios”, disse.
Alguns empresários, assim como Lima, estão investindo na Feira de Moda Íntima (Fevest), voltada a compradores nacionais e estrangeiros, que ocorrerá na cidade entre os dias 2 e 4 de agosto próximo, para manter os empregos e continuar no mercado. Em 2011, a Suspiro Íntimo tinha 120 funcionários. Hoje, são 102 empregados. O forte da empresa são as vendas no mercado doméstico.
Já a diretora da confecção Molambo, especializada em moda para dormir, Patricia Ribeiro, também atuando há 25 anos, prefere esquecer a tragédia de 2011. Disse que a cidade se recuperou totalmente e que o trabalho empreendido acabou superando todo o trauma das perdas de vidas humanas. “Perdas não se recuperam, mas o resto já foi recuperado”. A pequena empresária acredita que o desafio para o setor agora é superar a atual crise econômica no país. A inovação é a ferramenta.
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