Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Aqui está uma seleção dos tecidos sustentáveis do futuro

No Japão, desde o século 13, as bananas são utilizadas para fabricar um tipo de tecido chamado “jusi”, ainda usado na embalagem de quimono. É feito das fibras dos cachos de abacá (bananeira nativa das Filipinas) conhecida como “seda de banana”. A estilista filipina Dita Sandico foi a pioneira na transformação de materiais como a fibra de abacaxi (que vira organza de abacaxi), fibra de abacá( que vira seda de banana) e pinalino, uma combinação de fibra de abacaxi e linho irlandês para fazer suas lindas roupas esculturais. Em 2014, a fibra foi apresentada ao público em geral com o vestido feito por Coralie Marabelle,  tecido de abacaxi e banana porElodie Brunet e com o vestido do artista Em Riem feito inteiramente de folhas de bananeira secas (foto acima).

Normalmente, achamos o abacaxi uma fruta saudável e deliciosa, mas a Ananas Anam  está usando as folhas do abacaxi para fazer uma alternativa sustentável e mais barata para o couro animal chamado Piñatex. A empresa têxtil compra das comunidades agrícolas as fibras das folhas de abacaxi que passam por um processo de extração chamado decorticação. A biomassa resultante do descasque também pode ser convertido em adubo orgânico ou biogás como uma fonte extra de renda para as comunidades.

Já o Brasil é o maior produtor mundial de abacaxi, uma das frutas favoritas da população brasileira. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país produziu 1,677 milhões de toneladas da fruta em 2015. A indústria têxtil brasileira tem a disposição milhares de toneladas de resíduos que sobram do descarte do abacaxi e da banana que podem ser transformados em materiais sustentáveis para vestuário, decoração, bolsas, calçados, tapeçarias,  não-tecidos e  tecidos industriais.

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Outro tecido versátil vem dos talos da bananeira, uma parte da planta que geralmente é despejada ou queimada uma vez que o fruto é cortado, causando poluição. O tecido é já utilizado no Japão e no Sudeste Asiático, como as camadas exteriores da haste da bananeira sendo usada para cestos ou toalhas de mesa e as finas camadas internas podem ser usadas para embalar os delicados quimonos. As bananeiras muitas vezes não necessitam de pesticidas ou fertilizantes, quando cultivada nos trópicos. Sendo um resíduo da indústria de alimentos, estes caules que já foram muitas vezes apenas jogados fora estão sendo usados ​​como um novo recurso valioso para diversas finalidades.

A empresa eco-têxtil Offset Warehouse reconhece os potenciais da fibra da bananeira, e atualmente tem uma parceria com uma ONG nas Filipinas para garantir a produção de tecidos de banana para apoiar o setor artesanal, baseando-se nas competências locais, onde os trabalhadores são pagos de forma justa e trabalham em condições seguras. O tecido é quase neutro em carbono e sua textura macia tem sido comparada ao cânhamo e bambu, e o material é perfeito para jaquetas, saias e calças.

Nas Filipinas as fibras do abacá se transformam na “seda da banana” 

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O mundo todo consome anualmente milhões de toneladas de coco, mas as cascas e conchas são tipicamente jogadas fora. Mas o coco é algo terrível de se desperdiçar pois além da água e polpa interna, a sua camada externa fibrosa pode ter uma segunda vida. A fibra do coco pode ser transformado em muitas coisas, de itens comuns, como capachos e cerdas da escova, bem como itens não tão comuns como roupas. Em termos de vestuário, o Cocona é feito de cascas de coco que foram recicladas em carvão ativado e o tecido é feito com 55% poliéster e 45% de Cocona. Quando incorporados em fibras e tecidos, o resultado é uma peça de roupa que seca rápido (92% mais rápido do que o algodão), absorve odor, permanece frio no calor e oferece proteção UV, o que o torna ideal para roupas esportivas.

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Quando foi que o café se tornou uma bebida diária? Ninguém pode dizer o tempo exato, mas há uma coisa que podemos ter certeza é que as pessoas já tomam café por um longo tempo. É uma cultura que não poderia ser apagada da nossa vida. E agora, o café não é só para beber, você também para usar. A Singtex Industries de Taiwan descobriu uma coisa que ninguém jamais tenha percebido antes, isto é, combinar resíduos de borra de café com tecido.

Assim criaram o S.Café® que é usado em roupas de inverno ou esportivas pois fornece proteção UV, seca rapidamente e absorve odores. Inicialmente as borras de café foram colhidas de lojas mas com o crescimento da demanda, começaram a recolher os resíduos de fábricas de café, transformando lixo em tecidos úteis para as pessoas viverem melhor. Hoje em dia, o Brasil é responsável pela produção de 1/3 do café mundial, imagina quantas toneladas de borra de café que são descartados todos os anos? Não poderíamos em vez disso tornar esses resíduos em algo mais nobre como tecidos? Lembrando também que o Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo ficando atrás somente da China e Índia.
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A urtiga não é usada apenas em sopas! Já desde a Segunda Guerra Mundial, os alemães usaram a fibra de urtiga como uma alternativa ao algodão para fabricar seus próprios uniformes, porque o mercado têxtil foi dominado pela Inglaterra. Felizmente a urtiga fez sua reestreia no mundo da moda graças a vários projetos europeus, incluindo o italiano Grado Zero que é uma camisa 100% feita de fibra de urtiga. As vantagens desta fibra são notáveis: ela não precisa de fertilizantes e seu cultivo requer pouca água, classificando-a entre as fibras naturais mais sustentáveis.

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Até agora, falei de fibras naturais obtidas a partir de materiais encontrados na natureza e utilizados através de processos mecânicos, mas muitos dos novos tecidos são feitos de fibras têxteis artificiais.

Entre as fibras celulósicas à base de vegetais está a Orange Fiber (fibra de laranja), a primeira fibra derivada a partir da polpa de citrinos, que é o resíduo úmido que permanece após a produção industrial de suco de laranja. A Orange Fiber é um tecido cosmético com óleos essenciais de frutas cítricas em suas fibras, que hidratam e nutrem a pele, como se você colocasse um creme de manhã. O tecido também é biodegradável. A celulose é extraída dos resíduos da laranja.

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Nanotecnologia permite, em seguida,FIXAR os óleos essenciais cítricos no tecido. Um processo de quebra automática das microcápsulas têxteis lançam gradualmente vitaminas na pele do usuário. Portanto, o vestido não é apenas moda, mas também proporciona bem-estar para quem o usa. Os óleos essenciais da Orange Fiber duram até vinte lavagens, mas as duas criadoras estão estudando uma maneira de encher o tecido, com outros emolientes.

Outra novidade fantástica é o poliéster feito com fios 100% de melaço de cana de açúcar. A empresa japonesa Toray desenvolveu um fio de poliéster derivado completamente de materiais de base biológica. Tipicamente, o poliéster é feito do petróleo, ele não é biodegradável e é produzido a partir de produtos petroquímicos que gastam muita energia, é poluente pois utiliza grandes quantidades de água e substâncias químicas nocivas na sua fabricação. O melaço é proveniente de fábricas de produção de açúcar na Índia e no Brasil, onde é um bi-produto natural e abundante.

Ao usar o melaço em vez de combustíveis fósseis, a Toray está cortando os resíduos gerados pelo poliéster de petróleo e usando um material sustentável e biodegradável. A tecnologia para criar este poliéster à base de plantas está ainda em desenvolvimento, mas a empresa japonesa espera em breve poder comercializá-lo em larga escala. A criação de novas linhas de tecidos feitos de plantas poderia ajudar a reduzir o impacto ambiental, eliminando o uso de combustíveis fósseis e substituí-los com materiais mais sustentáveis. O Brasil está em primeiro lugar e produz mais de 30% de toda cana de açúcar no mundo por que não seguir os passos dessa multinacional japonesa e fabricar no país tecidos de poliéster feitos de melaço de cana?

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Existem, em seguida, as fibras artificiais, que são obtidas com o tratamento químico de um material de origem animal. Uma alternativa interessante para a lã e seda, cuja produção e eliminação envolvem danos ambientais significativos, é a fibra de leite . A fibra de leite é derivado da caseína, a principal proteína do leite, com o qual pode-se obter uma fibra artificial muito semelhante à lã. A caseína necessária para a sua realização é extraída somente a partir de leite azedo, tornando-se também um projeto muito inteligente de reciclagem.

QMilk fez grandes progressos no sentido da sustentabilidade: a fabricação requer apenas 2 litros de água para cada quilo de produto, nenhum agente químico e produção de resíduos zero. Interessante isso pois além de um tecido feito de borra de café agora temos também um feito de leite. Imagine um tecido café com leite?

O tecido Crabyon ao contrário, é uma fibra natural reciclável e biodegradável feita da mistura de viscose com o quitosano, um derivado da quitina. A quitina é um composto natural encontrado em conchas de caranguejos e mariscos para protegê-los de seu ambiente. Como a celulose a partir de fibras vegetais, a quitina é fácil de processar em tecidos, porque tem uma textura macia e tinge facilmente.O Crabyon tem propriedades antibacterianas e de controlo de odores. É proveniente de resíduos da fabricação de carne de caranguejo e é totalmente biodegradável.

A empresa com sede na Suíça, Swicofil afirma que a quitina utilizado no tecido foi cientificamente processada, e o tecido resultante é seguro e hipoalergênico para pessoas com pele sensível. Esta é uma boa notícia para as pessoas com alergias a marisco. O quitosano representa cerca de 5 a 20% da misturas do tecido. Os derivados da quitina também são usados ​​em coisas como lente de contato, pontos cirúrgicos e pele artificial.

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Alguns especialistas da indústria e designers de moda estão começando a experimentar com tecidos alternativos que usam bactérias em sua produção. É nesse sentido que se encaixa a BioCouture da designer de moda Suzanne Lee. Sua receita? Uma mistura de bactérias simbióticas, leveduras e outros micro-organismos que produzem folhas finas de celulose num processo de fermentação.  Quando as folhas estão secas, podem ser cortadas e costuradas como um tecido normal ou modeladas quando ainda estão úmidas. Obviamente que a pesquisa de Suzanne está ainda em fase inicial pois o processo será sintetizado em laboratório para que os bio-tecidos possam ser melhorados e depois comercializados.

A necessidade é a mãe da invenção” como disse o filósofo grego Platão, por isso existe a necessidade urgente de achar novas soluções eco-sustentáveis para a indústria têxtil pois ela é responsável por 25% dos produtos químicos produzidos em todo o mundo que são despejados no ar, água e terra. Um dos países mais drasticamente afetados pela poluição causada pela indústria têxtil é a China que produz cerca de  ¼ das roupas do mundo.

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Um dos maiores desafios ambientais da China é a poluição da água. A Organização Mundial de Saúde estima que a água poluída é responsável por 75% das doenças na China, e o país usa três vezes mais energia do que a média global, quatro vezes mais do que os EUA e oito vezes mais do que o Japão. A poluição é endêmica pois quatrocentos mil chineses morrem prematuramente a cada ano devido à poluição do ar e devido ao resultado de três décadas de crescimento econômico, 70% das águas da China estão poluídos. Além disso, toda a China sofre cronicamente com falta de água e a produção têxtil usa grandes quantidades de água e energia.

Esse é o “preço do progresso” que  os chineses estão pagando com altíssimos custos para o meio ambiente. Parte dessa poluição química vem impregnada nos produtos “Made In China” como já foi denunciado pelo Greenpeace no caso das roupas infantis. Tudo isso graças ao fast fashion, e já passou da hora de mudar todo esse sistema de consumo descontrolado para um mais baseado na “procura e oferta” e não na “oferta e procura”.

Novas investigações do Greenpeace revelaram que os compradores de todo o mundo estão comprando roupa contaminada e involuntariamente espalhando a poluição na água quando eles lavam suas roupas novas. Dos 78 artigos analisados ​​pelo Greenpeace Dirty Laundry 2 report, 52 testaram positivo para a presença de etoxilatos de nonilfenol (NPE) acima do limite de detecção de 1 miligrama NPE por quilograma de material (mg / kg). Roupa de todos, mas um dos quinze marcas testadas (GAP, duas amostras) continham NPE acima do limite de detecção. As amostras das roupas foram adquiridas de lojas em dezoito países.

Estes resultados demonstram que tanto o uso destes produtos químicos na produção e nas consequentes descargas tóxicos nos cursos de água e rios vão muito além do país de fabricação. O problema e a solução não são apenas preocupações locais, mas sim um problema verdadeiramente global.

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risonete s martins disse:

recomendo você ler novamente a reportagem, ou você descobre ou desisteOnde se compra esses tecidos? ???

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