A fusão da Arezzo&Co com o Grupo Soma chacoalha o mercado e pode trazer uma boa onda para todos surfarem.
A fusão da Arezzo&Co com o Grupo Soma chacoalha o mercado e pode trazer uma boa onda para todos surfarem. Confira!
A movimentação que resultou na fusão vinha acontecendo desde o início deste ano e, no dia 1º de agosto, finalmente, as ações da nova companhia, que agora se chama Azzas 2154, começaram a ser negociadas na B3 (a Bolsa de Valores do Brasil).
O fato de as duas empresas anteriores serem altamente complementares foi um grande propulsor para efetivar a negociação. Se por um lado a Arezzo&Co era forte no setor de calçados, de outro, o Grupo Soma era igualmente grande no setor do vestuário. Ao se fundirem, eles criam um potencial de negócios gigantesco.
Para ter uma ideia, dentro da nova estrutura, há quatro unidades de negócios. A de calçados, por exemplo, conta com Arezzo, Schutz e Vans, entre outras marcas. Já a de vestuário feminino atua com Farm, Animale e Maria Filó, entre outras. No total, são quase 30 marcas dentro da Azzas, que inclui Reserva, Reserva Mini, Hering, Fábula e Troc (brechó on-line), para citar algumas.
Alexandre Birman, CEO da nova companhia, celebra a união dessas forças: “Consolidar a integração de dois líderes do setor para dar origem ao maior grupo de moda da América Latina demonstra, sobretudo, como acreditamos no Brasil, principalmente em um dos nossos maiores diferenciais – a criatividade. Estamos muito felizes em reunir grandes talentos em uma plataforma de marcas, com diretrizes de padrão global, valorizando a identidade de cada uma e fortalecendo nossa presença no mercado para proporcionar uma entrega excepcional aos nossos stakeholders”, afirma.
Mais excelência, maior eficiência
Estar dentro de um conglomerado desse porte tem bônus, mas também tem ônus. Olhando para os pontos positivos, segundo Ana Buchaim, VP de pessoas, marca, comunicação, sustentabilidade e investimento social da B3, o fato de estarem listadas na bolsa, como já era o caso das empresas antes da fusão, faz com que elas tenham um nível de governança muito maior. “Agora, em função do tamanho, isso ganha ainda mais relevância, e o mercado passa a observar todo o processo da nova empresa. Tudo tende a ficar mais sólido no começo, meio e fim”, diz Ana Buchaim.
Ela explica que operações desse porte trazem diversos ganhos: “Quando olhamos para a cadeia produtiva, por exemplo, ela começa a ficar ainda mais eficiente, tem padrão de gestão e de exigência de qualidade mais alto em relação aos fornecedores. Isso porque os investidores estão sempre com olhos atentos a tudo”, diz.
Buchaim lembra que uma house of brands como a Azzas pode trabalhar na otimização da compra de tecidos, da fabricação e da distribuição, gerando redução de custo operacional. Para ela, isso é bastante positivo, inclusive para o consumidor. “Outro ponto a destacar é que a Azzas tem o que se chama de lifetime value muito maior, porque possui uma gama de produtos ampla para diversas fases da vida, do nascer ao envelhecer. As marcas acompanham diferentes gerações e estilos de vida, inclusive aqueles que valorizam a economia circular por causa da Troc”, afirma.
Uma fusão como essa pode inspirar a concorrência à medida que uma empresa com esse porte e potencial passa a ser uma referência para o mercado, que pode se organizar e, futuramente, movimentar-se com novas fusões e aquisições.
Como principais desafios, Ana Buchaim afirma que, quando se faz uma fusão desse quilate, juntando duas casas importantes, com formas de trabalho distintas e que vieram de aquisições de outras companhias, é fundamental fazer uma boa gestão de cultura. “As estatísticas mostram que perto de 70% das fusões não trazem o valor que se espera porque negligencia os aspectos humanos. Construir uma cultura resiliente ajuda as empresas a se tornarem mais longevas e bem-sucedidas”, diz.
A executiva defende também a necessidade de dar atenção à comunicação transparente e clara com os stakeholders – colaboradores, fornecedores, clientes e investidores – para administrar expectativas.
Por fim, Buchaim afirma que há espaço para todos. “Uma fusão é uma decisão de marcas que resolvem fazer parte de um grande grupo para crescer mais. No entanto, a opção por não se aliar a outras empresas para manter seu potencial criativo também é válida. Negócios pequenos e de nicho talvez não escalem tanto e podem ser relevantes dentro dessa perspectiva. Uma empresa pequena também tem potencial para crescer. Por outro lado, as enormes consolidações de empresas não significam massificação do mercado. Sempre surgem marcas que são disruptivas, e isso mantém a economia viva”, conclui ela.
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