Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Durante 26 anos a revista O Cruzeiro publicou a coluna de moda com ...

 

 

Por: Raquel Medeiros

 

Uma revista, uma coluna ilustrada, muitas garotas... Todas brasileiríssimas, vestidas com a ideia da moda emancipadora e livre dos "espartilhos" moralistas. Jovens modernas, independentes, nascidas e bem criadas no traço fino e delicado do desenhista Alceu Penna que durante 26 anos as manteve em evidência na Revista O Cruzeiro. A cada semana elas surgiam em cenas de eventos sociais ou de lazer exibindo trajes inspirados nas últimas tendências das passarelas internacionais. As Garotas do Alceu - como ficaram conhecidas - povoam a história da moda brasileira e vestem a evolução de uma época e seus costumes. 

O tempo não apagou o sorriso, o charme e a irreverência das pin-ups. Agora elas residem nos arquivos e contam com a mesma vivacidade - independente das páginas amareladas - como mantiveram a elegância entre os anos de 1938 e 1964. Marcaram papel preponderante na difusão da moda como canal da transformação social que saia às ruas em comprimentos, decotes, estampas e cores que acompanhavam os ventos da modernidade que aportavam no País pela costa do Rio de Janeiro, capital brasileira até o ano de 1960.

O mineiro nascido em Curvelo (1915 -1980) desenhou garotas cariocas cheias de graça. Personagens que mantinham conexão com as leitoras da revista frequentando lugares reais e experimentando situações cotidianas. No verão estavam nas praias - exibindo corpos ao sol - ou em alguma viagem de férias... No inverno podiam ser vistas na Confeitaria Colombo tomando um café e desfilando seus vestidos de cintura marcada e cabelos bem penteados à moda das divas do cinema. Elas tinham voz em textos bem humorados - escritos por jornalistas como Millôr Fernandes e Accioly Neto - que tornavam públicos sonhos, desejos e opiniões.

 

Publicidades, calendários, desfiles e sonhos

 

Além da vitrine de tendências que adaptava a moda europeia protagonizada pelas famosas garotas da revista O Cruzeiro,Alceu esbanjou talento. Ilustrou publicidades, criou embalagens para produtos e desenhou durante anos os calendários do Moinho Santista. Organizou desfiles no Copacabana Palace e produziu figurinos para a turnê de Carmem Miranda nos Estados Unidos e as primeiras novelas da TV Tupi. Eram suas as criações exclusivas que a têxtil Rhodia apresentou nos lançamentos de suas coleções espalhadas pela Ásia, Europa e América do Norte durante a década de 60.

Versátil e ousado Alceu se confunde com a trajetória da moda brasileira. "Impossível esquecer o impacto causado por seus desenhos: as cores, o movimento, a vivacidade e criatividade. O balanço das saias e dos corpos de suas Garotas ou o brilho e a sensualidade esfuziante de suas fantasias para shows e bailes de carnaval. Alceu misturava, como poucos, texturas, brilhos, babados, sonhos", afirmou o escritor Ruy Castro, no texto de abertura da exposição "O Brasil na ponta do lápis: Alceu Penna, modas e figurinos", realizada pelo Senac-SP em maio de 2007. As garotas e a moda nacional tiveram um pai liberal, à frente do seu tempo.    

 

Para saber mais:

Alceu Penna e as garotas do Brasil: moda e imprensa - 1933 a 1975 - Autor Gonçalo Junior, Editora Amarilys, 2010

Vamos Garotas! Alceu Penna, moda, corpo e emancipação feminina - Autora Gabriela Penna, Editora Annablume, 2010

 

Fonte: http://www.nasentrelinhas.com.br/noticias/costurando-ideias/307/as-...

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