Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Desfile de moda é passageiro, investir em cultura é para sempre. Entenda como as marcas de luxo estão adotando monumentos e criando museus para chamar de seus.

 Por: Letícia Liñeira

A escadaria de mármore e calcário da Piazza di Spagna, no centro histórico de Roma, que já serviu de cenário para o encontro de Audrey Hepburn e Gregory Peck no filme “A princesa e o plebeu”, de 1953, é um dos lugares mais vistados da cidade eterna. Mas poucos sabem que aquele cenário faz parte da história da joalheria italiana Bvlgari. No final do século 19, a elegante praça, um dos pontos de encontro favoritos dos moradores e turistas, era local de passagem do ourives grego Sotirio Bulgari, que fundou, em 1884, naquela mesma área, a grife que leva seu nome, hoje uma das mais famosas do mundo.

Por isso mesmo, quando perceberam que o local estava deteriorado, os executivos da empresa resolveram doar no final do ano passado € 1,5 milhão para financiar a restauração dessa que é considerada uma das joias arquitetônicas da cidade. Os degraus estão sendo nivelados e as superfícies, que acumulavam manchas e rachaduras, estão passando por reparos. O sistema de drenagem da água da chuva e as luminárias também passam por manutenção. A previsão é liberar o espaço para visitação ainda este ano.

Como a Piazza di Spagna, diversos monumentos na Europa estão, há tempos, degradados devido ao desgaste natural – e até por intervenções do homem. Mas esse movimento de “apadrinhar” construções centenárias é relativamente recente. Há pouco mais de cinco anos, obras de restauração que até então seriam inviáveis para os governos bancarem sozinhos, por enfrentarem cortes de despesas, vêm sendo custeadas pela iniciativa privada.

E esses mecenas têm sido as poderosas grifes de luxo, que descobriram o potencial de associar sua imagem ao universo de alto valor que a arte e a história representam. Enquanto algumas preferiram criar seus próprios museus, outras adotaram um ícone para chamar de seu. “A majestosa beleza desta cidade e seu rico patrimônio arqueológico e artístico têm sido uma fonte inesgotável de inspiração para nossas coleções”, disse Jean-Christophe Babin, CEO da Bvlgari, referindo-se à praca em Roma.

A relojoaria suíça Jaeger-LeCoultre, por sua vez, é mecenas da Scuola Grande di San Rocco, em Veneza, local que se tornou único pelas pinturas de Jacopo Tintoretto (1518-1594), chegando a ser considerada a Capela Sistina da cidade. Entre as melhorias realizadas estão a renovação dos mármores e a iluminação para que os visitantes possam enxergar melhor cada detalhe. “A marca não se sensibilizou apenas com a precisão das obras de Tintoretto, mas também com a criatividade que ele evidenciou em suas pinturas.

E são justamente esses os elementos que dão vitalidade aos ateliês da manufatura Jaeger-LeCoultre”, diz Marcelo Buarque, diretor da grife no Brasil. Em Portugal, a marca contribuiu financeiramente para restaurar o relógio do Arco Triunfal na rua Augusta, em Lisboa. As grifes não fazem isso apenas por bondade. Seus executivos sabem que, mais do que um desfile de moda efêmero, essas ações perpetuam seus nomes, inclusive estampando suas logomarcas em placas ao lado dos monumentos.

É o caso da italiana Fendi, que colocou € 2,5 milhões na Fontana di Trevi, construção barroca de 1735 presente em uma das cenas de “La dolce vita”, de Federico Fellini. Já a americana Ralph Lauren, decidiu reformar a École des Beaux-Arts, em Paris. Em 2011, a Tod’s injetou € 25 milhões na recuperação do Coliseu. Há, entretanto, quem atue dessa forma sem buscar contrapartida. O italiano Renzo Rosso, fundador da Diesel, disse encarar a preservação de um patrimônio cultural de seu país como um dever civil.

Rosso não estampa o nome da Diesel nas inciativas, mas ele se envolve pessoalmente nos projetos. Seu mais recente investimento foi na ponte de Rialto, um marco da arquitetura de Veneza. Em 2012, ele bancou € 5 milhões do próprio bolso para concretizar essa ação. A escolha por dialogar com o público fora das vitrines e passarelas e investir em outros segmentos, como a arte, é um processo natural, segundo especialistas. “Existe um limite das marcas.

Elas precisam encontrar oportunidade para alcançar seus consumidores em outras ocasiões de consumo, senão haverá um esgotamento de diálogo”, diz Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria. “Essa também é a chance conquistar outra base de clientes, pessoas que podem passar a gostar da marca não apenas pelos produtos que, inicialmente, ela é reconhecida.” Os exemplos endossam a afirmação de Ferreirinha. Braço “filantrópico” da grife italiana Prada, a Fundação Prada vem investindo na restauração do Palais d’Iéna e do Ca’Corner Della Regina, em Veneza.

Em parceria com a Versace, a marca também renovou o visual da Galleria Vittorio Emanuele II, complexo comercial que ganhou € 3 milhões para sua obra. Há um movimento seguindo nessa direção e, em tempos de crise, dispensar oportunidades como essa é má ideia. De acordo com Ferreirinha, existe não só a vontade, mas uma necessidade. “As marcas precisam faturar, aumentar sua capacidade de expansão”. Preservar esses territórios, acima de tudo, é resgatar toda a sua relevância histórico-cultural e, claro, a chance de mostrar a todos que elas fazem parte da história.

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Respostas a este tópico

enquanto isto aqui no brasil tem os pilantras que vivem do marketing do seu proprio nome porque nao tem talento, entao vivem no nordeste arrancando dinheiro de governos estaduais e municipais, verdadeiros oportunistas, um deles ja arrancou dinheiro aqui da paraiba inumeras vezes, estou esperando a proxima vez para denuncia-lo

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