Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A pandemia de Covid-19 poderia ter levado as empresas da indústria têxtil e vestuário a colocarem de lado os projetos de investigação e desenvolvimento, mas não foi isso que aconteceu para muitas empresas, que anunciaram durante o ano passado inovações em áreas como fibras, tecidos, tingimento e acabamentos.

HeiQ Viroblock [©HeiQ-AG]

Conscientes da importância da inovação, as empresas da indústria têxtil e vestuário continuaram a investir no desenvolvimento de novas soluções em 2020, gerando produtos com melhores performances, conforto e sustentabilidade, alguns relacionados com o próprio combate ao vírus. O Sourcing Journal selecionou alguns dos mais marcantes, em áreas como os antivirais, reciclagem, fibras alternativas e processos de tingimento e acabamento.

Antivirais

Foi o caso da HeiQ, que recebeu recentemente o prémio Swiss Technology Awards pela sua tecnologia antiviral HeiQ Viroblock e pelo seu contributo para travar a disseminação da pandemia.

Desenvolvido em tempo recorde e lançado após as autoridades suíças terem decretado o confinamento em março, a HeiQ Viroblock teve um enorme impacto na indústria têxtil mundial e está a ser adotada por várias empresas em todo o mundo, incluindo em Portugal. A tecnologia está ainda a chegar aos consumidores através de marcas como a Burberry, Mammut e Albini.

De acordo com os estudos, a tecnologia antiviral e antimicrobiana mostrou ser uma das mais eficientes a nível mundial e já foi aplicada em mais de mil milhões de produtos de mais de 150 marcas, incluindo máscaras, vestuário e têxteis-lar.


Albini [©Albini]

Já no primeiro ensaio de sempre a usar o método da ISO – International Standardization Organization de coronavírus em têxteis, o ViralOff da Polygiene foi confirmado como o primeiro tratamento comercial de têxteis a reduzir o vírus em mais de 99% ao longo de duas horas.

A empresa suíça indicou que o objetivo de tratar têxteis com ViralOff não é proteger o utilizador de uma infeção ou fazer qualquer alegação relativamente à saúde, mas proteger a peça de vestuário porque dessa forma não tem de ser desinfetada. Além dos efeitos ambientais em usar mais e lavar menos, há também países que exigem a desinfeção dos produtos antes de serem vendidos, tornando o vestuário tratado com o ViralOff particularmente atrativo.

Reciclado e renovável

As marcas de moda realizaram grandes avanços, no ano passado, na reutilização de produtos para criar fibras e tecidos. Para muitas empresas, faz parte do seu compromisso para reduzir o desperdício e a pegada de carbono e para os seus objetivos de sustentabilidade no geral.

A especialista em produção “limpa” Genomatica assinou um acordo com a Aquafil para criar uma unidade de produção à escala de demonstração para fabricar a maior quantidade de sempre de poliamida 6 100% renovável. Respondendo ao aumento do interesse dos consumidores por produtos sustentáveis, o material será enviado para marcas mundiais que estão desejosas de explorar e desenvolver produtos renováveis, criar bens que sirvam de montra e testar o feedback dos consumidores.

A Genomatica e a Aquafil estão agora a avançar com uma demonstração maior do que a habitual para apoiar as primeiras aplicações comerciais por parte dos seus parceiros, com a primeira produção a dever criar 50 toneladas de biopoliamida para uso pré-comercial.

«A biopoliamida está posicionada para substituir um material que é usado em milhões de aplicações todos os dias», afirmou Christophe Schilling, CEO da Genomatica. «A nossa pesquisa mostra que apesar das dificuldades na área da saúde e da economia, 56% dos americanos ainda querem que as marcas deem prioridade à sustentabilidade», acrescentou.

O grupo H&M, por seu lado, continuou a dar passos para um futuro mais sustentável através da expansão da parceria com a empresa sueca de reciclagem têxteis Renewcell para fornecer fibras Circulose de elevada qualidade, produzidas a partir de resíduos têxteis não usáveis.

A Agraloop Biofiber, da Circular Systems, produzida a partir de resíduos de óleo de sementes de cânhamo, e a Naia Renew, uma fibra celulósica de ciclo fechado fabricada com 60% de polpa de madeira e 40% de resíduos de plástico reciclados, serão usadas na produção de tafetás e jacquards para criar vestidos de noite para a H&M. A tecnologia SpinDye da We aRe SpinDye, um método de tingimento amigo do ambiente, e o Made Of Air, um plástico com uma pegada de carbono negativa, são também aplicados em vestuário e óculos de sol da mesma linha.

A Nan Ya Plastics, produtora de fibras PET recicladas, criou uma nova unidade batizada Saya para incluir restos de corte e tecidos reciclados, abrindo novas opções para a indústria têxtil. A Saya 365 inclui um processo de filtragem próprio de cinco fases depois de duas fases de purificação que resultam em chips e pellets otimizados prontos a serem transformados em fibras de performance.


Agraloop Biofiber [©Circular Systems]

A Saya 365 deriva de garrafas de plástico aprovisionadas na Ásia e arredores, garantindo uma oferta consistente e eficiente em termos de custos para opções sustentáveis em fibra de poliéster. A Saya Coastal direciona-se para a limpeza e remoção de garrafas de plástico em regiões costeiras que, de outra forma, iriam parar ao mar, já que 80% do plástico no oceano tem como origem as praias e zonas costeiras.

O Meridian Speciality Yarn Group lançou fios de poliéster processados com a tecnologia CiCLO que representa uma alternativa sustentável de elevada performance ao poliéster convencional para vestuário de proteção e equipamentos de proteção individual para a área da saúde.

A tecnologia CiCLO permite que as fibras de poliéster sejam decompostas em aterros e no oceano a taxas comparáveis às das fibras naturais como a lã, de acordo com a Meridian. A empresa está inicialmente a apresentar os fios para o mercado das meias, para meias de performance e montanhismo.

Materiais alternativos

A empresa agrícola ADM e a Spiber Inc, uma biotecnológica japonesa, estão a combinar os seus conhecimentos para expandir a produção dos polímeros Brewed Protein desenvolvidos pela Spiber para utilização em vestuário e outros bens de consumo. Os polímeros Brewed Protein serão produzidos pela ADM nos EUA usando dextrose proveniente de plantas e enviados para as unidades da Spiber, onde vão ser transformados em diferentes materiais, sobretudo fibras, para utilização em diversas aplicações como vestuário, componentes automóveis leves e espumas de alta performance.

A Eastman, produtora das fibras celulósicas Naia, apresentou o seu portefólio Naia Renew, que é rastreável e tem biodegrabilidade certificada que usa materiais difíceis de reciclar, que de outra forma iriam parar a aterros.

A Eastman também colaborou com a Dupont Biomateriais para lançar uma coleção de tecidos feita de materiais de base biológica. O esforço conjunto mistura a Naia com as fibras Dupont Sorona para criar peças de vestuário com elasticidade de recuperação excecional, um caimento luxuoso e um toque macio. A nova coleção vai expandir as opções de tecido sustentável para designers usarem em vestuário casual.

O grupo H&M, a Bestseller, a PVH Corp, a Wrangler e a Patagonia estão a colaborar com a Infinited Fiber Company para desenvolver uma alternativa viável circular ao algodão virgem, que permita melhorar a sua capacidade de resposta à crescente procura dos consumidores por produtos sustentáveis.


IFC [©IFC]

A Infinited Fiber Company afirma que a sua tecnologia, que está a ser desenvolvida em parceria com diferentes parceiros, incluindo a portuguesa Inovafil, consegue transformar qualquer material rico em celulose numa fibra suave, biodegradável, várias vezes reciclável e com um toque e aspeto natural.

A Lenzing lançou fibras de liocel e de modal certificadas como zero carbono pela CarbonNeutral, que são produzidas usando energia renovável, que contribuem para emissões de carbono e consumos de energia mais baixos na cadeia de aprovisionamento e para «arrancar com a descarbonização da indústria têxtil». Isto significa que as emissões associadas à produção e distribuição de fibras foram calculadas e sempre que possível reduzidas juntamente com parceiros da indústria ou compensadas, quando não é possível reduzir.

A ação faz parte da campanha a longo prazo “true carbon zero” da Lenzing, que irá lançar quatro «alavancas essenciais» nas áreas da redução de energia, energia renovável, novas tecnologias e envolvimento com os fornecedores para reduzir para metade as suas emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e conseguir uma produção neutra em termos de carbono até 2050.

Tingimento e acabamentos

A empresa finlandesa de inovação em fibras Spinnova entrou numa colaboração a longo prazo com a empresa de químicos Kemira para desenvolver um método de tingimento intrínseco de fibras amigo do ambiente.


Spinnova [©Spinnova]

O processo envolve o tingimento em massa das fibras celulósicas antes da extrusão do filamento, que evita o uso excessivo de água, energia, metais pesados e outras substâncias perigosas que tipicamente entram no tingimento da fibra, linha e tecido como processos subsequentes.

A Unifi Inc lançou o poliéster Repreve que pode ser tingido por processos catiónicos, uma expansão da sua oferta Our Ocean. Combinando sustentabilidade e inovação, o processo pode permitir poupanças de energia em comparação com o poliéster tingido por corantes dispersos, uma vez que usa temperaturas mais baixas, indica a Unifi. Para o consumidor, o processo oferece uma melhor solidez de cor com lavagens, transpiração e sublimação do que a fibra de poliéster tradicional.


FONTESourcing Journal
https://www.portugaltextil.com/as-inovacoes-texteis-de-2020/
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