Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Depois da seca registada na última década, a pandemia de Covid-19 não tem poupado a lã australiana. Em plena época de tosquia, o encerramento das fronteiras no passado mês de março veio acrescer as dificuldades do sector, que se recusa contudo a baixar os braços.

[©Woolmark]

Na Austrália, a época da tosquia das ovelhas está a todo o vapor, mas com a pandemia e o anterior encerramento de fronteiras imposto pelo governo para conter a disseminação do nosso coronavírus, acrescem as dificuldades dos criadores para recrutar tosquiadores.

No sudoeste de Nova Gales do Sul, a Tubbo Station, uma quinta de 25 mil hectares com um rebanho de mais de 15 mil ovelhas, está longe da dinâmica tradicional para a época. «Faltam-nos cerca de 15 pessoas, os neozelandeses e os australianos do estado de Victoria que geralmente nos vêm deitar a mão. Mas é impossível virem neste momento. Por isso, somos somente 25, quando deveríamos ser 40», explica Andrew Morrison, responsável pelo recrutamento de tosquiadores para as quintas da região, em declarações à AFP.

Dentro do gigantesco celeiro dedicado à tosquia, que quase nada mudou desde que foi construído, no final do século XIX, o ritmo é, todavia, acelerado: 1.600 ovelhas serão tosquiadas durante o dia. Em poucos minutos, os tosquiadores retiram a lã, que no final do inverno representa 30% do peso do animal. Um trabalho dificultado pelo encerramento das fronteiras internacionais da Austrália, decretado em março último, para conter a pandemia. A maioria dos estados australianos fez o mesmo ou impôs uma quarentena aos trabalhadores sazonais provenientes de outros estados, complicando também a colheita de frutas e legumes.


[©National Museum Australia]

Os tosquiadores na Austrália são em grande parte sazonais, viajando entre estados, com uma elevada percentagem de estrangeiros. Dos 3 mil aos 4 mil tosquiadores que trabalham na Austrália a cada ano, pelo menos 500 vêm da Nova Zelândia, onde a tosquia ocorre mais cedo. A sua ausência é sentida nos cantos mais recônditos do país, Nova Gales do Sul ou Austrália meridional e ocidental.

«Em algumas dessas regiões, os neozelandeses representam entre 30% e 70% da força de trabalho», garante Andrew Morrison.

Soluções à vista

O problema pode, entretanto, ver-se resolvido, já que, desde 16 de outubro, os

neozelandeses estão autorizados a viajar para a Austrália, sem quarentena obrigatória. Por outro lado, a indústria da lã tem tentado atrair os jovens australianos para a profissão de tosquiador, mas os novos recrutas não estarão ainda aptos para esta estação.

«A tosquia é um trabalho muito específico e difícil. Existem oportunidades para quem está disposto a aprender. Se o Covid nos ensinou algo, foi que devemos ser mais autossuficientes», afirma Andrew Blanche, um exportador que representa vários clientes europeus do sector do luxo, como Armani ou Hugo Boss. Encontrado na bolsa de lã de Sydney, o principal ponto de venda do país, onde os fardos de lã são

leiloados, Andrew Blanche considera que a escassez de mão de obra não afetou ainda

o mercado.


[©Reuters]

Já a pandemia teve um «impacto grande» no mercado australiano da lã, «na medida em que os nossos principais clientes, na Europa e na Ásia, estiveram confinados durante semanas. Muitas encomendas foram canceladas e a lã que devia ter sido escoada foi armazenada», revela Andrew Blanche, ao mesmo tempo que aponta para as prateleiras cheias de fardos de lã.

Além disso, a seca que assolou grande parte do país ao longo da última década

reduziu muito a dimensão do rebanho australiano, que caiu de 72 milhões de cabeças em 2012 para 65 milhões em 2019, de acordo com o Australian Bureau of Statistics.

A Austrália mantém-se, no entanto, o maior produtor mundial de lã, com 283 mil toneladas colhidas na época 2019-2020. A China é, de longe, o seu principal cliente, seguida pela Índia e pela Itália.

FONTEAFP
https://www.portugaltextil.com/as-pragas-da-la/
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