Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

As tecelagens artesanais Hosoo e Bonotto, são as armas secretas das marcas de luxo

Atualmente, a China se tornou a maior fabricante têxtil do mundo, produzindo mais da metade das fibras têxteis mundiais, e controla 35% do volume mundial de fabricação de roupas. Países como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Japão e Itália, caminharam no sentido da “desindustrialização” têxtil desde 1980, quando a China abriu sua economia para o mundo criando “Zonas Econômicas Especiais”, convidando empresas estrangeiras a produzirem no país, aproveitando os subsídios do governo, a farta e barata mão de obra chinesa e nenhuma responsabilidade trabalhista e ambiental.

Durante o período de 1986 a 2003, um grande número de empresas têxteis foram transferidas para a China, tornando o antes falido país comunista na primeira potência industrial têxtil do mundo. Embora muitas tecelagens fecharam suas portas por causa da concorrência desleal com os tecidos baratos importados da China, outras tecelagens resolveram investir na criação de tecidos artesanais exclusivos e altamente elaborados para marcas de luxo, esse foi o caso da italiana Bonotto e da japonesa Hosoo.

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Com 327 anos, doze gerações e dez trabalhadores, a empresa têxtil Hosoo produz tecidos para marcas de luxo internacionais entre elas Dior, Louis Vuitton e Chanel. É uma das mais antigas empresas de Kyoto/Japão, fundada em 1688, que agora é administrada pelo diretor Masataka Hosoo, de 37 anos. A Hosoo é muito famosa em Kyoto, tanto que celebridades, políticos e embaixadores, muitas vezes vão visitar sua fábrica.

Os primeiros tecidos fabricados eram quimonos tradicionais para guerreiros Shogun e samurai da elite do clã Tokugawa. O mercado de quimonos tradicionais caiu 90% atualmente, portanto, a empresa está diversificando em três áreas: arte, moda e decoração.

Essa tecelagem japonesa tradicional trabalha diretamente com clientes sem distribuidores. Muitos destes clientes são marcas de luxo mundiais que compram tecidos para o interior de suas lojas. A Hosoo produziu 19 tecidos diferentes para 50 lojas da Chanel e Dior. Além disso, renomados artistas plásticos costuma trabalhar com a Hosoo para produzir esculturas têxteis. A empresa fornece tecidos para várias grifes de moda do Japão e do exterior, ávidos pela sua exclusividade e sofisticação.

A produção têxtil da Hosoo requer muito tempo e muitos processos feitos por apenas 10 artesãos que trabalham na fábrica, que são uma mistura de pessoas comuns, jovens graduados em escolas de moda e um engenheiro mecânico que vistoria as máquinas. É um processo longo e árduo, em que cada trabalhador deve manter em segredo seu conhecimento para proteger a sustentabilidade da empresa. Sem sentir a pressão dos tecidos genéricos e baratos da China, a Hosoo permanece forte através da inovação e tradição que conseguiram adquirir em seus 327 anos de experiência.

A centenária tecelagem Bonotto, situada na região de Veneto no norte da Itália, é conhecida como a “fábrica lenta” onde a arte, poesia e moda se unem. A fábrica da Bonotto é decorada com 17.000 obras de arte contemporânea, servindo como um laboratório criativo para artistas plásticos, designers e estilitas poderem experimentar e criar os mais elaborados tecidos.

Administrada pelo diretor criativo Giovanni Bonotto, bisneto do fundador Luigi Bonotto, a empresa é especializada em tecidos luxuosos que mais parecem obras de arte do que tecidos para roupas. No mundo atual obcecado pela tecnologia, a maioria das criações mágicas da Bonotto são feitas em teares mecânicos e manuais antigos dos anos 1950 e 1960 que produzem tecidos com as fibras naturais mais exclusivas e raras do mundo para grifes de moda da Itália, França e outros países.

Segundo Giovanni, “Nós somos o Slow Food da indústria da moda” por isso a Bonotto tem sido considerada um dos principais fornecedores de tecidos de luxo da Itália. Na última década, a China tornou-se mais rápida e mais barata, e a empresa ao contrário tem se tornado mais lenta, mais radical, e é claro, mais cara. Eles investem em materiais raros, difíceis e incomuns de todo o mundo, incluindo celofane, embalagens de chocolate, PVC, pêlos de iaque tibetano, cashmere afegão e algodão orgânico do Zimbabwe, transformando tudo em fios. Giovanni obsessivamente só utiliza máquinas antigas e teares de madeira da década de 1950 para criar processos de tecelagem altamente complexos em que mais de 60 fios diferentes se dissolvem em tecidos densos e ricamente estampados como uma tapeçaria ou um pintura.

A eficiência matou tantos belos detalhes nos tecidos“, diz Giovanni Bonotto entre suas máquinas lentas, seus fios raros e seus tecidos ornamentados. “Aqui, artesãos e mãos inteligentes podem fazer coisas que os chineses não podem.” As grifes concordam!

A inovação que sai da Bonotto é fonte criativa para os estilistas das grifes Bottega Veneta, Chloé, Chanel, Rick Owens, Jean Paul Gaultier, Giorgio Armani, Versace entre centenas de outras do mundo todo. A Bonotto continua a ser uma arma secreta amada pelos designers mais badalados da moda. Enquanto a maioria das pessoas acredita que os estilistas famosos desenharam seus próprios tecidos, a realidade é que a Bonotto faz boa parte do trabalho de criação antes do estilista colocar a caneta no papel. A empresa cria tecidos feitos sob medida para garantir que ninguém mais terá a mesma ideia.

“Às vezes, sofremos um pouco porque estamos inventando moda aqui, mas tudo o que fazemos se torna invisível”, diz Giovanni. “Nós nunca recebemos o crédito pelas coisas lindas que fazemos.” No entanto, ele tem o prazer de se acomodar dentro de seu casulo criativo, longe das luzes e da pressão do mundo da moda. “Eu odeio moda“, diz ele. “Eu não me sinto parte desse mundo em tudo. Eu me sinto como um artista escondido no campo.”

Quando criança, Giovanni esteve cercado por artistas, de Marcel Duchamp e Jackson Pollock para Joseph Beuys e Nam June Paik, todos os quais foram convidados por seu pai, Luigi Bonotto (filho do fundador Luigi), que era obcecado em colecionar arte. Na década de 1970, um programa de artista-residente foi iniciado na fábrica da Bonotto e desde então tem hospedado centenas de artistas, todos eles deixaram seus trabalho por todos os lugares da fábrica. Em 2014, foi lançado a Edições Bonotto, um programa de arte, instalações e projetos especiais concebidos para consumo público.

Giovanni Bonotto lembra que a decisão de seu pai de trazer as obras de arte para o chão da fábrica deixou os empregados apreensivos pois tinham medo de quebrar alguma coisa. Mas então eles começaram a perceber que o seu trabalho valia mais. Eles olharam para as máquinas de forma diferente e a si mesmos de forma diferente, com orgulho. A verdade é que todo mundo é um artista na Bonotto!

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  Durante o período de 1986 a 2003, um grande número de empresas têxteis foram transferidas para a China, tornando o antes falido país comunista na primeira potência industrial têxtil do mundo.

   No mundo atual obcecado pela tecnologia, a maioria das criações mágicas da Bonotto são feitas em teares mecânicos e manuais antigos dos anos 1950 e 1960 que produzem tecidos com as fibras naturais mais exclusivas e raras do mundo para grifes de moda da Itália, França e outros países.

   “Aqui, artesãos e mãos inteligentes podem fazer coisas que os chineses não podem.” As grifes concordam!

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