«É uma preocupação para todos os sectores de negócios», afirma Fabrizio Ferraro, professor de gestão estratégica da IESE Business School em Barcelona, à Bloomerg. «A questão prende-se com a dimensão do impacto destes acontecimentos nas vagas de turistas. O consumo do sector, na Europa, depende do turismo», explica.
As ações da Hermès International, do grupo Kering e do Swatch Group caíram na segunda-feira, em resultado da incerteza que está a assolar a indústria. Paris ocupa a segunda posição entre as cidades preferidas para compras de artigos de luxo, depois de Nova Iorque, revela a Bain & Co. Os ataques surgem em antecipação ao período de compras mais importante do ano, com o último trimestre do ano a concentrar 30% das receitas da indústria. «As vagas de turistas que rumam ao ocidente europeu diminuirão claramente nas próximas semanas e isto ocorrerá em antecipação ao período natalício», admite Loic Morvan, analista da Bryan Garnier.
A França é o destino favorito de compras tax-free, representando mais de 20% do mercado, de acordo com a Global Blue, que efetua o processamento dos pagamentos das compras tax-free. O país responde por 10% das vendas do grupo LVMH e 15% das vendas da casa Hermès, que anunciou, na passada semana, uma aceleração do crescimento das vendas da marca em território francês, relativas ao terceiro trimestre do ano.
Sentimento dos consumidores
«Alguns dos gastos poderão ser revertidos para o mercado doméstico ou poderão traduzir-se em compras discricionárias efetuadas noutros lugares, embora suspeitemos que a propensão para as compras será afetada», indica John Guy, analista do Mainfirst Bank AG. Os investidores diminuirão, provavelmente, a sua avaliação das ações dos bens de luxo entre 5% a 10%, acrescenta.
Na segunda-feira, as ações da casa Hermès caíram 1,6%, fixando-se em 327.30 euros, às 11h50 em Paris. As ações do grupo LVMH diminuíram 1,3%, para 160,30 euros, enquanto as do grupo Kering perderam 1%, para 163.60 euros. As ações do grupo Richemont, proprietário da casa de joias e relógios Cartier, desceram 0,6%, para 77 francos suíços, em Zurique, e as da Swatch derraparam 0,6%, para 355.70 francos.
O sector de luxo enfrentava já o seu ano mais fraco desde 2009, em resultado da turbulência sentida no mercado de ações e repressão do governo chinês face aos gastos extravagantes. As vendas de artigos, como vestuário e calçado de marca, aumentaram apenas 1%, fixando-se em 253 mil milhões de euros em 2015, excluindo o efeito das oscilações cambiais, referiu Bain & Co. no mês passado. Estes resultados traduzem-se no pior ano desde que as vendas caíram 11% no ano subsequente ao colapso do Lehman Brothers.
O grupo Kering, que detém a marca Gucci, entre outras, reabriu as suas lojas de Paris na segunda-feira, depois do encerramento ocorrido no fim de semana. «Este ataque terrorista poderá afetar a procura de Paris como destino turístico», alerta Xu Xiaolei, diretor de marca da agência de turismo on-line Aoyou.com. «Poderá ter um grande impacto» sobre a cidade, acredita.