Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Evandro Monteiro/Valor / Evandro Monteiro/Valor
Rodrigo Rosner, que produz trajes a partir de R$ 5 mil: "Não é verdadeiro o mito de que a roupa de ateliê é cara e o vestido alugado sai barato"

A moda festa transformou-se em atrativo mercado, fato comprovado pela abertura de novos ateliês, pelo ingresso de marcas nas semanas de moda e o crescimento do número de lojas que colocam vestidos de festas em seu mix de produtos.

Com experiência de quatro anos de criação em ateliê, Rodrigo Rosner está pronto para dar importante salto em sua carreira de designer. Em janeiro ele estreia no São Paulo Fashion Week com desfile de moda festa. Rosner vem também da experiência de sete edições de desfiles realizados na Casa de Criadores.

Participar do SPFW é, em síntese, expor a criação e a marca à mídia, à crítica e ao mercado, bem como cumprir uma série de requisitos, com os quais o jovem criador está em dia. Formado em Administração de Empresas e com moda em seu DNA - os pais eram donos da marca Atelier Parisiense -, ele acaba de transferir seu estúdio para a Rua Minas Gerais, em espaço especialmente formatado. Fará também venda de camisetas bastante elaboradas, ao preço unitário de R$ 600, pela internet, usando o programa em 3D desenvolvido pela Artemoda em parceria com um estúdio de Barcelona.

Rosner, que conta com uma equipe enxuta no ateliê, fixa em dez o número mensal de vestidos produzidos, com valores a partir de R$ 5 mil. "Não é verdadeiro o mito de que a roupa de ateliê é cara e o vestido alugado sai barato", afirma, completando que o modelo sob medida "tem a qualidade, a exclusividade e a perfeição que outro sistema não tem como oferecer". No caso de sua marca, um vestido de tule de seda - a quase R$ 100 o metro - pode levar até 150 metros de tecido em suas muitas camadas cortadas no viés. "Além disso, pode ser bordado com pedras brasileiras", o que faz a diferença na estética e no valor.

É crescente a concorrência por parte de novos estilistas, das lojas multimarcas e das redes de varejo

Em sua produção, ele usa tecidos de seda nacionais e renda francesa. Para o desfile do SPFW fez contato com a marca Preciosa de cristais checos, que patrocina seus bordados. "Todo investimento visa não o aumento da produção, mas a qualidade do atendimento."

Para Esther Bauman, trabalhar com moda festa coincidiu com uma guinada nos negócios de sua marca, a Acqua Studio. Há 25 anos no mercado, a empresa tem histórico de moda contemporânea com amplo mix de produtos idealizado para atender a mulher em diferentes momentos, inclusive nas ocasiões de festa. "Mas isso supunha trabalhar com diferentes designers e competir com muitas outras marcas", assinala Esther Bauman que, em 2008 optou por adotar nova fórmula para sobreviver aos efeitos da crise mundial. "Fechei as lojas e concentrei as atividades nas instalações próprias da Barra Funda, colocando o foco nos vestidos de festa."

A empresa trabalha tanto com a produção e comercialização da roupa por pronta-entrega e sob medida. "Semanalmente, produzimos a média de três vestidos de noiva, mas chegamos a fazer cinco. No mês, vendemos de 15 a 20 desses vestidos, a preços que vão de R$ 8 mil a R$ 10 mil". No segmento de moda festa propriamente, os preços vão de R$ 1.500 a R$ 3.000.

Patrícia Granha Bourgeaiseau, por sua vez, abriu há quase dois anos o seu Jardim Secreto, ateliê de moda festa e noivas, escolhendo como local uma vila de casas em Pinheiros. "O ambiente é intimista para ressaltar a exclusividade da criação", destaca a estilista.

Na visão da designer, a fórmula adotada contribui para o êxito do negócio. "Da abertura do espaço até hoje, o faturamento cresceu 76%, ao passo que do segundo semestre de 2010 ao mesmo período de 2011 houve aumento de 56% nas vendas". E a perspectiva continua sendo de crescimento.

O comportamento do mercado, somado às iniciativas da empresa, como ações realizadas em blogs direcionados e o início de pronta-entrega para vestidos de festa e lançamento de calçados para o segmento são ações que farão o faturamento crescer, ao menos, 50% em 2012, segundo a previsão da estilista. "Quero dobrar as vendas da linha festa, que hoje responde por 30% do negócio, enquanto o serviço para noivas corresponde a 70%", afirma.

Catarina Park afirma que o glamour é essencial na moda e principalmente na moda festa. "Mas quem entra nesse campo deve estar preparado para desafios". Lançada em 1989, a empresa surgiu com o nome de Cloé. Quase 20 anos, porém, após embate judicial, a empresária deixou de lado esse nome, devido à semelhança ao da grife francesa Chloé. "Buscamos outros, mas estavam todos registrados." Todos, menos o da proprietária. "A sonoridade e a proximidade da proposta de moda com as clientes ajudou na fácil assimilação".

O movimento das seis lojas Catarina Park é o que rege a produção da empresa, que varia de 500 a mil vestidos ao mês. O modelo mais simples, cujo custo é de R$ 150, sai por R$ 300 no ponto de venda. O mais complexo, bordado e feito de seda pura, pode sair por R$ 3 mil para a consumidora.

Segundo a empresária, é crescente a concorrência por parte de novos estilistas, das lojas multimarcas bem como das redes de varejo que têm introduzido modelos para festa em suas lojas. Motivos como esses levaram a empresária a quase desistir do sonho. "Pensei em mudar de segmento e produzir a modinha para o dia-a-dia", confessa, de olho no êxito alcançado por amigas empresárias em seus negócios. "Mas o segmento da moda festa merece ser bem trabalhado, pois há uma demanda reprimida no mercado", observa, completando que está em seus planos agregar novos segmentos de roupa à marca Catharina Park. Para isso, ela aguarda o retorno da filha Stephanie Park de Nova York, que faz uma especialização em estilo e marketing na escola de moda Parsons. "As mudanças que aconteceram nos últimos três anos se devem a ela, e devem continuar."

Fonte:|http://www.valor.com.br/impresso/empresas/atelies-veem-moda-festa-c...

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