Nos primeiros seis meses do ano houve um aumento de insolvências nas indústrias portuguesas do têxtil e do calçado, devido às altas taxas de juro, inflação, dificuldade em adquirir matérias-primas e concorrência dita “desleal” das empresas chinesas, informa o Jornal de Notícias (JN). Surpreendentemente, e pela primeira vez, algumas empresas que apostam no mercado nacional mais do que na exportação estão a resistir melhor à crise.
De acordo com dados da Direção-Geral das Políticas de Justiça (DGPJ), até junho de 2024, a percentagem de insolvências decretadas aumentou 9,3%, para 1054, relativamente ao período homólogo, apresentando o setores do têxtil e moda mais 110 falências decretadas (mais 178%), a confeção de vestuário exterior com mais 31 (um aumento de 78%) e o fabrico de calçado com mais 58 (um crescimento de 414%), confirma ainda o JN com base no barómetro da D&B que aponta os concelhos de Felgueiras e Guimarães como aqueles onde se sente um peso mais agravado de insolvências.
“O têxtil até cresceu em número de clientes, o problema é que fazem encomendas mais pequenas”, explica Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal e da Euratex - Confederação Têxtil Europeia. “É um problema global, estamos a viver um período com duas guerras, uma na Europa e outra às portas”.
Jorge Machado justifica as taxas de juro em alta e a inflação como causa da redução das encomendas, acrescentando que a União Europeia (UE) baixou as importações em 17% e Portugal diminuiu as vendas em 5%. "Ou seja, nós até aumentamos a nossa quota de mercado”, afirma reconhecendo que sem a UE a crescer, “e principalmente a Alemanha”, Portugal não pode fazer melhor.
Já César Araújo, presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e de Confeção (ANIVEC), recorda que as empresas de vestuário e moda “durante a pandemia tiveram de se endividar para evitar despedimentos e manter a paz social”, apontando o dedo ao aumento do custo das matérias-primas e à inflação.
“O aumento dos preços dos bens de primeira necessidade, nomeadamente os alimentares, faz mudar as prioridades das pessoas. Para comprar comida não compra o casaco ou compra um de menor qualidade, diretamente da China, sem pagar impostos.”
Para César Araújo como para Jorge Machado, a “concorrência desleal” das empresas chinesas é outro problema que a UE tem de atacar, “sob pena de acabar com todo o setor industrial europeu”, destacam.
“A ultra fast fashion entra na Europa através de marcas chinesas como a Temu, sem pagar qualquer imposto e não tendo de cumprir com nenhuma das regras a que nós somos obrigados”, sublinha o presidente da ANIVEC.
A respeito do calçado, que exporta 90% da sua produção, pela primeira vez, empresas viradas para o mercado nacional estão a resistir melhor à adversidade, frisa ainda o JN lembrando que o abrandamento dos mercados internacionais arrasta o setor para uma crise (queda de 8,2% das exportações) classificada como a mais severa dos últimos 30 anos.
A Associação Portuguesa Indústria do Calçado Componentes Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) explica que, no último trimestre de 2023, 30% das empresas só tinham encomendas para assegurar um mês de trabalho. A situação melhorou no primeiro trimestre de 2024, baixando para os 15%. Porém, com as empresas paradas nas zonas de Felgueiras, Guimarães e São João da Madeira, durante o verão, a produção é nula quando devia estar em alta, conclui a APICCAPS.
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