Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A atividade já tem sofrido o impacto de outros fatores, como as cargas tributária e trabalhista

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No Ceará, por exemplo, a indústria têxtil registrou redução de 20,9% nas vendas em 2013, ajudando a motivar o saldo negativo na balança comercial do Estado (US$ 1,9 bilhão)
FOTO: KID JÚNIOR

A indústria têxtil cearense vem enfrentando, cada vez mais, dificuldades em comercializar seus produtos, sobretudo para o exterior. Além de problemas normalmente comuns ao setor, como as altas cargas tributária e trabalhista, as empresas já visualizam mais gastos, puxados pelo aumento na conta de luz, a ser definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e que passará a vigorar a partir do próximo dia 22.

No Ceará, por exemplo, a indústria têxtil registrou redução de 20,9% nas vendas em 2013, ajudando a motivar o saldo negativo na balança comercial do Estado (US$ 1,9 bilhão). O índice foi divulgado pelo estudo Ceará em Comex, do Centro Internacional de Negócios da Federação (CIN) das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

"Não só aqui, mas no Brasil, a indústria têxtil está passando por uma crise muito séria. Está difícil comercializar até em território nacional, ainda mais para concorrer fora do País", afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Ceará (Sinditêxtil-CE), Germano Maia.

Entre os principais problemas vividos pelo setor, ele cita as altas cargas tributária e trabalhista, além de uma tarifa de energia elétrica muito cara, fazendo com que os produtos cheguem mais caro ao consumidor final. O valor baixo do dólar, cotado a R$ 2,22 (até ontem), é outro agravante apontado.

Ainda no contexto das exportações, o presidente do Sinditêxtil-CE lembra que os Estados Unidos eram um importante comprador de insumos da indústria têxtil cearense, relação econômica que não existe mais.

Atualmente, explica Maia, o principal fornecedor de matéria-prima para os norte-americanos é a China, que consegue vender os produtos a preços bem mais baixos. O Ceará, assim como o Brasil, também perdeu espaço para outros países asiáticos, como Bangladesh e Vietnã.

"A gente não consegue competir, a concorrência com esses países é desleal. Isso tem levado ao fechamento de diversas fábricas no Estado, isso sem falar na demissão de trabalhadores para reduzir os custos das empresas, principalmente nas de médio e grande porte, que são cerca de 100. A indústria têxtil está tentando sobreviver, mas não temos incentivos por parte do governo federal, diferentemente de outros mercados", lamenta Germano Maia.

Energia elétrica

A Companhia Energética do Ceará (Coelce) pleiteou à Aneel um aumento médio de 13,83% na conta de luz dos cearenses, considerado abusivo por diferentes setores da sociedade, como já noticiou o Diário do Nordeste, na edição do último dia 8.

Os gastos das fábricas com energia elétrica já são muito altos, informa o conselheiro da Santana Textiles, Laércio Rossi. Só ficam atrás das despesas com matéria-prima e folha de pagamento dos funcionários.

"Com certeza, os gastos das empresas vão aumentar bastante, principalmente, no que se refere à fiação, que consome mais energia que a tecelagem. Isso deveria encarecer o preço dos produtos na ponta, mas, infelizmente, não conseguimos repassar esse reajuste. São muitas mercadorias de fora entrando no País, oficialmente ou não. Estamos sujeitos a essas contingências, nos sacrificando mais e lucrando menos", afirma.

Devolução

Rossi destaca que a Medida Provisória (MP) nº 579, do governo, que trata da renovação das concessões de energia elétrica e estabelece a redução do valor das tarifas. A MP, que passou a vigorar em setembro de 2012, também diminuiu a conta de luz nas indústrias. "Agora, vamos devolver o que economizamos", fala o conselheiro. Para ele, o setor ainda não consegue ver nenhuma perspectiva de mudança.

Aneel vota hoje o reajuste tarifário da Coelce de 2014

A Agência Nacional e Energia Elétrica (Aneel) divulga nesta terça-feira o reajuste tarifário anual da Companhia energética do Ceará (Coelce). Conforme o Diário do Nordeste antecipou com exclusividade na edição da última-terça-feira, 8, a empresa pleiteia aumento de 13,83% na tarifas por ela praticadas. Entretanto, a aprovação do índice não depende só da proposta da concessionária. Esta subsidia apenas a tomada de decisão, visto que, na verdade, o resultado é baseado na avaliação da Área de Regulação Econômica da Aneel, que fiscaliza as concessionárias e acompanha os desempenhos.

A votação do reajuste da Coelce e de mais outras cinco distribuidoras que operam no País - Energisa Sergipe, Cosern, Coelba, AES Sul e Uhenpal - estava prevista para começar às 9h, entretanto, no fim da tarde de ontem foi adiada para 11h. Outra alteração foi a retirada da pauta da votação do reajuste tarifário da Enersul. Os processos de reajuste das tarifas, assim como outros itens, fazem parte das discussões da 12ª Reunião Ordinária de Diretoria da Aneel, que acontece no edifício-sede do órgão regulador, em Brasília.

Com a exclusão do processo da Enersul da pauta da reunião, o índice da Coelce para a ser o primeiro na ordem de votação. O relator do processo é o diretor Reine Barros dos Santos. O reajuste aprovado hoje passa a vigorar a partir do dia 2 de abril.

Quando da divulgação do pleito da Coelce, o índice solicitado recebeu diversas críticas, sobretudo por estar em patamar superior à inflação, medida pelo IGP-M, acumulada nos 12 meses anteriores, que foi de 5,97%. "O que a Coelce está pedindo representa quase oito pontos percentuais a mais, o que não se justifica", argumentou, à época, o presidente do Conselho de Consumidores da Coelce, Erildo Pontes. Outro fator que poderia contribuir para um reajuste menor, avaliou ainda, seria o saldo de R$ 300 milhões a favor do consumidor, referente à última revisão tarifária, em 2012, mas aplicada somente no ano passado, que ficou para ser compensado no reajuste desse ano.

O reajuste anual é um dos três mecanismos de atualização das tarifas previstos nos contratos celebrados entre as distribuidoras de energia e a União, com o objetivo de manter o equilíbrio econômico-financeiro da concessão do serviço. Os outros dois são as revisões tanto periódicas como extraordinárias.

Raone Saraiva
Repórter

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