Australianos fazem pigmentos a partir de vestuário usado

[Romildo de Paula Leite]

A tecnologia desfaz o vestuário descartado em partículas finas que podem ser usadas como pigmentos no tingimento e estamparia de novos têxteis, mas também como matéria-prima para artistas.

[©ABC News-Rachel Clayton]

A investigação foi realizada por uma equipa de investigadores do ARC Research Hub for Future Fibers do Institute for Frontier Materials da Universidade de Deakin, que procura encontrar formas de desviar resíduos têxteis coloridos dos aterros e encontrar alternativas à reutilização de têxteis.

Rangam Rajkhowa, professor associado e investigador principal, indica, em comunicado, que cerca de 800.000 toneladas de resíduos têxteis acabam em aterros na Austrália todos os anos. Este novo processo de extração de pigmentos poderá proporcionar novas formas de reutilizar vestuário e outros têxteis descartados e contribuir para a economia circular.

«Descobrimos que as partículas produzidas a partir de resíduos têxteis separados por cor podem ser utilizadas para diversas aplicações. Isso inclui pigmentos para estampar ou tingir têxteis, que também podem ser usados ​​para criar arte», afirma Rangam Rajkhowa. «A nossa abordagem simples mas poderosa poderá responder aos enormes desafios da reciclagem de têxteis devido à complexidade das diferentes cores, fibras e misturas», acrescenta.

O projeto usou resíduos têxteis provenientes do parceiro industrial Textile Recyclers Australia – que recebe vestuário e têxteis descartados de famílias, retalhistas e indústria. A equipa de investigação do Institute for Frontier Materials triturou os materiais para produzir um pó fino, tendo sido produzidos pigmentos em cores primárias, preto e ocre.

Estes pigmentos foram usados por artistas indígenas, com os trabalhos a serem posteriormente mostrados na exposição Perpetual Pigments, que contou também com tecidos serigrafados que usaram o mesmo tipo de pigmentos.

«Queríamos explorar o que é possível. É fantástico que estes pigmentos reciclados possam ser usados ​​e testados», explica Russell Kennedy, cocurador da exposição. «Esperamos que este seja o primeiro passo no desenvolvimento de novas formas de dar aos resíduos têxteis uma bela segunda vida», conclui.

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