Salto alto, maquiagem, tecidos criativamente trabalhados para modelos impecáveis: tudo o que qualquer desfile fashion de respeito requer. Além de não deixar a desejar em nenhum desses quesitos, a Avenue Fashion Show, promovida por quatro estilistas brasileiros, conseguiu oferecer tudo isso e muito mais no último dia 1o de outubro, no Punch Bowl, em Brookline/MA.

Contrariando quem pensa que os profissionais que se dedicam às passarelas – tanto nos bastidores quanto diante dos holofotes – não se importam com questões sociais, os produtores do Avenue Fashion Show dedicaram o valor arrecadado com a ação ao American Cancer Society. Com iniciativa do designer e professor de moda Nilton Rodrigues, as designers Samirah, da Street Wear; Silvana Rosa, do Silvana Atelier; e Iona Klais, da IK Eco Jewelry, foram as demais organizadoras do desfile, levando à plateia os produtos confeccionados em seus ateliês especialmente para o evento.

Um dos momentos mais elogiados foi o desfile da noiva, com vestido assinado por Nilton Rodrigues. O modelo foi inspirado no Outubro Rosa, campanha realizada em boa parte do mundo para promover o combate ao câncer de mama. Para o designer, além de ser uma questão de arte, a moda jamais pode deixar de contemplar a questão social.

“Para mim, a ideia de fazer a Fashion Show sempre foi para que tivéssemos, literalmente, um show de moda, com pessoas interagindo e se divertindo. Entretanto, sempre acreditei que podemos fazer isso, sem abrir mão de colocar a moda a serviço do próximo. Se pararmos para refletir, chegaremos à conclusão de que somos privilegiados, pois, enquanto estamos aqui, há pessoas no hospital morrendo, que dariam tudo para estar em nosso lugar. Por isso mesmo, precisamos aproveitar ao máximo cada um desses momentos que a vida nos proporciona, sem nos esquecer que a felicidade pessoal não exclui o exercício da caridade para com o outro”, ressaltou o estilista.

Perguntado, ainda, sobre quais os desafios atuais da profissão, principalmente para quem vem do Brasil e tenta se estabelecer no mercado da moda, Rodrigues esclarece que a China, grande gigante do mercado on line, tem se mostrado o maior dos opositores ao trabalho do artesão, devido a oferta de produtos com valor de mercado bem abaixo dos que são praticados por quem não fabrica na mesma escala, utilizando-se da mão de obra barata de que o país dispõe. “Tudo o que vem on line já foi feito em três mil peças, e isso muitas vezes baseado em uma mão de obra que provavelmente é escrava ou semiescrava. É nesse ponto que muitos de nós encaramos a dura realidade de, após estudar em uma faculdade, qualificando-se para um trabalho feito com exclusividade, lidar com comparações de produtos que não são fabricados nas mesmas condições.”

Contudo, se a relação preço e condições de produção pode gerar uma competitividade de preços considerados desleais, por outro, a demanda de clientes brasileiros que aqui residem e costumam fidelizar-se aos seus fornecedores talvez seja a grande vantagem do mercado, conforme explica a estilista Silvana Rosa: “Eu mesma tenho muito a agradecer à minha clientela, pois ela é a maior divulgadora do meu trabalho, já que a propaganda ‘boca a boca’ que o brasileiro faz tão bem sempre dá muito certo. Para quem vem de fora e tem o sonho de se estabelecer aqui em nosso ramo, o segredo é dedicação e persistência, como em todas as demais áreas.”

Em clima de missão cumprida, os organizadores comemoraram o feito, afirmando que a Avenue 2023 ampliará o número de apresentações, com a inclusão de mais alunos e profissionais da área que já estão colocando a criatividade em campo para o próximo ano.

Fotos: Rafael Ribeiro / Pixels Studio

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